Arquitetura chinesa: quando passado e futuro se encontram
A arquitetura chinesa se caracteriza por ser quase imutável com o passar dos séculos. Ao contrário dos projetos desenvolvidos pelos egípcios, que se transformaram com o tempo, poucas mudanças podem ser observadas nas edificações da China.
Tão antigo quanto a civilização chinesa, esse tipo de arquitetura tem características muito próprias, com forte influência do sistema indígena de construção.
É por isso que dizemos que passado e futuro se encontram na arquitetura chinesa, tendo em vista que os elementos se mantêm quase sempre os mesmos, independentemente do período em que as edificações foram construídas.
Neste artigo, você saberá mais sobre a história da arquitetura chinesa: princípios que a guiam, exemplares que se destacam e influência em projetos contemporâneos.
Pronto para adquirir todos esses conhecimentos? Então, é só continuar a leitura deste artigo!
História da arquitetura chinesa
A arquitetura chinesa é tão antiga quanto a civilização que a inspira. Como explicamos, as evidências presentes nos registros históricos e na literatura dão a entender que o sistema indígena é a base das construções desse povo.
O sistema de construção se perpetua por mais de 4 mil anos, sofrendo poucas alterações. Mesmo com os territórios chineses passando por diversas influências militares, espirituais e intelectuais, os princípios arquitetônicos pouco foram alterados.
O período em que mais ocorreram mudanças nas edificações chinesas foi no século XX. Nessa época, representantes do governo começaram a enviar arquitetos para estudar no ocidente e aprender sobre a arquitetura moderna.
Assim, os traços tradicionais da arquitetura chinesa começaram a se fundir com as necessidades do mundo contemporâneo. As obras passaram a ser feitas mais rapidamente, muito por conta do desenvolvimento dos grandes centros urbanos.
Os edifícios passaram a ter mais andares do que apenas três níveis, como é comum na arquitetura tradicional chinesa.
Apesar disso, nas cidades rurais ou pequenas, as construções tradicionais ainda são muito comuns. É difícil encontrar grandes prédios nesses locais, por exemplo.
Princípios utilizados pelos chineses na arquitetura
A arquitetura chinesa tem características que são muito marcantes e princípios que sempre são seguidos. Na sequência, apresentaremos os principais deles.
Simetria bilateral
Uma das principais características da arquitetura chinesa é a simetria bilateral. Isso pode ser observado desde grandes complexos até fazendas mais humildes.
Dessa maneira, os elementos secundários são sempre posicionados de modo que fiquem ao lado das estruturas principais.
Os edifícios têm um número par de colunas e uma estrutura que os deixa com um número ímpar de baias. Há ainda uma porta principal, para que a simetria seja mantida.
Pátios
É bem comum que as edificações tenham grandes pátios abertos em sua volta. Além disso, podem ser construídos siheyuans, que são espaços vazios cercados por prédios conectados uns aos outros.
As siheyuans são encontradas em toda a China, principalmente em Pequim e nas zonas rurais do país. Até hoje ainda existem famílias que habitam nesse tipo de residência histórica e tradicional.
Ênfase horizontal
Os edifícios chineses mais clássicos, principalmente os que são feitos para pessoas com grande poder aquisitivo, são construídos com maior ênfase na largura e menor na altura.
É formada, assim, uma plataforma pesada e fechada, com um grande telhado que flutua sobre as bases.
Essa característica destoa muito da arquitetura ocidental, em que a tendência é dar ênfase para a verticalidade das edificações.
Hierarquia
A arquitetura chinesa trabalha com um sistema hierárquico.
Entende-se que os edifícios com portas voltadas para a parte da frente da propriedade são mais importantes do que aqueles em que as aberturas estão para os lados.
Os chineses também priorizam que os edifícios voltados para o sul na parte traseira e com melhor exposição à luz do sol sejam reservados aos membros mais velhos das famílias.
