A cidade de Florença, localizada na Itália, abriga uma das maiores obras da arquitetura: a cúpula da Igreja Santa Maria del Fiore, a famosa cúpula de Brunelleschi.
Atravessar ruas estreitas e chegar à praça do Duomo é, com certeza, uma das experiências mais encantadoras para os admiradores de arte, história e arquitetura. Deparar-se com a imensidão da catedral, tão rica em detalhes, e com a sua magnífica — quase inexplicável — cúpula, é uma sensação única. Sua grandiosidade e beleza me impressionam toda vez que me deparo com a obra, assim como da primeira vez que a vi.
O projeto inicial da catedral foi assinado pelo arquiteto italiano Arnolfo di Cambio. Desde o início, ele previu a construção de uma cúpula que se tornaria o símbolo principal da cidade. Durante a história, diversos nomes se responsabilizaram pelas obras da catedral, como Giotto, Andrea Pisano, Francesco Talenti e Giovanni di Lapo Ghini.
A catedral foi “finalizada” por volta de 1380, com 153 metros de comprimento, 38 de largura no ponto mais estreito, 90 no ponto mais largo e 114 metros de altura. “Finalizada”, de fato, entre aspas, pois ela ainda não tinha uma cúpula. O desafio era cobrir um diâmetro interno de 45 metros nas alturas.
Por quase dois séculos, a solução para a conclusão da obra não foi encontrada. No entanto, em 1419, Filippo Brunelleschi vence o concurso de arquitetura para a construção da tão esperada cúpula.
Além do domo, o arquiteto vencedor teria que projetar o maquinário e os andaimes utilizados na obra, ou seja, também foram feitos por Filippo. O projeto não é formado por somente uma cúpula e, sim, por duas: uma externa mais larga e alta e uma interna vista apenas de dentro do Duomo.
A primeira, localizada na parte interna, é em forma de concha e apresenta pinturas do Juízo final, realizadas por Giorgio Vasari e Federico Zuccari.
Já a segunda cúpula é resistente ao vento, chuva, raios e até terremotos. É menos espessa, majestosa e seu formato é ogival.
Outro mistério é que o projeto do arquiteto não utilizou cetina — arco de madeira que serviria como molde. Filippo apropriou-se de uma técnica brilhante, tornando a obra muito mais leve e nobre do que uma cúpula sólida.
Chamada de “espinha de peixe”, consiste em ângulos e fricção dos tijolos, ou seja, um tijolo é colocado na horizontal, enquanto um tijolo menor é colocado na vertical, em cima do anterior, seguido por um outro tijolo de novo na horizontal. Desse modo, os dois tijolos na horizontal fazem duas forças distintas contra o da vertical, permitindo que a carga da construção fosse distribuída por toda a circunferência.
As histórias contadas sobre o período da construção são diversas. Relatos dizem que Filippo misturava água com vinho para que os pedreiros trabalhassem melhor, salute! E foi assim, após alguns copos de “água”, 4 milhões de tijolos, 16 anos e crescendo 30cm por mês, que em 1436 a grande obra foi realmente finalizada.
Mais de 500 anos após sua conclusão, ela continua sendo a maior cúpula de alvenaria já construída. Ninguém sabe ao certo como Brunelleschi foi capaz de colocar os tijolos com tanta precisão, e nenhuma teoria criada pode ser confirmada, uma vez que ele não deixou desenhos ou detalhes de planejamento.
Uma coisa é certa: o arquiteto abriu caminho para revoluções culturais e sociais, e projetou uma cúpula original e única, o que nos faz ter certeza de que a sua espera valeu a pena.
Você já visitou a Catedral de Santa Maria del Fiore ou já subiu os 463 degraus para chegar ao topo da cúpula? Conte para a gente como foi a sua experiência ao se deparar com esse marco da arquitetura!