Meistersingerhalle: conheça a obra de ampliação do teatro alemão

Obras como as pirâmides e o Coliseu encantam pela capacidade de trazer o passado para o presente. Esse ar etéreo e lúdico, de uma existência sem fim, se perdeu um pouco com as obras de aço e concreto. Mas o Meistersingerhalle, que vai passar por uma ampliação, veio para mudar esse olhar.

Embora a madeira — material que será utilizado no projeto — possa não parecer tão duradoura, a tecnologia permitiu que ela se tornasse uma opção econômica, eficiente e até mesmo sustentável. Por isso, neste post vamos saber mais sobre a história, a arquitetura e a reforma do Meistersingerhalle.

Meistersingerhalle: o teatro que abriga e é arte

Conheça esse patrimônio cultural da Alemanha:

História

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), muitas salas de espetáculos da cidade de Nurembergue foram destruídas. Para recuperar esse patrimônio perdido, o Meistersingerhalle foi inaugurado no Parque de Luitpoldhain, em 1963.

O objetivo do teatro é fornecer uma estrutura apropriada à arte e, ao mesmo tempo, ser arte. Foi por isso que Harald Loebermann, o primeiro arquiteto, projetou um edifício multifuncional que, do lado de fora, parece simples, mas que é nobre e imponente na parte de dentro.

O resultado é um prédio aparentemente cubista que, apesar de sua imensa área de 26.740 m², integra-se à paisagem sem pretensões de se sobrepor. Durante a construção do Meistersingerhalle, foi tomado o cuidado de garantir que as antigas árvores do Parque de Luitpoldhain sofressem o mínimo possível. Ainda hoje, há exemplares anteriores ao edifício.

Assim que se entra em um dos vestíbulos do Meistersingerhalle, revestido de quartzito preto e travertino romano, percebe-se por que era tão importante para o arquiteto preservar e expandir o parque: o envidraçamento em grande escala tornou as árvores parte da sala e, assim, garantiu um cenário de iluminação harmoniosa e cores calmas.

Atualmente, o teatro conta com grandes saguões de entrada envidraçados e relevos de cobre nas paredes, que ocupam quase 300 m². Por sua grandeza e importância, é listado como um monumento histórico desde 2007.

Inicialmente projetado para ser uma sala para concertos clássicos e filarmônicos, hoje o Meistersingerhalle também abriga conferências e eventos mais populares, como shows de rock, pop, jazz, congressos, convenções de partidos políticos, exposições e produções teatrais.

O local é considerado o centro municipal de cultura e congressos de Nurembergue, no estado da Baviera. Após sua ampliação, será o primeiro teatro da história estruturado com madeira laminada cruzada (Cross Laminated Timber ou CLT).

Salões

O grande salão (Großer Saal) do Meistersingerhalle tem capacidade para receber 2100 pessoas. Acomoda um palco e um órgão, construído em 1963 pela até então construtora de órgãos GF Steinmeyer & Co. Seu hall de entrada também é usado para exposições.

Suas cores quentes remetem à natureza e contrastam com o teto feito de elementos em forma de pirâmide e as luzes triangulares de cristal ligadas a eles. Mesmo com o tamanho enorme do salão e do segundo nível criado pelas fileiras de cadeiras, a sala parece acolhedora e convidativa.

Apesar de sediar diferentes shows, é o local oficial para concertos de duas orquestras — a Nürnberger Symphoniker e a Staatsphilharmonie Nürnberg — e três coros principais de concertos — Hans-Sachs-Chor, Philharmonischer Chor e Lehrergesangverein.

A maioria das apresentações de orquestras clássicas e solistas acontece no Meistersingerhalle.

Já o pequeno salão (Kleiner Saal) acomoda 500 pessoas e é usado principalmente para concertos de música de câmara, formação musical erudita composta para um pequeno grupo de instrumentos ou vozes.

Ambos os salões estão equipados com dispositivos de gravação.

Ampliação

O projeto de ampliação do Meistersingerhalle, vencedor de um recente concurso internacional de arquitetura, é de autoria dos arquitetos Gilles Retsin e Stephan Markus Albrecht, que trabalharam com a colaboração dos engenheiros da Bollinger-Grohmann, dos especialistas em meio ambiente da Transsolar e de acústica da Theater Projects.

A ideia foi desenvolvida a partir da visão, de dentro para fora, da estrutura da sala de concertos. Uma das vantagens de sua localização na Baviera — que influenciou na idealização do projeto — é a grande variedade de madeira encontrada e disponível para construção. A região, aliás, é conhecida por suas grandes florestas.

Para otimizar a construção, os módulos vão ser totalmente fabricados com máquinas de corte CNC e sistemas automatizados. Já os componentes estruturais serão produzidos em uma indústria próxima do local e, logo depois, enviados para a obra.

Teatros e salas de concerto geralmente são projetados utilizando um sistema do tipo box-in-box, em forma de "caixa". Nesse caso, a estrutura principal do edifício costuma operar de maneira independente da do teatro, que, por sua vez, é acusticamente isolada da primeira.

Para a ampliação, os consultores de acústica resolveram criar uma alternativa: uma parede composta entre as duas "caixas", formada por painéis de 150 mm com isolamento de lã de rocha entre eles.

Estrutura

O Meistersingerhalle será um grande cubo de madeira revestido em vidro, que terá no teatro seu principal elemento estrutural.

Será construído com enormes pórticos que possibilitam os balanços que acolhem os espaços de apoio e o lobby. Todos os elementos — vigas, pilares, paredes e forros — trabalharão para manter o desempenho estrutural do edifício.

Seu corpo em vidro permitirá que a estrutura seja vista e compreendida a partir de todas as direções, expondo seus elementos construtivos e comunicando sua lógica estrutural.

Construção

O edifício ampliado terá estrutura mista: será composto por um volume superior projetado e construído em módulos de madeira laminada cruzada, que serão apoiados em uma base de concreto. Isso porque, apesar de haver núcleos também de madeira, não há consenso sobre um código específico sobre sua segurança contra incêndios.

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Destaque:Visual externo do teatro: uma grande caixa de madeira com cobertura de vidro (Foto: Gilles Retsin)