Arquitetura eclética: a arte de aproveitar o melhor de cada estilo
Quando falamos sobre as grandes construções da história, é comum termos estilos marcados por determinadas normas em cada período. A arquitetura eclética é uma exceção para essa regra.
Trata-se de um estilo que representa uma fase de transição, surgida em meados do século XIX e influente até os primeiros anos do século XX.
Nessa época, não havia muita rigidez no que era feito nos projetos, que misturavam tendências antigas, como o barroco, o renascentismo e o gótico.
Certamente, o lado bom da arquitetura eclética é que ela possibilita aproveitar o melhor de cada estilo, podendo ser seguida nas decorações contemporâneas. Continue a leitura para saber mais!
O surgimento da arquitetura eclética
Conforme mencionamos, a arquitetura eclética surgiu por volta da metade do século XIX. O estilo, que mistura diversas vertentes, tem forte influência do seu período histórico, estando intimamente ligado às revoluções industriais da Europa e dos Estados Unidos.
Por conta do surgimento das máquinas nas indústrias, houve um grande avanço na área da engenharia. Os novos conhecimentos no setor impactaram a arquitetura, que pôde inserir mais materiais nos seus projetos.
O aço, o vidro, o ferro forjado e o vidro laminado são exemplos de itens que até então eram pouco utilizados nos projetos arquitetônicos e que ganharam força na arquitetura eclética.
Como ainda não havia um parâmetro sobre como usar esses itens nos projetos, eram buscadas inspirações em obras antigas. E foi esse um dos principais fatores que fizeram com que a mistura de estilos acontecesse.
Em resumo, a arquitetura eclética buscava reviver os principais aspectos das construções históricas, mas trazendo um ar de novidade, dado pelos inventos da engenharia.
No Brasil, um dos principais nomes que adotou esse estilo em suas obras foi Ramos de Azevedo, que desenvolveu os projetos do Theatro Municipal de São Paulo.
Os princípios da arquitetura eclética
O estilo eclético ganhou muitos adeptos na segunda metade do século XIX, principalmente em alguns países da Europa, como a Inglaterra, a França e a Alemanha. Aliás, foi no continente europeu que os princípios do ecletismo passaram a fazer parte dos bancos escolares que formam arquitetos.
Isso porque a École des Beaux-Arts foi a primeira escola profissional de arquitetura a incluir disciplinas que abordavam o ecletismo em seus cursos. Assim, os alunos puderam ser treinados com o rigor técnico e os princípios da época começaram a ser traçados.
Entre as principais características da arquitetura eclética estão:
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o crescimento das atividades de design de interiores, trabalhando também a parte interna das obras;
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a mescla de dois ou mais estilos arquitetônicos nas obras;
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a presença do luxo e da riqueza nos ornamentos;
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a sofisticação e a dramaticidade nas edificações;
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a classificação rígida nos ambientes internos;
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a presença de colunas e outros ornamentos;
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o uso da grandiosidade como diferencial;
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a presença do ferro na arquitetura;
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o uso da proporção nos projetos;
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os espaços simétricos.
No Brasil, a arquitetura eclética começou a se desenvolver alguns anos após o seu surgimento na Europa. Embora não tenha sido um movimento muito representativo em nosso país, é possível observar construções que seguem essas tendências, principalmente em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Alguns exemplares famosos do estilo
Em todo mundo existem diversos exemplares famosos de edificações que seguem o estilo eclético da arquitetura. Na sequência, falaremos sobre alguns deles, destacando os principais detalhes dos projetos.
Igreja de Santa Clara
A Igreja de Santa Clara, localizada na vila de Horodkivka, na Ucrânia, é um exemplo clássico da arquitetura eclética. O templo religioso foi idealizado pelo escritor polonês Efstafy Ivanovsky, em homenagem à sua mãe, Clara Ivanovsky, que tinha o mesmo nome e era devota da santa que nomeia o projeto.
