A Catedral de Notre-Dame de Paris — em português, Catedral de Nossa Senhora de Paris — é uma das maiores catedrais góticas do mundo.
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Fica localizada na Île de la Cité, um dos bairros mais antigos da capital francesa, cercada pelas águas do Rio Sena. Marco zero da cidade, é parada obrigatória para os visitantes.
É que a construção que encanta os amantes da arquitetura também foi palco de vários acontecimentos históricos, tornando-se um dos principais pontos turísticos da França.
Em 2019, um grave incêndio destruiu parte da Catedral de Notre-Dame de Paris. Desde então, ela passa por um processo de restauração, com previsão de ser reinaugurada em dezembro de 2024.
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História da Catedral de Notre-Dame de Paris
O ponto onde está localizada a Catedral de Notre-Dame de Paris, muitos antes de ela ser construída, foi dedicado ao culto religioso de diferentes povos.
De acordo com historiadores, os celtas teriam celebrado as suas cerimônias religiosas no local. Mais tarde, os romanos teriam construído um templo para cultuar o deus Júpiter.
Já a relação com o cristianismo começa com a construção da Basílica de Saint-Etienne, projetada em 528 d.C. pelo rei Quildeberto I. Depois, ela foi substituída por uma igreja românica, que se manteve até 1163.
Foi nesse período que começou o processo de construção que deu origem à Catedral de Notre-Dame de Paris.
Maurice de Sully, bispo de Paris na época, mandou demolir a igreja, por considerá-la pouco digna dos novos valores sociais.
Em busca de prestígio, surgiu o desejo pelo gótico inicial, com inovações técnicas que permitiam construir novas formas.
O projeto teve apoio do rei Luís VII e foi bem aceito por todas as classes sociais da época, interessadas na criação desse novo símbolo de poder.
Isso permitiu que, apesar da grandeza da iniciativa, a obra seguisse sem interrupções ou dificuldades financeiras ao longo do tempo.
Considerando as modificações, a construção só terminou em meados do século 14. E a participação de diversos arquitetos explica as diferenças estilísticas da Catedral de Notre-Dame de Paris.
Durante a sua história, ela foi marcada por acontecimentos importantes, como a beatificação de Joana D’Arc, a coroação de Napoleão Bonaparte e a coroação de Henrique VI, Rei da Inglaterra.
Características arquitetônicas da Catedral de Notre-Dame de Paris
Como vimos, a opção pela arquitetura gótica está ligada às aspirações da sociedade francesa com a construção da Catedral de Notre-Dame de Paris.
Diante da prosperidade e do domínio crescentes da cidade, o edifício deveria refletir essa ascensão e poder. Nesse sentido, o estilo escolhido trouxe inovações importantes.
Uma delas foi a substituição das paredes grossas usadas nas igrejas românicas por grandes colunas e arcos feitos para sustentar o peso dos telhados.
Isso faz os edifícios góticos terem uma aparência mais leve, se comparados aos estilos arquitetônicos que vieram antes.
A Catedral de Notre-Dame de Paris ainda explora as amplas janelas e os vitrais coloridos que não apenas cumprem um papel decorativo, como também filtram a luz natural.
Dessa forma, a arquitetura gótica cria uma atmosfera mística no interior das construções.
Por fim, a planta do edifício conta com um formato de cruz romana orientada a ocidente, que não é perceptível do exterior.
Fachada principal
Também chamada de fachada ocidental, esta é a mais popular e monumental das fachadas da Catedral de Notre-Dame de Paris.
Tem a característica de interligar todos os elementos presentes, além de integrar as esculturas em locais já definidos. O objetivo era evitar o crescimento espontâneo e aleatório que costumava acontecer no românico.
Foi construída de forma racional, com traçados coerentes, resultando em um conjunto proporcional, com elementos essenciais.
Ao observar a fachada, é possível identificar com facilidade os seus três níveis horizontais e as suas três zonas verticais, divididas pelos contrafortes que unem os pisos inferiores e fortalecem os cunhais das duas torres.
No nível inferior, estão três portais construídos em épocas diferentes:
- portal de Sant Ana;
- portal da Virgem;
- portal do Julgamento.
No nível intermediário, está uma rosácea de 13 m de diâmetro no centro, entre os contrafortes. E, na coluna das torres, janelas gêmeas contribuem para a iluminação.
Há ainda o nível superior, com duas torres de 69 m de altura, que são herança da influência normanda do século 12.
Fachadas do transepto
Os braços do transepto tiveram que ser prolongados depois da construção das capelas exteriores.
