Cada dia mais, busca-se equilíbrio entre o construído e o meio ambiente. Preservar a natureza em toda sua extensão é uma maneira de manter o mundo habitável e renovado. Nesse contexto, a bioarquitetura vem ganhando adeptos no ramo da construção.
Com o discurso sustentável, ela revela maneiras de utilizar a matéria-prima de forma mais consciente e responsável.
E mais ainda: possibilita edificações orgânicas, com moldes ousados e criativos. E, para quem prefere manter traços ortogonais, também é possível utilizar da bioarquitetura em seus projetos.
Continue a leitura e descubra mais sobre a bioarquitetura e ouse na hora de projetar!
Quais são os princípios fundamentais da bioarquitetura?
A bioarquitetura tem em sua essência alguns princípios que norteiam sua prática. Dentre eles, o respeito pelo ecossistema com toda sua forma de vida e busca por projetos sustentáveis, ecológicos e funcionais.
O objetivo da bioarquitetura é dar organicidade, fluidez e vida às edificações. Sempre valorizando a forma humana e sua integração aos elementos naturais.
Com tudo isso, a bioarquitetura é uma alternativa para reduzir o impacto ambiental causado no mundo. Seja pelos resíduos advindos das construções, mas também pelo uso irresponsável da matéria-prima.
Por exemplo, há problemas importantes que podem ser amenizados, como a poluição do ar, água e solo, o aquecimento global, a perda da biodiversidade, entre outros.
Algumas medidas para realizar essa redução são: aproveitamento de recursos existentes no local para construção, desperdício mínimo de material e gerenciamento dos resíduos, projetar a partir do conforto térmico, acústico e lumínico da região.
Além disso, o conjunto de técnicas utilizados na bioarquitetura possibilita construções com desenho orgânico, fora do padrão simétrico da construção civil. Tudo isso sem perder espaço, conforto e beleza.
Qual a principal diferença entre bioarquitetura e arquitetura convencional?
A arquitetura é composta de vários elementos, desde a criação do projeto e escolhas de materiais até sua construção, e claro, sua finalização. Por isso, a arquitetura convencional se difere muito no fazer arquitetônico da bioarquitetura.
Isso porque a bioarquitetura busca adequar a construção ao meio, através de conexões com a natureza e sua preservação.
Uma diferença fundamental é a escolha por materiais presentes no local do projeto, fazendo valer o uso da arquitetura vernacular. Outra distinção é a escolha de uma arquitetura que converse com aquela região. Além disso, as técnicas construtivas são específicas para cada situação.
Outro ponto é a sustentabilidade, que na maioria das vezes não é uma prioridade nos projetos de arquitetura padrão. Já na bioarquitetura, esse conceito com suas técnicas e materiais, é essencial na concepção projetual e bom funcionamento da edificação.
E tem mais: é perceptível a divergência no desenho das edificações dessas duas arquiteturas. A organicidade é muito usada na bioarquitetura, por se aproximar dos elementos naturais.
Já em relação aos custos de obra, na bioarquitetura esse fator pode variar a depender das decisões tomadas pelos profissionais. Algumas diretrizes podem aumentar o valor da obra, outras podem apresentar reduções no orçamento.
Quais os materiais e técnicas construtivas da bioarquitetura?
A bioarquitetura busca materiais e técnicas construtivas que respeitam a vida e a natureza. Por isso, os materiais naturais são utilizados em suas construções. De preferência, aqueles que podem ser obtidos no próprio local da obra.
Os materiais mais comuns usados são: terra, pedra, areia, argila, madeiras advindas de reflorestamento com certificação, bambu, palhas, materiais reciclados etc. Ou seja, existe a intenção de produzir uma arquitetura que gere menos impacto ao meio ambiente.
Há também as técnicas construtivas que utilizam a matéria-prima de forma consciente. Percebe-se na bioarquitetura a simplicidade que envolve tais técnicas. Algumas são milenares ou foram adaptadas com a inovação tecnológica.
Na bioconstrução são utilizados os materiais naturais, prezando pela sustentabilidade do planeta. E a bioarquitetura emprega suas técnicas para dar uma nova forma na edificação. Veja a seguir algumas delas:
- Adobe: tijolo feito de barro e palha, moldado e seco ao sol.
- Superadobe: técnica com sacos de terra comprimida; geralmente utiliza-se terra do próprio local. Permite usar formas sinuosas com facilidade.
