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Berlim: Passado e presente traduzidos na arquitetura alemã

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07.06.2019
Minha primeira experiência participando do Coletivo Criativo da Portobello.
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Lugares distintos afetam pessoas de maneiras diferentes. A experiência que a gente tem numa cidade em determinado momento da vida é algo absolutamente pessoal e intransferível. Onde nascemos, a forma como fomos criados, tudo aquilo que nos despertou curiosidade até hoje e nossa sede de crescimento transformam o tipo de aprendizado que a gente absorve quando colocamos o pé fora de casa.

Cada viajante nota um detalhe diferente, se emociona com um gesto peculiar e se inspira com uma paisagem distinta. Talvez por essas e outras, eu tenha ficado tão feliz quando soube que participaria do meu primeiro Coletivo Criativo.

Já há alguns anos, a Portobello promove uma jornada para um destino escolhido a dedo, com um grupo de vinte e poucos arquitetos. A escolha dos profissionais leva em consideração as relações com a marca e com os clientes, o espírito de parceria, a curiosidade nata de cada explorador e a disponibilidade na agenda de cada indivíduo, é claro.

A paixão da Portobello pelo ato de buscar inspiração em diferentes culturas, não é novidade. Durante anos a marca elaborou grandes viagens nacionais e internacionais com o intuito de levar profissionais interessados em arquitetura, decoração e paisagismo para uma mesma cidade. A empreitada deu tão certo que, três anos atrás, a iniciativa tomou uma proporção ainda maior: a viagem deve inspirar na cocriação de um produto, inspirado por este grupo após alguns dias em um destino específico.    

Em 2017, os arquitetos foram a Copenhagen, uma verdadeira meca do design. Influenciado pelo minimalismo dinamarquês, o time elaborou a linha Dansk. Ano passado foi a vez de Reykjavik, um local relativamente ermo com paisagens singulares, solo nada fértil, montanhas rochosas e tons muito característicos. A partir dessa experiência foi criada a linha Harpa – uma coleção que remete aos vulcões islandeses e às montanhas rochosas do país.

Equipe da Portobello e profissionais do Coletivo Criativo

Este ano, fomos a Berlim. Poucos países têm uma história tão atrelada ao que há de pior - e melhor - na natureza humana quanto a Alemanha. Diferente de muitos lugares, esta nação se recusa a esquecer os próprios erros. Por toda parte há monumentos, estátuas, memoriais e construções que nos recordam as atrocidades do nazismo, da Segunda Guerra Mundial e a segregação proporcionada pelo Muro de Berlim. Estas obras nada mais são que lembranças para que flagelos como esses nunca mais aconteçam. Os alemães não podem apagar o passado, mas tentam constantemente aprimorar o futuro. Essa atitude afeta tudo na vida deles, desde a maneira como decidiram acolher mais de um milhão de refugiados sírios no ano passado até a falta de apego pelo capitalismo. Para eles, liberdade vale muito mais que dinheiro.

Exatamente por este destino não oferecer respostas fáceis, a tarefa de criar uma coleção baseada em Berlim acaba sendo um grande desafio.

Já estive na Alemanha algumas vezes – inclusive uma delas gravando meu programa Pedro Pelo Mundo – no entanto, nesses dias que passei na metrópole com o grupo do Coletivo Criativo Portobello, fiquei realmente intrigado com o que cada um considerava inspirador. Enquanto uma pessoa observava as construções brutalistas, outra se apegava ao simbolismo do Museu Judaico. Enquanto um se apaixonava pelos parques (Berlim é uma das grandes cidades mais arborizadas da Europa), o outro questionava as cores usadas em prédios imaginados nos anos dourados da Bauhaus (a escola de arte vanguardista mais popular da história).

A fachada do Museu Judaico
história da arquitetura alemã
O impressionante interior do Museu Judaico

Apesar de tudo isso ser fascinante, aos meus olhos, a grande lição estava na sinergia entre os profissionais e na maneira como mais de vinte olhares analisariam de forma coerente uma mesma experiência.

A Portobello deixa claro que os frutos dessa iniciativa demandam algumas etapas até serem materializados. A viagem em si é apenas o início de um processo de parceria que dura alguns meses até que as decisões sejam efetivamente tomadas. Nesses primeiros dias longe de casa, o objetivo é entender o povo local, questionar as escolhas de quem vive naquele lugar e contemplar o tipo de sentimento que o destino causa em cada um. Com esses ingredientes em mãos, o diálogo começa a tomar forma.

Sempre digo que quando o assunto é viajar, ouvir é infinitamente mais importante que falar. O Coletivo Criativo é uma atividade importante exatamente por exigir hábitos preciosos como o debate, a observação, o estudo, a habilidade de contemplar algo ainda não compreendido e a arte de concretizar uma experiência emocional.

história da arquitetura alemã
Muita história da arquitetura alemã e inspiração em cada parte de Berlim
história da arquitetura alemã
Verde da natureza por todos os lados da capital alemã

Meus dias em Berlim com a Portobello me mostraram que o Coletivo Criativo traduz várias jornadas em uma – uma física, uma intelectual, uma emocional e, no frigir dos ovos, um grande projeto de vida prestes a ser traduzido fisicamente em uma linha, uma produção comercial que estará revestindo vários lugares pelo mundo.

Andy Warhol dizia que o objetivo não é viver para sempre, mas sim, criar algo que viva. Ele estava certo. 

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Berlim: Passado e presente traduzidos na arquitetura alemã

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  1. Li atentamente o artigo mais de uma vez mas compreender os pontos de vista do Pedro . O § que mais me chamou a atenção, não podia deixar de ser o primeiro. Concordo plenamente com as ideias exposta pelo autor.

  2. Esses profissionais são maravilhosos ! Enxergam com olhares de pintores em cada pedacinho de uma obra de arte !Em relação a Alemanha sinto tudo que aconteceu na época de ritlei ela se sente devedora a humanidade !Tem efetuado várias obras lindas



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