Esse processo começou ao norte, com um traçado característico do gótico alto, conduzido pelo arquiteto Jean de Chelles.
O frontão cresce ao segundo nível, sobrepondo-se à fileira de janelas posicionadas em um plano recolhido. A rosácea também aparece num nível recolhido, sobreposta por uma balaustrada fina.
O tímpano conta com um registro típico do gótico, em três bandas, representando o gosto pela festividade. Já na banda inferior, há cenas do menino Jesus.
No portal, uma estátua de uma Madona, sobrevivente da Revolução Francesa, mostra a sofisticação da escultura gótica.
A fachada do transepto sul foi assumida por Montreuil devido à morte de Chelles. Embora tenha havido uma individualização do trabalho do artista, ele seguiu de forma relativamente fiel os traçados de seu antecessor.
Interior
No interior das catedrais, a arquitetura gótica reforça a ligação da terra e do céu. Essa ideia da ascensão se expressa pela verticalidade das paredes, que se erguem com leveza.
Com 127 m de comprimento, 48 m de largura e 35 m de altura, a Catedral de Notre-Dame de Paris conta com abóbadas que contribuem para uma atmosfera monumental.
As colunas maciças de fuste liso da nave acentuam ainda mais a verticalidade, dividindo-se em arcadas altas para as alas laterais.
A vivacidade e a grandiosidade da decoração esculpida chama a atenção de quem visita. Algumas são originais, e outras, do projeto de restauração feito no século 21.
Há ainda belas rosáceas nos transeptos, relíquias do século 13 que impactam a iluminação interna. As pinturas das capelas também mostram a força da arte religiosa que marcou os séculos 17 e 18.
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Catedral de Notre-Dame de Paris na cultura
Em 1831, o escritor francês Victor Hugo escreveu a obra O Corcunda de Notre-Dame, que se tornou um dos clássicos do romantismo.
Trata-se de um romance histórico, escrito para o público adulto com objetivo de conscientizar as pessoas para a necessidade de se conservar a Catedral de Notre-Dame de Paris.
Isso porque, na época, a construção sofria as consequências do abandono.
A história se passa na Idade Média e mostra os contrastes entre a nobreza e os renegados pela sociedade francesa.
Tudo acontece no interior ou no entorno da Catedral de Notre-Dame de Paris.
O romance gira em torno do personagem Quasímodo, um homem com notáveis deformações físicas, abandonado quando criança e acolhido por Claude Frollo, arcebispo da catedral.
Quasímodo se apaixona pela bela cigana Esmeralda e enfrenta diversas aventuras por conta desse amor não correspondido.
Diante do sucesso da obra, a história do Corcunda da Notre-Dame foi adaptada para cinema, ópera e desenho animado.
Destruição pelas chamas no incêndio de 2019
Em 15 de abril de 2019, a Catedral de Notre-Dame de Paris foi atingida por um incêndio que durou horas. As chamas foram fortes a ponto de fazer a torre central e o teto desabarem.
Quando o incidente aconteceu, o edifício estava passando por obras de renovação, que podem estar relacionadas com o fogo.
Ao mesmo tempo, isso ajudou a poupar algumas estátuas de bronze e outras peças de arte que haviam sido retiradas do local para restauração. Ainda assim, os danos foram extensos, tanto para a estrutura quanto para os artefatos.
Não apenas os cidadãos franceses ficaram comovidos. Por se tratar de uma obra-prima da arquitetura, pessoas do mundo inteiro se entristeceram ao ver o fogo consumir a catedral.
Tanto é que, após um pedido de ajuda do presidente Emmanuel Macron, um dia depois do incêndio, quase 600 milhões de euros foram doados para a reconstrução do local.
Reforma e reabertura da Catedral de Notre-Dame de Paris
Desde 2019, a Catedral de Notre-Dame de Paris está fechada para visitação. Apenas a fachada externa pode ser apreciada a partir das margens do Rio Sena ou dos passeios de barco pela Île de la Cité.
Antes do incêndio, um dos principais programas dos turistas que visitavam Paris era conhecê-la. Cerca de 13 milhões de pessoas passavam por lá todos os anos.
A reforma deve ser concluída em 8 de dezembro de 2024. Para restaurar colunas, estátuas, portões de ferro e outras partes danificadas, 500 profissionais trabalham no local diariamente.
E a estimativa é de um custo que ultrapassa meio bilhão de euros.
Agora, portanto, a expectativa é de que a reforma seja concluída com sucesso, para que amantes de arquitetura e história possam voltar a visitar esse monumento tão valioso.
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