A Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 já tem data marcada: entre 20 de maio e 26 de novembro. Esse é um dos maiores eventos de design e arquitetura e, por isso, vale a pena ficar de olho.
Originalmente chamada de La Biennale di Venezia Architettura, ela vai acontecer em espaços da cidade italiana como Giardini, Arsenale.
Este ano, o tema é O Laboratório do Futuro. Quando se trata dos dias que ainda virão, o continente africano foi o escolhido como protagonista.
Saiba mais a respeito!
Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 olha para o futuro a partir das origens
A temática O Laboratório do Futuro tem um significado muito especial na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023.
Ela busca olhar para o passado, para a nossa ancestralidade, para, então, construir um futuro mais justo e igualitário.
A escolha foi, sobretudo, pelo fato de a África ser o berço da humanidade. Isso significa dizer que, do ponto de vista antropológico, somos todos africanos.
É lá que se concentram questões como equidade, esperança, raça e medo. Ao mesmo tempo em que convergem, elas também unem o continente e servem como inspiração para diferentes mercados. Entre eles, o de arquitetura e decoração.
Muitas vezes, a África é tratada como “minoria”. Na verdade, seu território e seus povos são minorizados. No entanto, são maioria global.
Portanto, a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 convida os profissionais a mergulharem neste laboratório para imaginar um futuro diferente.
Nesse sentido, serão abordadas questões que envolvem políticas e conflitos, como terras e fronteiras, mas também temas culturais, como identidade, migração e globalização.
Para que a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 não fique apenas na teoria, a ideia é que profissionais de diferentes áreas criativas possam extrair ideias e experimentar novos futuros.
Em busca de diversidade, ela recebe eventos organizados por instituições internacionais, que podem realizar suas próprias mostras e iniciativas em um só lugar.
Ações educativas também farão parte da programação
Ao longo das edições, a Bienal de Arquitetura de Veneza assumiu um compromisso com iniciativas em prol da educação.
De maneira geral, elas são voltadas para universidades, escolas, profissionais, empresas, famílias ou simplesmente para quem é amante das artes.
Na edição de 2023, as iniciativas serão dirigidas tanto para indivíduos quanto para grupos. O objetivo é envolver ativamente os participantes.
Para isso, eles serão conduzidos por educadores profissionais, que foram selecionados e treinados pela Bienal de Veneza.
Tais atividades educativas serão, basicamente, de dois tipos: passeios e oficinas/interações.
Curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 tem vasta experiência sobre tema
Lesley Lokko é uma arquiteta, acadêmica e romancista ganense-escocesa. É, também, responsável pela curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023.
Sua experiência sobre o tema do ano mostra o quanto o evento promete ser enriquecedor para os participantes.
Ela é fundadora da African Futures Institute (Gana), uma escola de pós-graduação em arquitetura e uma plataforma para eventos públicos.
Além disso, Lesley fundou a Graduate School of Architecture em Joanesburgo (África do Sul) e lecionou em países da Europa, da África, na Austrália e nos Estados Unidos.
Por sua contribuição à educação no campo da arquitetura, a profissional já recebeu diversos prêmios.
Pavilhão brasileiro terá curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares
Levando a cultura brasileira à Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, um pavilhão inteiro tem a curadoria dos arquitetos e pesquisadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
Em comum, eles desenvolvem trabalhos que dialogam sobre questões como gênero, raça, cultura e pedagogia.
Dentro da temática O Laboratório do Futuro, o projeto do pavilhão é intitulado de Terra. A ideia é partir do material orgânico, servindo como fundação de concepções e imaginários de formação nacional.
Afinal, a terra serve como base para filosofias e narrativas de povos indígenas e afro-brasileiros, responsáveis por grande parte da construção da cultura brasileira.
Entretanto, para o pavilhão da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, a ideia é abordar a ancestralidade. Ela nos remete a geografias culturais que vão muito além dos territórios.
Terra ainda significa pertencimento, direito, cultivo e reparação, entre outros pontos que envolvem o imaginário de Brasil.
“Nossa proposta curatorial parte dessas reflexões e de sua relevância contemporânea para pensar o país enquanto terra. Terra como solo, roça, chão, território, terreiro. Mas também terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida, humana e não-humana”, contam Gabriela e Paulo.
Saiba mais sobre Gabriela de Matos
Gabriela de Matos é arquiteta e urbanista mineira, nascida no Vale do Rio Doce. Afro-brasileira, tem como objetivo criar projetos multidisciplinares que pensem a brasilidade sob a ótica de raça e gênero.
Além da graduação em Arquitetura e Urbanismo, ela se especializou em Sustentabilidade e Gestão do Ambiente Construído.
Ainda é mestranda do Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos (Diversitas) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) na Universidade de São Paulo (USP).
Com currículo extenso, atualmente Gabriela dá aulas na graduação em Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade.
Também tem seu próprio estúdio desde 2014, é vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no departamento de São Paulo e fundadora do projeto Arquitetas Negras, que reúne profissionais pretas no Brasil.
Com um livro sobre essa última iniciativa, ganhou o Prêmio IAB-SP na categoria Melhores Publicações de Arquitetura.
Entre outras premiações e participações em eventos, Gabriela assinou um ambiente na CASACOR de 2021.
Em parceria junto à Portobello, Gabriela foi colunista do Archtrends, participou do Archtrends Summit e da Mostra UNLTD Dreams.
Gabriela também já esteve no Archtrends Podcast, onde falou sobre raça, gênero e inclusão na arquitetura.
Conheça Paulo Tavares
Outro importante nome que assina o pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, Paulo Tavares é autor de diversas publicações que tratam sobre legados coloniais na modernidade.
Em seu trabalho, ele aborda a convergência entre arquitetura, culturas visuais, teoria, advocacia e curadoria.
Isso acontece por meio de diferentes meios e mídias, de forma colaborativa e buscando justiça ambiental, sempre com um discurso que é contra-hegemônico na arquitetura.
Com seus projetos e textos, ficou conhecido no Brasil e no mundo. Apresentou seu trabalho em exposições e publicações como Harvard Design Magazine e The Architectural Review.
Também esteve na 32ª Bienal de São Paulo (Incerteza Viva) e foi cocurador da Bienal de Arquitetura de Chicago (Estados Unidos) em 2019.
No momento, faz parte do conselho curatorial da Trienal de Arquitetura de Sharjah 2023 (Emirados Árabes).
Diversidade e sustentabilidade são temas que estão em alta em diferentes mercados. Quer se aprofundar no assunto? Confira o podcast com Gabriela de Matos sobre inclusão na arquitetura!