Já as casas que ficam ao leste e oeste, consideradas menos nobres, são ocupadas pelas pessoas mais jovens.
Na cultura chinesa, a velhice é muito valorizada; por isso, as edificações nobres devem ser ocupadas pelos mais velhos.
Exemplares da arquitetura chinesa
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a arquitetura chinesa, deve estar curioso para conhecer alguns exemplares, não é mesmo?
Veja, a seguir, exemplos da aplicação desse estilo arquitetônico na própria China e também em outras partes do mundo.
Templo do Céu
Considerado como um Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Templo do Céu fica em Pequim e foi construído em 1420. As antigas dinastias Ming e Qing o utilizavam para pedir a intercessão celestial para as suas colheitas.
O complexo de templos taoístas tem salas de oração e é rodeado por uma muralha interior e outra exterior. Juntas, elas formam uma base retangular que simboliza o planeta Terra. As formas arredondadas representam o céu e dão nome ao projeto.
Templo Putuo Zongcheng
Localizado em Chengde, na província de Hebei, o templo Putuo Zongcheng é um monastério budista, construído entre os anos de 1767 e 1771, no período do reinado do Imperador Qianlong.
A construção segue o modelo do Palácio de Potala, antigo santuário do Tibete dedicado a Dalai Lama. Por causa disso, são unidas representações dos estilos arquitetônicos chinês e tibetano.
O complexo é um dos maiores templos da China, somando mais de 220 mil m².
Paifang de Boston
Fora da China, a arquitetura chinesa é muito vista nas chinatowns, bairros que reúnem imigrantes do país. Uma dessas comunidades fica na cidade de Boston, nos Estados Unidos.
O portão que dá acesso à Chinatown de Boston, conhecido como paifang, reúne grande parte das características da arquitetura chinesa.
Ele é bastante largo e não muito alto. Além disso, serve como marca, para que os visitantes saibam que ali se inicia a comunidade do povo oriental.
Igreja de Nossa Senhora do Ó
No Brasil, a arquitetura chinesa é considerada um traço oculto da história colonial.
De acordo com historiadores, pelo menos 30 cidades brasileiras têm influência da China em suas edificações, principalmente por conta das chinesices.
As chinesices são obras que foram trazidas pelos portugueses, principalmente no período barroco, e que transitam entre o sagrado e o profano.
A Igreja de Nossa Senhora do Ó, localizada no município de Sabará, em Minas Gerais, é uma das mais antigas igrejas mineiras. Em seu interior, há diversas chinesices pintadas a ouro.
China World Trade Center
O China World Trade Center é um arranha-céu com 81 andares e fica em Pequim.
A edificação foi concluída em 2010 e mostra como as características do orientalismo estão se misturando com a arquitetura chinesa clássica.
Ao contrário do que era visto até alguns anos atrás, esse projeto tem características verticais e não mais horizontais, como acontecia até então.
Influência e uso da arquitetura chinesa em projetos contemporâneos
A construção de obras com características da arquitetura chinesa é pouco viável no Brasil e nos demais países orientais. Isso porque é praticamente impossível desenvolver prédios largos e baixos em grandes centros urbanos como São Paulo.
Por isso, a influência da arquitetura chinesa em projetos contemporâneos está mais presente na decoração de interiores. Quadros, lustres e tapetes, entre outros elementos que lembram a China, podem ser usados em ambientes diversos.
Além disso, a decoração chinesa faz uso do Feng Shui, uma prática milenar que está cada vez mais em alta em todo o mundo. De acordo com essa teoria, as cores e os elementos atraem determinadas energias para os ambientes.
Assim, as técnicas de Feng Shui podem ser aplicadas para tornar um ambiente mais agradável e harmônico, por exemplo.
Conhecer a arquitetura chinesa é bem interessante, mesmo que a título de curiosidade. Mas as técnicas milenares da China também podem ser bem inspiradoras para você desenvolver os seus projetos de interiores.
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