Localizado no Parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, o Museu Nacional foi criado em 6 de junho de 1818 por Dom João VI e, portanto, é a mais antiga instituição científica do Brasil.
Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1946, esse museu foi um dos maiores de história natural e antropologia das Américas até o ano de 2018.
Saiba mais a respeito!
A história do Museu Nacional
Inicialmente chamada Museu Real, a criação dessa instituição foi uma das iniciativas de Dom João VI para promover o crescimento socioeconômico do Brasil, por meio da difusão de educação, cultura e ciência.
Em 1818, o Museu Nacional foi instalado no Campo de Santana, na Praça da República, no centro do Rio de Janeiro.
Em 1892, ele foi transferido para o Palácio de São Cristóvão, que pertencia a um comerciante português chamado Elias Antônio Lopes.
O local havia sido doado para Dom João VI algum tempo antes, sob a alegação de preocupações com o bem-estar dele.
Por causa dessa transação, o comerciante recebeu títulos de nobreza e uma pensão vitalícia da Coroa.
A história do Museu Nacional está, portanto, intimamente ligada à chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808.
Na época, o Rio de Janeiro era uma cidade pequena, com uma estrutura aquém de Lisboa. Por isso, havia uma grande preocupação com o local onde a família real se instalaria.
Neste cenário, o Palácio de São Cristóvão era uma das melhores opções.
Além de abrigar a família real portuguesa, o Museu Nacional serviu de residência para a família imperial brasileira.
Ao longo da história, o palácio foi palco de momentos marcantes, como a assinatura do decreto da independência do Brasil e a elaboração da primeira constituição do país.
Transformar a casa que abrigou a monarquia brasileira em um museu foi uma estratégia republicana para apagar os símbolos que remetiam ao período imperial.
Além do contexto político, não podemos deixar de salientar a importância do legado artístico dessa época, a chamada arquitetura colonial.
Dali, surgiram vários outros tipos de construção, como a barroca, a neoclássica e a eclética.
O acervo do Museu Nacional
Quando criado, o Museu Nacional não tinha um grande acervo. Existia apenas uma pequena coleção de peças de arte, gravuras, objetos de mineralogia, artefatos indígenas, animais empalhados e produtos naturais doados por Dom João VI.
Além disso, esse pequeno acervo contava com itens etnográficos provenientes das províncias do Brasil e coleções existentes na Casa dos Pássaros, criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa.
Ao longo de mais de dois séculos, o Museu Nacional cresceu e chegou a contar com mais de 20 milhões de objetos, oriundos de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações.
Entre as peças de destaque estão o maior meteorito e o mais antigo fóssil humano já encontrados no Brasil. Não podemos deixar de citar também a coleção paleontológica da instituição, que contava com 56 mil exemplares e 18,9 mil registros.
A riquíssima seção de antropologia tinha cerca de 400 mil itens. Mais de 700 peças, entre múmias e sarcófagos, além de objetos raros de culturas indígenas e pelo menos 1800 artefatos de civilizações ameríndias da era pré-colombiana faziam parte da coleção.
O acervo do Museu Nacional era subdividido em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia.
Para completar, o local possuía uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.
O incêndio e a restauração do Museu Nacional
Algumas semanas antes de completar 200 anos, o Museu Nacional foi atingido por um incêndio que consumiu praticamente todo o seu acervo.
Não ficou clara qual foi a principal causa, mas a manutenção da instituição não era feita da melhor forma, o que pode ter facilitado o acidente.
Aliás, o edifício histórico não contava com um plano de proteção e combate a incêndios, o que o deixava em situação vulnerável e irregular.
Além de problemas na estrutura, os recursos para a preservação do museu sofreram grandes cortes com o passar dos anos.
Até abril de 2018, a administração tinha recebido do governo apenas R$ 54 mil dos R$ 531 mil anuais, que seriam o mínimo necessário para manutenção básica da infraestrutura.
Com o orçamento reduzido, menos de 1% do acervo era colocado em exposição para o público. Em 2015, o espaço já havia fechado as portas por falta de verba para pagar os funcionários.
Muitas coisas se perderam com esse incêndio, a exemplo da biblioteca Francisco Keller, que tinha 537 mil livros.
A coleção de etnologia indígena e o acervo de botânica também foram perdidos em suas totalidades.
Uma notícia boa em meio a tudo isso é que o Bendegó, o maior meteorito já encontrado no Brasil, resistiu ao incêndio.
O Museu Nacional cumpria um papel social e educativo. Guardava itens importantíssimos sobre a história do Brasil e do mundo.
A reconstrução teve início em novembro de 2021, pouco mais de três anos após o incêndio, e é uma ação do Projeto Museu Nacional Vive, uma cooperação técnica entre UFRJ, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Instituto Cultural Vale.
O primeiro setor do palácio que começou a ser reconstruído foi o bloco histórico. A previsão de término é em 7 de setembro de 2022, no bicentenário da Independência do Brasil.
As visitas ao Museu Nacional
Infelizmente, as visitas ao Museu Nacional estão suspensas por tempo indeterminado. No entanto, graças a uma parceria entre a instituição e o Google Arts & Culture, é possível fazer um passeio virtual. Aproveite a oportunidade!
Foto de destaque: Palácio de São Cristóvão, atual sede do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Foto: Halley Pacheco de Oliveira)