A conclusão da obra aconteceu em 1913, dez anos após a morte do idealizador. A Igreja de Santa Clara foi construída no estilo de um castelo medieval, usando elementos como pedras in natura e tijolos. Além disso, tem um telhado que traz o ferro entre os componentes.
As portas e janelas da igreja são grandes e têm vitrais coloridos. Na parte interna, há pinturas nas paredes e um grande lustre de cristal pendurado no meio.
Ópera Nacional de Paris
Inaugurada em 1875, a sede da Ópera Nacional de Paris, ou Ópera Garnier, também segue os princípios da arquitetura eclética. O projeto tinha o objetivo de servir como um espaço para apresentações musicais de artistas franceses, visando atrair a população local e os turistas.
A edificação é considerada uma das obras-primas da arquitetura de seu tempo, mesclando estilos como o neobarroco e o gótico. O majestoso projeto é muito ornamentado e decorado com frisos de mármore, colunas e estátuas.
A parte interna da Ópera também se destaca, com um design de interiores deslumbrante. Superfícies folheadas a ouro, candelabros luxuosos e estátuas de querubins e ninfas podem ser encontrados no local.
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Localizado na Cinelândia, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é um dos mais importantes teatros brasileiros e também um exemplo da arquitetura eclética em nosso país. A edificação foi inaugurada em 1909.
O prédio que abriga o teatro faz parte do conjunto de obras de urbanização do Rio de Janeiro, sendo também um marco para a abertura da Avenida Central.
O uso de ornamentos luxuosos pode ser visto na fachada do prédio, que tem cúpulas enfeitadas com estátuas e objetos de adorno. As colunas também se destacam.
O design de interiores conta com obras dos mais importantes pintores e escultores da época, como Eliseu Visconti e Rodolfo Amoedo. Já os vitrais foram feitos por artesãos europeus, que também revestiram alguns móveis com veludo.
Dicas práticas para ter uma decoração eclética sem perder a harmonia
Na contemporaneidade, o estilo eclético ainda é muito apreciado, sobretudo na área de design de interiores. Porém, ao utilizá-lo, alguns cuidados devem ser tomados para que não se perca a harmonia. Veja as nossas dicas.
Combine cores escuras com dourado
Como vimos, objetos de luxo são uma característica do estilo eclético. Assim, usar materiais que reproduzem o ouro, combinando com cores mais escuras, como o preto e o cinza, é uma maneira de aplicá-lo.
No projeto acima, vemos um banheiro com parede revestida com porcelanato com tons de cinza. Os objetos de adorno, como a moldura do espelho, são dourados, dando o tom do estilo eclético.
Aposte nos tecidos
Nos dias atuais, os ornamentos coloridos podem ser substituídos por tecidos. As aplicações podem ser feitas em cortinas, tapetes e capas de sofá, por exemplo.
Veja, no projeto acima, a combinação de diferentes cores de tecidos, que é usada nas capas de almofadas e contrasta com o tom mais neutro do sofá.
Crie mosaicos
A arquitetura eclética tem como característica a inclusão de materiais como o vidro nos projetos. Para adotar o estilo atualmente, uma boa ideia é recriar mosaicos, revestindo as paredes com pastilhas.
Exemplo disso pode ser visto no projeto acima, que traz um ambiente com uma parede revestida com pastilhas nas cores marrom e branco. O mosaico lembra os grandes vitrais das edificações ecléticas.
A arquitetura eclética é a arte de aproveitar o melhor de cada estilo! Por isso, use a criatividade e crie projetos únicos e inovadores, fazendo as mais diversas combinações.
Continue com a gente e leia agora o nosso artigo que mostra uma fachada de vidro inspirada na leveza e curvatura de um tecido. Esse projeto tem tudo a ver com a arquitetura eclética!
Foto de destaque: O Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, é um exemplo da arquitetura eclética no Brasil (Foto: Tiago Macedo)
Ótimo artigo, mas ainda não achei nenhum q indica ou apresenta profissionais q hoje são capases de obras similares, qual profissional é capaz de nos dias atuais, deixar um fachada ornada no estilo eclético ?