Cobogó Portobello: design sustentável e identidade alagoana
O cobogó é um elemento extremamente nacional – com raízes fincadas na nossa arquitetura modernista. De uns tempos para cá, ele voltou à cena, ganhando destaque em projetos contemporâneos e diferenciados. E para trazer ainda mais sofisticação, porém de uma maneira completamente única, nasceu o novo cobogó Portobello, o Mundaú.
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De uma pequena comunidade em Maceió, produzido a partir da concha do Sururu, para todo o Brasil. Conheça essa criação ímpar em parceria entre os designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrósio e o artesão Itamácio dos Santos, o Mundaú, o novo cobogó Portobello!
O que é cobogó?
O cobogó é um elemento vazado que inicialmente surgiu para dividir ambientes. Ele é uma criação tipicamente nacional, produzido por três engenheiros que usaram as iniciais dos seus sobrenomes para criar o nome do produto: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes (Cobogó).
Esse tipo de produto já era usado na arquitetura do Marrocos e da Índia, porém, o cobogó criado no Brasil se tornou uma alternativa mais barata, produzida com cimento e com formatos geométricos mais simples.
O cobogó não é um elemento estrutural, pois não é capaz de suportar muito peso. Ele é uma alternativa para dividir ambientes sem comprometer a iluminação e a ventilação, trazendo um charme todo diferente.
Se antigamente este elemento era encontrado apenas em cimento, hoje é possível encontrá-lo em uma infinidade de materiais e modelos, inclusive em versões de cerâmica.
Como nasceu o cobogó Mundaú?
O novo Cobogó Mundaú é diferente de todos os já lançados pela Portobello, justamente pela sua essência, que carrega consigo uma história de sustentabilidade tanto ambiental como socioeconômica.
A proposta surgiu da necessidade de encontrar uma solução criativa para os problemas enfrentados pela comunidade do Vergel do Lago, uma ocupação carente de Maceió, Alagoas.
Foi então que o projeto Maceió Mais Inclusiva Através da Economia Circular convidou o Instituto A Gente Transforma, criado por Rosenbaum, para que, juntos, eles buscassem uma solução viável para o reaproveitamento da pesca do sururu, molusco considerado patrimônio cultural de Alagoas.
Neste projeto, os designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio conheceram o artesão Itamácio dos Santos, de 42 anos que, desde os 18 anos, produzia vasos a partir de uma técnica própria, usando lixo e cimento.
O encontro dos saberes de Itamácio com os designers resultou em uma nova coleção – e dentro dela, surgiu o cobogó Mundaú, um elemento vazado integrado às raízes da arquitetura moderna e que agora utiliza um novo saber: a concha de sururu e os conhecimentos de Itamácio.
Para que a ideia saísse do papel, a Pointer, marca do grupo Portobello, atuou de forma preponderante, ajudando a produzir essa criação, promovendo a economia circular e valorizando as pessoas da comunidade do Vergel do Lago.
A linha de partida do cobogó Portobello veio de uma ideia de Itamácio, que decidiu substituir a areia por concha de sururu triturada, compondo, assim, a massa base.
Processo criativo
O processo criativo teve como base a metodologia Design Essencial, criada pelo Instituto A Gente Transforma. A proposta visa incentivar as comunidades a valorizarem a própria cultura, desenvolvendo produtos que exaltem os aspectos das culturas locais e que tenham potencial comercial.
O cobogó Mundaú foi desenhado por Rosenbaum e Ambrósio a partir de um processo de imersão na cultura e na identidade da comunidade Vergel do Lago. Para isso, a concha de sururu foi reinventada, participando da massa do cobogó e também se transformando em um elemento de design, no desenho da área vazada.
Porque o novo cobogó é mais sustentável?
O novo cobogó da Portobello é uma iniciativa sustentável em diferentes aspectos, tanto na questão ambiental como social.
Meio ambiente
A extração do sururu, um molusco tradicional do nordeste, era um problema ambiental para a comunidade Vergel do Lago, devido à casca extraída do molusco, que acabava não tendo uma utilidade prática.
