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Provenace
Provenace (Foto: Divulgação)

Um prêmio de design para uma vida melhor

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28.09.2017
Acompanhe os destaques da bienal INDEX: Design to Improve Life, iniciativa do governo dinamarquês que revela projetos fascinantes e cria um horizonte em que a qualidade de vida é uma perspectiva real e possível para todos.
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Como o INDEX: revela os aspectos positivos do alargamento da disciplina

O design como ferramenta para um mundo melhor não é uma ideia nova, mas é uma ideia que certamente nunca foi tão relevante e perpetuada como hoje. Desde os anos 1970 estabeleceu-se uma crítica consistente do design, pela atuação prática e teórica de designers como Victor Papanek, austríaco que emigrou para os Estados Unidos e ficou conhecido por cunhar a relação entre design e sustentabilidade. Pedia-se então uma nova atitude para o design, além da mera criação de produtos tecnológicos ou esteticamente atraentes voltados à sociedade de consumo: a de “servir às necessidades reais dos seres humanos”.

Drone Port, Foster Partners
Drone Port, Foster Partners (Foto: Divulgação)

Com as evidências alarmantes dos problemas ecológicos, sociais e éticos que a humanidade enfrenta, o conjunto de “necessidades reais” não para de crescer. Como preservar uma cultura em desaparecimento? A pobreza pode acabar? O que queremos no que diz respeito à igualdade de gêneros? Que novas linguagens as crianças precisam aprender? O sistema financeiro deve ser reinventado? É possível encontrar equilíbrio entre a inteligência artificial e a inteligência humana? Ou ainda: De que maneira podemos verificar a veracidade das informações divulgadas? A lista de perguntas pode se estender ao infinito, visar desafios locais e globais, presentes e futuros.

São essas potenciais questões que estão na base do prêmio bienal INDEX: Design to Improve Life, iniciativa do governo dinamarquês que revigora a posição do país na vanguarda do design mundial. A premiação, iniciada em 2005, celebra a atual reinvenção da disciplina do design, de uma postura eminentemente focada no mercado para a perseguição de objetivos sociais, políticos e ecológicos, como desejara Papanek, e que ainda pode ser geradora de negócios rentáveis. O nome é uma máxima: “design para melhorar a vida”.

Vale perguntar: por que seria o design o recipiente de tão nobre missão? Porque o design se refere diretamente à capacidade humana de criar soluções práticas para seus problemas. Os designers são habilidosos em detectar um problema – ou em formular uma boa pergunta –, e inventar respostas dentro das limitações impostas. O design também é facilmente transdisciplinar, organizando conhecimentos extraídos de áreas que extrapolam seu domínio. Além disso, possui uma natureza otimista, acreditando que sempre será possível fazer algo de um jeito melhor.

Este texto está sendo escrito alguns dias antes da organização do INDEX: 2017 anunciar seus cinco vencedores, em 1º de setembro, dentre os 56 finalistas selecionados entre os 1.401 inscritos de 85 países. Um mapeamento temático dos projetos que concorrem a um total de 500 mil euros mostra uma grande predominância de soluções para os desafios da medicina e do acesso à saúde, seguida de questões relacionadas ao meio ambiente – tais como a reciclagem, o tratamento de água e os materiais biodegradáveis –, o problema da alimentação (com ferramentas de otimização da agricultura e a erradicação do desperdício de comida), e a acessibilidade promovida por tecnologias digitais.

NOTO, uma inovadora família tipográfica

Há projetos de tipos e escalas tão diferentes como NOTO, uma inovadora família tipográfica criada pelo Google para integrar todas as línguas existentes no mundo digital; Paperfuge, uma centrífuga de sangue que custa 0,20 dólares (seu uso é uma etapa importante para a detecção de doenças como malária e Aids); e What3words, que divide a superfície do planeta em quadrados de 3×3 metros e transforma cada posição geográfica em uma combinação de três palavras simples, para que todos tenham um endereço no mundo. Há projetos utópicos, como as Regen Villages, na Holanda, que são cidades completamente autossuficientes; futuristas, como o implante de cérebro Stentrode, uma solução para o problema da paralisia motora; ou um tecido autolimpante quando exposto ao sol. Há aplicativos de celular que identificam sinais de câncer de pele, que ajudam pequenos agricultores de regiões tropicais com a previsão do tempo, ou que traçam a procedência dos produtos que consumimos. Há produtos comercialmente promissores, como o Blitab, um tablet para cegos com uma superfície mutante de linguagem Braille;  o Woobi Play, uma máscara desmontável para crianças que filtra a poluição do ar; e o Avani, plástico biodegradável com cores e formas atraentes.

Esses projetos fascinantes, conectados pelo design, criam um horizonte em que a qualidade de vida é uma perspectiva real e possível para todos.

Ingestible Origami-Robot
Ingestible Origami-Robot (Foto: Divulgação)
Regen Villages
Regen Villages (Foto: Divulgação)
Woobi Play
Woobi Play (Foto: Divulgação)
Zipline
Zipline (Foto: Divulgação)
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Livia Debbané
Colunista
Colunista

Jornalista especializada em design. É graduada em Filosofia pela PUC-SP. Trabalhou na revista Bamboo...

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