A sociedade entre Paula Rezegue e Priscila Guz começou naturalmente - e segue da mesma maneira. Perguntas como ‘quem tem a ideia?’, ‘como dividem o trabalho?’, ‘quem define o conceito?’, ‘vocês não divergem sobre as escolhas?’ parecem não fazer sentido para a dupla de arquitetas. A sintonia é absoluta.
Paula é de Belém, onde estudou arquitetura. Veio para São Paulo para fazer pós-graduação na Faap. Conheceu Priscila, também arquiteta, e, num primeiro momento, se tornaram amigas. Quando Priscila precisou de ajuda em um trabalho, convidou Paula. Assim, as duas assumiram juntas o primeiro projeto.
“A criação do nosso escritório se deu naturalmente. A gente fez um projeto e foram surgindo outros, o que nos surpreendeu. Nem tínhamos um nome para o escritório. Tudo fluiu naturalmente, sem pretensão. Fomos fazendo o que gostávamos, com foco no trabalho”, relembra Paula. “Foram surgindo projetos e fomos falando sim. Foi bem orgânico, natural”, completa Priscila.
A harmonia das arquitetas se dá nas personalidades tranquilas, na ética de trabalho e também no estilo. “É possível reconhecer um projeto do Studio RG pelo desenho. Nós duas desenhamos, nos alternamos. Temos extrema sintonia”, conta Paula. Priscila fez MBA em Gestão de Escritório de Arquitetura na FGV. “Lá outros arquitetos me perguntavam como era ter uma sócia, como dividíamos o trabalho. Eu achava graça na curiosidade, porque para nós é natural”, afirma.
O desenho que elas compartilham pode ser descrito como contemporâneo, minimalista e internacional. “Temos um estilo forte e gostamos de ser reconhecidas por ele. É um olhar contemporâneo, com toques de brasilidade e da personalidade do cliente, mas seguindo as tendências internacionais de design”, define Priscila. Na prática, isso se traduz em muito cinza e preto, linhas retas, marcenaria sem puxadores e bancadas sem frontão. “Questionamos o ‘tem que ter’ dos fornecedores. Se não tem utilidade técnica e vai poluir o design, tentamos eliminar”, continua Priscila.
É justamente pelo amor ao cinza que as arquitetas se tornaram clientes da Portobello. “É muito difícil superar os cinzas da Portobello”, acredita Paula. No apartamento que mostram ao Archtrends, o morador, como elas, ama preto e cinza. Os revestimentos exemplificam a gama de cinzas da Portobello: Concretissyma no piso da área social e nas paredes da cozinha, Gibraltar na parede do home office e B.I.S. Grafite nas parede do lavabo.
“Principalmente em projetos residenciais, entramos muito no íntimo da pessoa”, diz Paula. No caso desse projeto, o cliente tinha demandas e desejos bem específicos: precisava de um grande armário para guardar equipamentos esportivos, queria uma cozinha aberta, sonhava com uma lavanderia moderna, adora churrasco, trabalha em casa e amava um sofá tecnológico.
Outras necessidades eram mais sutis e foram identificadas pelas arquitetas, como o canto de leitura na varanda, criado quando o morador contou que adorava chegar em casa depois de um dia de trabalho e relaxar em silêncio. “Muitos clientes não sabem o que querem para suas casas. Convidamos eles a refletirem. Quando definem, traduzimos em projeto”, explica Priscila. As arquitetas aplicam um questionário de perguntas para entender a rotina e gosto dos moradores. Uma delas é o que o cliente não gostava na casa dos pais. “São preferências que carregamos do passado, mas nem sempre estão óbvias no discurso”, diz.
Assim, a sintonia entre as profissionais de arquitetura acaba se estendendo também aos clientes. “Nos tornamos amigas de todos eles”, revela Paula. Dessa maneira, o escritório que nasceu por acaso segue próspero, como resultado natural de um trabalho sob valores de amizade. “Nada nos deixa mais felizes do que ver um cliente aproveitando a tão sonhada casa”, resume.