A chegada do final do ano é aquele momento de retrospectivas dos acontecimentos dos últimos 12 meses, mas também de olhar para a frente e imaginar o que será do(s) próximo(s) ano(s). Mas pensar em tendências é muito mais do que imaginar o futuro, é principalmente analisar o passado e o presente para entender quais oportunidades eles nos demonstram, para quais direções nos apontam.
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Se olharmos para os últimos anos, sem dúvidas o acontecimento que mais norteou mudanças de perspectivas e olhares foi a pandemia da Covid-19. Os anos pandêmicos trouxeram para as pessoas um maior senso de propósito e maior desejo de controle em meio à incerteza, além de uma reconfiguração das reais prioridades.
O foco em olhar para dentro de si traz junto um olhar para dentro da própria casa. Não é à toa que o ambiente da casa passou por uma grande ressignificação. Todas as atividades da vida rotineira migraram automaticamente para esse espaço: trabalho, lazer, prazer, exercício e descanso. Nos próximos anos, com a recessão econômica e o custo de vida aumentando, a casa seguirá sendo multifuncional.
Essa multifuncionalidade se transparece na arquitetura de novos ambientes, na decoração escolhida, na escolha de alimentos que se coloca na geladeira, nos gadgets tecnológicos incorporados ao espaço. Para a Vitra, detalhes que antes passavam despercebidos, como ter mais controle da vista e das janelas, por exemplo, agora ganharam muita importância para as pessoas. E segundo a WGSN, é possível apontar algumas tendências nesse caminho:
- Eficiência energética dentro de casa
Esse é um tema que não se pode perder de vista (até falei aqui sobre energias renováveis na arquitetura). A intensificação da crise climática tende a levar as pessoas a priorizar cada vez mais opções mais eficientes de energia. Junto a isso, surge a ideia de “resiliência energética”, ou seja, opções de fornecimento de energia capazes de se adaptar a possíveis interrupções. Para quem projeta casas, está aí uma oportunidade de ajudar as pessoas a tornarem suas casas autossuficientes. E por que não expandir esse conceito além da energia e pensar também no cultivo de alimentos dentro de casa? Eu ouvi hortas urbanas?!
- Casa inteligente
Os assistentes virtuais que deixam as casas mais conectadas já se tornaram realidade para muita gente. Mas a WGSN aponta alguns avanços nesse sentido para os próximos anos. A tecnologia inteligente tem o potencial de transformar diversos outros elementos da casa, seja por meio de sistemas de alarme que podem distinguir os proprietários dos intrusos; sistemas de jardinagem que podem monitorar o clima para alocar a água com mais eficiência; ou até mesmo colchões que podem rastrear nosso sono para oferecer um suporte melhor e mais responsivo.
- Bem-estar dentro de casa
A onda de organização que bombou com as técnicas da Marie Kondo parece que não vai passar agora, e tende a se reinventar. A ideia de ter uma casa equilibrada vai além da limpeza e da organização, mas tem tudo a ver também com fazer da casa um espaço de autocuidado e bem estar. As pessoas têm se interessado mais por mobiliários e até produtos do dia a dia que transparecem essa necessidade.
A procura por tintas de parede menos abrasivas, produtos de limpeza menos tóxicos e purificadores e umidificadores de ar apontam um pouco para onde vai essa tendência.
- Home office
Segundo uma pesquisa da Ikea, três a cada cinco pessoas pretendem mudar a forma como a casa é organizada para adaptá-la ao trabalho. Com a previsão de que muitas empresas estarão formalizando acordos de trabalho híbrido, as pessoas substituirão escritórios domésticos improvisados por instalações mais confortáveis e de longo prazo. Os estilos de vida híbridos vieram para ficar e estão criando novas oportunidades para quem projeta e decora ambientes.
A Vitra, empresa de design de interiores, aponta a necessidade de projetar espaços domésticos que acomodem os diversos aspectos da vida, explorando formas de ressignificar espaços limitados. Segundo a empresa, esse é o problema que os designers devem resolver pensando no futuro agora.