Denise Scott Brown: uma arquiteta em busca de reconhecimento
Arquiteta, professora e escritora: Denise Scott Brown é uma das maiores profissionais do século XX. Ao lado de Robert Venturi, com quem foi casada, se tornou um símbolo da arquitetura pós-moderna.
Uma verdadeira crítica da arquitetura modernista e de como esse movimento se refletia na sociedade, deixou sua marca nas obras teóricas que publicou.
Para ela, a arquitetura precisa levar em consideração questões históricas e culturais, seguindo uma linha mais eclética.
Ao longo de sua trajetória, colaborou e assinou grandes projetos arquitetônicos, de planejamento urbano, além de escrever e lecionar sobre Arquitetura e Urbanismo.
Sua carreira foi construída no atual escritório VSBA, na Filadélfia, Estados Unidos. A arquiteta se tornou referência, principalmente por ser mulher e ocupar um lugar de destaque.
Saiba mais!
História de Denise Scott Brown marca sua busca por reconhecimento
Denise Scott Brown é uma das arquitetas que marcou a história com suas obras arquitetônicas e literárias. Tudo começou na Zâmbia, quando nasceu, em 1931. Na época, o país se chamava Rodésia do Norte.
Filha de pais judeus, sua formação em Arquitetura e Urbanismo teve início na África do Sul, em 1948, na Universidade de Witwatersrande. Durante o curso, ela conheceu seu primeiro marido, Robert Scott Brown.
Em 1952, foi para Londres, no Reino Unido, terminar seus estudos na Architectural Association School of Architecture.
Após a formação, viajou e trabalhou pela Europa até que, em 1958, decidiu se mudar para a Filadélfia, nos Estados Unidos, onde se estabeleceu.
A mudança foi motivada pelo mestrado em Arquitetura e Planejamento Urbano na Universidade da Pensilvânia, o que marcou o início de sua carreira acadêmica.
Um ano depois, em 1959, seu marido sofreu um acidente de carro e faleceu.
Denise Scott Brown entrou para o corpo docente da Universidade da Pensilvânia e, em 1960, conheceu outro professor, Robert Venturi. Os dois se aproximaram e se casaram em 1967, em Santa Mônica, nos Estados Unidos.
Ao lado de Robert Venturi, Denise Scott Brown é símbolo do pós-modernismo
A relação com Robert Venturi também marcou uma mudança na carreira da arquiteta, que se mudou para a Filadélfia, ainda nos Estados Unidos, para se associar à empresa do marido, a Venturi e Rauch.
No início, ela ocupou a posição de diretora responsável pelo planejamento urbano. Sobre o mesmo tema, deu aulas na Universidade da Califórnia e se tornou co-presidente do Programa de Design Urbano da instituição, em Los Angeles.
Seu currículo inclui ainda aulas em outras faculdades renomadas, como a Universidade de Yale e a Universidade de Harvard. Essa última como professora convidada na Graduate School of Design com Robert Venturi.
Em 1989, a empresa de seu marido foi renomeada para Venturi, Scott Brown and Associates, levando reconhecimento a Denise Scott Brown. Essa mudança abriu portas para a arquiteta, que passou a participar de grandes projetos também como encarregada de obra.
Em 2012, Robert Venturi decidiu se aposentar, mas Denise Scott Brown seguiu tocando os projetos do escritório. No entanto, o arquiteto veio a falecer em 2018, aos 93 anos.
Atualmente, o renomado escritório, que se tornou referência em pós-modernismo, se chama VSBA. A direção é de Daniel McCoubrey.
Obras de Denise Scott Brown vão além da arquitetura
A arquiteta deixa sua marca por onde passa.
Como professora, formou profissionais renomados. Como escritora, teve destaque com o livro Aprendendo em Las Vegas: o simbolismo esqueceu-se da forma arquitetônica, de 1972.
A obra é em conjunto com Robert Venturi e Steven Izenour e revela os estudos que realizou com seus alunos sobre a cidade americana.
Outro livro importante escrito por ela também em parceria com seu marido é Arquitetura e Artes Decorativas — dois novatos no Japão.
Entre as obras arquitetônicas estão campi de universidades e museus. Alguns exemplos são:
- Allen Memorial Art Museum, em Ohio;
- Museu de Arte de Seattle, em Washington;
- Museu da Criança, no Texas;
- Campus da Universidade de Michigan, no estado americano de mesmo nome;
- Laboratório Lewis Thomas da Universidade de Princeton, em Nova Jersey;
- Sainsbury Wing of National Gallery, em Londres, Reino Unido;
- Capitólio, em Toulouse, na França.
Reconhecimentos e a polêmica do Prêmio Pritzker
Ao longo de sua carreira, Denise Scott Brown recebeu diferentes reconhecimentos pelas obras e projetos que assinou. O primeiro foi em 1985, o AIA Firm Award.
Dois anos depois, ganhou o Chicago Architecture Award. Entre os demais prêmios estão ainda o Visionary Woman Award e a Harvard Radcliffe Institute Medal.
Recentemente, em 2019, ela foi reconhecida com o Prêmio Carreira Trienal de Lisboa Millennium BCP.
Apesar das diversas condecorações, Denise Scott Brown ficou de fora de um dos mais importantes reconhecimentos da arquitetura: o Prêmio Pritzker.
Em 1991, seu marido recebeu a premiação de arquitetura. No entanto, a obra reconhecida foi colaborativa com Denise Scott Brown, o que gerou revolta, principalmente de Robert Venturi.
A Fundação Hyatt, responsável pela organização do prêmio, alegou que só era possível condecorar arquitetos individualmente — regra que mudou apenas em 2001.
Ela, entretanto, não compareceu à cerimônia como forma de protesto. Já o seu marido fez questão de reconhecer a arquiteta em seu discurso de recebimento, ao dizer que o projeto foi colaborativo e a participação dela foi primordial.
Depois disso, Robert Venturi lutou para que Denise Scott Brown fosse incluída na premiação. Em 2013, uma organização da Escola Superior de Design de Harvard, a Women In Design, iniciou uma petição para a inclusão do nome dela no reconhecimento.
Porém, a decisão não foi revertida, sob a alegação de que o júri muda constantemente e, portanto, não é possível rever decisões passadas.
Além de Denise Scott Brown e Robert Venturi, outros casais se destacam no mundo da arquitetura. Esse é o caso de Anna Lacaton e Jean-Philippe Vassal. Conheça a história dos vencedores do Prêmio Pritzker 2021!
Foto de destaque: Denise Scott Brown é uma das referências na arquitetura pós-moderna (Foto: Lynn Gilbert)