Os analistas e índices econômicos que me perdoem, mas há de se considerar que 2018 foi um ano de extremo crescimento e reconhecimento internacional. Claro, falo aqui de nossa produção arquitetônica, que teve enorme destaque no Brasil e no mundo neste ano que passou – embora ainda não tenhamos sido condecorados com o próximo Pritzker brasileiro.
Uma onda de ótimas obras entregues em 2017/18 transformou o ano passado em um verdadeiro festival de grandes prêmios e menções nos principais certames, a destacar primeiramente os internacionais. O multipremiado projeto das Moradas Infantis de Canuanã, em Tocantins, uma feliz parceira dos escritórios Rosembaum e Aleph Zero, junto com o engenheiro Hélio Olga, já era unanimidade quando, no finalzinho do ano, foi eleito como melhor edificação do ano no prestigiado RIBA - Royal Institute of British Architects, algo jamais atingido por projetos ou arquitetos nacionais. Um feito e tanto.
A arquiteta Carla Juaçaba, por sua vez, foi premiada pelo AR Emerging Awards, premiação da revista inglesa Architecture Review para jovens arquitetos – mais um feito inédito, logo após outra grande realização de destaque internacional: foi uma das convidadas – ao lado de nomes como Norman Foster e Eduardo Souto de Moura – para projeto e execução de uma das capelas expostas nessa que foi a primeira participação da Cidade do Vaticano na 16ª Bienal de Veneza. Ao falar em Bienal, recordo também que a edição realizada em 2018 trouxe uma mostra contundente da produção nacional contemporânea, com curadoria impecável de Laura González Fierro, Sol Camacho, Gabriel Kozlowski e Marcelo Maia Rosa e participação de escritórios como Studio mk27, Bernardes, H+F, Triptyque, Una, Boldarini, entre outros. Ao todo, foram 17 projetos expostos na mostra, denominada Muros de Ar, de acordo com a proposta da Bienal – Freespace, das curadoras Yvonne Farrell e Shelley McNamara (veja aqui os projetos expostos!).
No Brasil, três escritórios fizeram diferença e foram diversas vezes laureados por suas obras recentes e contribuições para a arquitetura nacional: Andrade Morettin, com o Instituto Moreira Salles (IMS), recebeu o Prêmio Especial do Júri pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), além de sair vencedor da 75a Premiação do IAB/SP, entre outros prêmios recebidos ao longo do ano; o escritório Dal Pian, e sua obra do NASP, foi agraciado com a láurea máxima do Prêmio AsBEA, o Prêmio Roberto Claudio dos Santos Aflalo – pelo conjunto da obra –, além de ter sido o vencedor em outras duas categorias no mesmo certame; já o Brasil Arquitetura e seu Cais do Sertão, que também venceu uma categoria na premiação IAB/SP, obteve no final do ano a cereja do bolo: o reconhecimento pela contribuição à arquitetura nacional pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Coincidentemente, ou como amostra da relevância desses atores no mercado nacional nos últimos meses, os três escritórios tiveram seus perfis traçados e foram homenageados em edições recentes da revista PROJETO, antes de receberem todas essas láureas.
Com o crescimento econômico previsto e a consequente retomada de obras relevantes paradas durante a crise, é esperada a continuidade desse boom arquitetônico nos próximos anos. Sendo otimista, pode ser que o tal próximo Pritzker esteja se aproximando. Feliz ano-novo!