Já faz muito tempo que muros, paredes e fachadas são usados como suporte para pinturas. Mas foi no México que essa prática ganhou o nome de Muralismo, um movimento artístico e político que se expandiu para outras partes do mundo, incluindo o Brasil.
Esse tipo de arte visual gera um impacto diferente dos quadros por conta de sua dimensão e permanência. Com o passar do tempo, foi se transformando, conquistando outros espaços e servindo a diversos propósitos.
Fique com a gente para saber mais sobre o assunto!
Qual a origem do Muralismo?
O termo “Muralismo” surgiu no México, no começo do século XX, um período de grande efervescência política. Entretanto, as técnicas de pintura sobre paredes são muito mais antigas que isso.
Os povos da Antiguidade já pintavam usando a técnica de afresco, que dilui os pigmentos em água e os aplica sobre a argamassa úmida.
Por serem feitas sobre paredes, sempre estiveram relacionadas à arquitetura, transformando os espaços internos e externos.
Durante o Renascimento, artistas como Michelangelo recuperaram essa técnica. Também não faltam exemplos de obras em afresco encontradas em outros países, como na Índia e na China.
No entanto, foi no século XX que a pintura mural voltou com tudo, graças às vanguardas fauvistas e cubistas.
E, claro, no México, onde os muros passaram a servir como um meio importante para a popularização da arte e a expressão de ideias.
Por que o Muralismo ficou conhecido pelo seu caráter político?
O Muralismo é um movimento artístico que surgiu logo após a Revolução Mexicana, que derrotou Porfírio Díaz. Depois da vitória dos revolucionários, Álvaro Obregón assumiu o comando do país.
Entre as principais medidas tomadas pelo novo presidente estavam a redistribuição de terras e o incentivo à educação e às artes.
Com isso, os artistas passaram a receber dinheiro para produzir suas obras e usá-las como meios de educar a população.
Ao ocupar lugares públicos, a pintura mural rompeu com a ideia de que obras de arte devem estar apenas em museus. Os muralistas acreditavam que elas deviam ser acessíveis a todos.
Além disso, o movimento deixou de lado as regras da arte acadêmica. O que os artistas queriam era criar obras autênticas, inspiradas na cultura popular.
A partir daí, podemos ressaltar algumas das principais características do Muralismo:
- originalidade: apesar das influências das vanguardas europeias, o movimento se inspirou principalmente nas culturas antigas, na arte popular e no folclore mexicano;
- papel educativo: por ter um compromisso com a educação do povo, os grandes murais apresentavam eventos históricos e faziam críticas ao capitalismo;
- arte acessível: os artistas trocaram as galerias e os museus por muros em espaços públicos, locais onde suas obras poderiam ser apreciadas por qualquer pessoa.
Quais são os maiores nomes do movimento muralista?
Diego Rivera, José Orozco e David Siqueiros são considerados os criadores desse movimento mexicano. O trio de artistas queria pintar muros e paredes de edifícios onde estavam os trabalhadores.
Para chamar a atenção do povo, eles expuseram em murais temas como a ditadura porfirista, a opressão dos colonizadores espanhóis e a exploração norte-americana no México.
Conhecido pela sua ânsia revolucionária, Rivera queria que sua arte fosse exposta nas ruas do país. Quando foi convidado para pintar os murais do Ministério da Educação, ele surpreendeu a todos.
O pedido era para que fossem feitas pinturas de mulheres com trajes típicos de diferentes regiões do México.
Em vez disso, Rivera pintou a realidade cruel de trabalhadores e indígenas. Também fez questão de incluir poemas astecas e símbolos da Revolução Mexicana.
Assim como Rivera, Orozco encheu suas obras de símbolos revolucionários. Ele acreditava que a arte tinha o poder de fazer as pessoas refletirem, fazendo interpretações subjetivas sobre a realidade.
Siqueiros, por sua vez, se inspirou bastante nas inovações trazidas pelo cubismo e pelo futurismo.
Embora não tenha feito pinturas sobre a história do México, suas obras não deixavam de abordar a luta de classes, já que o artista também tinha compromisso com a revolução.
Como foi a chegada do Muralismo no Brasil?
As primeiras influências do movimento muralista no Brasil podem ser notadas nas criações de Candido Portinari e Di Cavalcanti. Diversas obras famosas desses artistas tratavam de temas políticos e sociais do país.
No entanto, isso não quer dizer que as características estéticas eram as mesmas dos mexicanos. Muito pelo contrário: apesar de também ser uma arte engajada, os artistas muralistas brasileiros tinham estilos bem particulares.
Se olharmos para alguns trabalhos de Portinari, como a pintura feita na Igreja São Francisco de Assis — mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte —, vamos perceber uma estética própria do artista.
Vale dizer que o Muralismo continuou e continua a ecoar na arte brasileira.
Os grandes painéis feitos pelos grafiteiros são ótimos exemplos disso. Eles estão presentes em espaços públicos em diversos cantos do país, sobretudo nas grandes cidades. Além de usarem os muros como suporte, trata-se de uma arte conhecida pelo engajamento com temas sociais.
Qual o papel do Muralismo na decoração contemporânea?
Mais recentemente, tanto o grafite quanto outras técnicas de pintura em parede passaram a marcar presença em casas, escritórios e restaurantes, entre outros ambientes.
Portanto, começaram a ganhar espaço na decoração de interiores também.
Essas pinturas proporcionam uma experiência estética singular. Além de promoverem uma sensação de bem-estar, elas têm o poder de influenciar comportamentos e conectar pessoas.
É um tipo de arte geralmente encomendada por quem valoriza o trabalho manual e deseja ter exclusividade na decoração de suas casas e seus estabelecimentos.
Tanto é que muitos artistas fazem as obras à mão livre. Antes de sair rabiscando as paredes, literalmente, eles buscam sentir o ambiente e entender o estilo da pessoa.
Por isso, não é exagero dizer que o Muralismo é um movimento poderoso e até hoje se reflete na produção artística.
Ainda que as temáticas mudem, a união entre arte e política persiste, assim como a associação da pintura com a arquitetura.
Ficou com vontade de aprofundar seus conhecimentos? Leia nosso artigo sobre a arte moderna norte-americana e seus grandes nomes!