Por dia, em Vergel, mais de 8 toneladas de casca eram rejeitadas na natureza, sem nenhum projeto de reaproveitamento desse material. Por mês, o descarte chegava a 300 toneladas de conchas, que acabavam indo parar nas margens da Lagoa do Mundaú, poluindo a lagoa e seus arredores.
Ao utilizar a casca para a fabricação do cobogó Mundaú, uma parte desses detritos acaba sendo reaproveitada na criação de um produto, capaz de gerar fonte de renda à comunidade – e também evitando o descarte na natureza, resolvendo uma parte desse importante problema ambiental.
Social
A economia circular é responsável por movimentar diversas comunidades. Ao utilizar a casca do molusco, que seria descartada na natureza, e produzir um item de design vendável, o projeto também trouxe uma fonte de renda a essas pessoas.
Já no primeiro lote produzido do novo cobogó Portobello, cinco moradores foram empregados. E a expectativa é que mais membros da população sintam melhorias na sua qualidade de vida, já que, conforme houver mais demanda do produto, maior será a produção.
Os conhecimentos gerados no projeto acabam sendo repassados a outros membros da comunidade, que passam a enxergar o que antes era visto como “lixo” e “sem valor”, que são as cascas do sururu, como uma matéria-prima importante e capaz de criar produtos e de modificar vidas.
Por isso, o cobogó Mundaú é um produto que vai além do design criativo, e contribui para o desenvolvimento social e ambiental de uma comunidade em situação de extrema pobreza, mostrando como o mercado do design tem o potencial de transformar socialmente as vidas de diferentes pessoas e também contribuir com o meio ambiente.
Quando uma pessoa leva um cobogó como este para sua casa, ela está levando mais do que beleza, está também contribuindo para uma cadeia de transformação, capaz de modificar vidas.
Quais as características do cobogó Portobello e onde usá-lo?
Lançado na Expo Revestir, o cobogó Mundaú já integra o catálogo da Portobello e da Pointer e pode ser encontrado em qualquer parte do país por meio da Portobello Shop.
Mas, além de todo esse caráter sustentável e economicamente correto, o cobogó Portobello conta com elementos de design diferenciados, que tornam o produto também extremamente bonito e funcional.
O cobogó Mundaú apresenta uma linda forma orgânica vazada, que remete ao formato da concha do sururu.
Outro destaque é para a coloração do cobogó. Como a massa é uma mistura da concha triturada com o concreto, ele tem uma tonalidade furta cor, ora puxando para o verde, ora puxando pelo roxo.
Aplicações
Como qualquer outro elemento vazado, este novo cobogó Portobello pode ser usado em uma infinidade de ideias e criações. Por exemplo, em ambientes externos, como varandas, áreas de lazer, fachadas, lavanderias, espaço gourmet, jardins, áreas da piscina e muito mais.
Devido a sua coloração diferenciada e o seu aspecto rústico, ele combina perfeitamente com diferentes elementos como madeira, cimento queimado, metais e até elementos mais nobres, como o mármore, e mais modernos, como o vidro e o aço.
Um exemplo muito bacana é o Terraço Mundaú desenvolvido por Rodrigo Fagá com o cobogó Mundaú para a segunda edição da Mostra Unlimited. Um projeto totalmente autoral, que troca ideia com tendências, sem abrir mão da personalidade.
O arquiteto, que mora em Alagoas, utilizou como ponto-chave justamente o cobogó, que é um elemento bastante presente e emblemático na arquitetura nordestina.
A ideia foi criar um elemento solto e junto a ele incorporar a presença do verde no Terraço, que surgiu como uma grande luminária pendendo do teto. Também foi inserida uma peça de mobiliário, uma arte popular criada por um artesão local.
Assim como qualquer cobogó, o Mundaú pode ser usado para dividir ambientes, como um ponto focal do espaço ou para criar um elemento que fortaleça o design e o estilo decorativo do local.
Gostou de conhecer mais sobre o novo cobogó Portobello? Aproveite e conheça mais sobre o trabalho de Marcelo Rosenbaum, um dos principais nomes do design brasileiro atual e com uma atuação que vai muito além das participações nos programas de TV.
Imagem em destaque: Portobello S.A.