- COB: consiste em misturar argila, areia, palha e água, possibilitando um material maleável, durável e ecológico.
- Taipa de pilão: construção com terra socada através de um pilão em uma forma feita com madeira. Devido à sua rusticidade, arquitetos adeptos da técnica acrescentam uma parede de destaque no ambiente.
- Solocimento: é um tipo de técnica que não faz a queima como o tijolo tradicional na sua produção, emitindo menos gás carbônico. São feitos com areia, argila e cimento.
Não basta somente empregá-los, é preciso pensar no projeto como organismo vivo, e estudar o terreno para alocar da melhor forma a edificação. Dessa forma, pode-se aproveitar uma melhor ventilação, iluminação natural.
A vantagem de usar os materiais naturais e técnicas para construção compatíveis com o meio ambiente reflete na preservação do mesmo. Deve-se lembrar que a matéria-prima renovável está de acordo com os princípios da bioarquitetura.
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Onde cursar bioarquitetura?
Para quem busca se aprofundar mais na bioarquitetura e tê-la como aliada em seus projetos, no Brasil, existem alguns cursos com selos de certificação ambiental.
Há, também, algumas especializações voltadas à bioarquitetura em instituições de ensino. Esses cursos buscam valorizar o projeto a partir do seu conforto térmico, a arquitetura vernacular e sistema construtivo sustentável.
Uma dica para um aprendizado mais prático e interativo são os grupos que disponibilizam oficinas e workshops sobre materiais e técnicas construtivas da bioarquitetura.
Um exemplo são as comunidades que usam bioconstrução nas suas casas e realizam eventos para transmitir seu conhecimento e sensibilizar mais pessoas para uma vida próxima com o meio natural.
Javier Senosiain: arquiteto excêntrico e talentoso, sem limites para a criatividade com a bioarquitetura
Em meio à natureza, repleta de formas orgânicas e de cores diversas, a casa Nautilus, do arquiteto Javier Senosiain, demonstra toda a irreverência de seu trabalho. O mexicano, além de excêntrico, é talentoso e não tem limites para a criatividade com a bioarquitetura.
Vários projetos estão disponíveis no site do arquiteto, chamado "Arquitetura Orgánica", e demonstram algumas semelhanças com traços do eterno Gaudí. Se você reparar na arquitetura da casa Nautilus, vai ver que tudo que é orgânico ganha evidência no projeto.
Na entrada, uma porta que se mistura com um portal de vitral colorido preenche de luz e cor a primeira impressão que se tem do interior. Com muitas folhagens e uma confortável sala de estar à entrada, a casa recebe os convidados com alegria.
Seguindo pelos divertidos caminhos propostos pelo arquiteto, você chega à copa. A parede se mistura aos móveis e as formas se confundem. Tudo está interligado.
O formato caracol foi criado para dar a ideia de continuidade e o arquiteto buscou relacionar os formatos e todo o projeto com o mesmo conceito orgânico de vida contínua.
Na imagem abaixo, você pode observar a vista da porta de entrada, que mais parece uma casa cinematográfica. Que personagem moraria aqui?
Um espaço especial garante o conforto na hora de se divertir. Veja abaixo a sala de TV, ideal para assistir a filmes e relaxar. Ela é circular e tem os sofás tipo chaise, para deitar e curtir à vontade. A iluminação natural é bem utilizada em toda a casa.
O quarto fica no piso superior, garantindo a privacidade dos moradores. Todos os ambientes permitem aconchego através de formas orgânicas e lúdicas.
Para o banheiro, formas e elementos de mosaico criam na bancada da pia e espelho um cenário inesperado, com delicadeza e ousadia. Além disso, toda organicidade e iluminação natural são preservadas nesse ambiente único.
Totalmente integrada à natureza, a casa, que mais parece uma concha, parece pequena de fora, mas surpreende pelo espaço interno. Ela é quase como um caracol e vai se desdobrando à medida em que os ambientes vão aparecendo no lúdico caminho proposto pelo projeto de Javier.
O objetivo do arquiteto é incentivar a produção de casas em harmonia com a natureza.
Assim como Javier, outros profissionais de arquitetura buscam na bioarquitetura uma maior conexão com os elementos da natureza. Além da integração entre meio ambiente e as pessoas, eles também valorizam a qualidade de vida e sustentabilidade.
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