A primeira vez que vi uma revista de decoração foi em 2005. Minha mãe era diarista e trazia para casa as revistas antigas que seriam descartadas. Lembro que eu via casas lindas enquanto folheava as revistas e me imaginava nelas. Sempre fui sonhadora…
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Tinha 15 anos e já estava na momento de pensar na profissão que ia seguir… Essa fase é desafiadora para todo jovem, mas para uma jovem negra, que nasceu e cresceu em uma comunidade, vivenciando situações de vulnerabilidade e pobreza, é mais desafiadora ainda.
Decidi que queria ser arquiteta, mas um grande impeditivo era o valor da faculdade, que não tinha condições de pagar. E sempre quando estou em uma situação desafiadora, me pergunto: “o que posso fazer de melhor dentro das minhas condições (financeiras e psicológicas) para chegar no meu objetivo?”.
E descobri que era possível fazer um curso técnico gratuito de design de interiores - pulei de felicidade, porque seria um caminho para eu entrar na área. E mal sabia eu que essa formação ia transformar a minha realidade.
Trabalho desde muito nova. Como minha mãe me criou sozinha, eu sempre tive a responsabilidade de ajudar a minha família. Quando comecei a cursar design de interiores, estava trabalhando como operadora de telemarketing, mas antes disso trabalhei até como assistente de costureira e auxiliar de dentista.
Sempre fui muito comunicativa e de fazer amizade fácil, e uma amiga de sala de aula me contou que o escritório que ela trabalhava, do renomado arquiteto Leo Shehtman, estava contratando recepcionista. Me candidatei e fui contratada.
Quando entrei no escritório, me foi apresentado um novo universo: o da arquitetura de luxo, que até então era totalmente distante da minha realidade. Conhecer esse novo universo abriu meu olhar e expandiu minhas ideias - o mundo era muito além do que eu vivia.
Fiquei pouco tempo como recepcionista e logo fui promovida para ser assistente do Leo Shehtman, e auxiliava ele com os orçamentos, agenda… E o mais incrível de tudo foi ter participado da CASACOR São Paulo 2012, na qual cuidei de toda parte operacional e captação de patrocínios. O projeto dele foi premiado como o mais ousado e eu fiquei muito orgulhosa. Nesse momento eu vi que não poderia colocar limites nos meus sonhos.
O que eu mais amava fazer no escritório era conhecer os revestimentos, ver as definições feitas para os clientes e as combinações. Eu ficava apaixonada com a quantidade de opções que existem no mercado e daí nasceu uma curiosidade pelo assunto.
Quando ainda estava no Leo, uma outra amiga comentou que trabalhava em uma loja especializada em revestimentos, onde estavam contratando vendedores. Eu lembro que muitas pessoas falavam que eu era doida por sair de um escritório tão bacana para virar vendedora de piso, mas eu segui minha intuição e fui, sem imaginar que essa decisão mudaria minha vida para sempre.
Comecei a trabalhar com revestimentos em 2012 e foi amor à primeira vista! Fiquei impressionada com a quantidade de produtos incríveis, nos seus mais diversos formatos, cores, estampas… É possível encontrar produtos para todo tipo de obra e orçamento, revestimentos são democráticos.
E, ao mesmo tempo que estava nessa fase de “encantamento”, eu fiquei extremamente preocupada com meu novo trabalho, pelo fato de ser um universo complexo, com muita informação técnica. Um simples erro geraria inúmeros prejuízos, estresse e até acidentes.
Como sempre amei estudar, encarei aquele novo desafio e decidi que ia aprender tudo que eu pudesse para atender meus clientes, que eram consumidores finais e profissionais da arquitetura, da melhor forma. Quanto mais eu estudava, mais eu percebia o quanto o conhecimento técnico era libertador! Todas as obras em que eu participava com a especificação dos revestimentos tinham menos problemas do que o usual, meus clientes ficavam cada vez mais satisfeitos e eu vendia cada vez mais. Tanto que fui uma das melhores vendedoras da rede que trabalhava e tive a oportunidade de conhecer fábricas de revestimentos na Espanha, por conta de uma premiação.
Então comecei a pensar em uma forma do meu conhecimento chegar em mais pessoas. Como vendedora, chegava em dezenas de pessoas, e queria que mais gente aprendesse a parte técnica, de maneira mais leve, didática e sem passar por problemas. Porque o conhecimento pode transformar a vida de qualquer pessoa, da mesma forma que transformou a minha.
Como sempre gostei de escrever (muito mais que projetar), tive a ideia de montar um blog em 2016, com o nome Revestindo a Casa, para compartilhar dicas.
Com muito empenho e estratégia, o blog começou a crescer, ser reconhecido, e em 2019 fui convidada para ter uma coluna na Casa Vogue. Depois disso passei a ser mais prestigiada.
De um simples blog, hoje o Revestindo a Casa é a maior plataforma especializada sobre o conteúdo de revestimentos do Brasil, alcançando milhões de pessoas todos os meses (somando todas as redes sociais). Nasceram diversos projetos novos, como o Revestindo Sem Erros, em que dou palestras em universidades; um curso gratuito, pelo qual já passaram milhares de estudantes e profissionais da construção civil; a Escola do Acabamento, que é uma formação completa sobre como fazer especificação de todos os materiais presentes em uma obra, com duração de três meses; e e-books e cursos para quem reforma sozinho e quer fazer uma obra com mais segurança e economia.
Também desenvolvo mentorias para lojas, empresas e vendedores de lojas especializadas, palestras em diversos eventos e tenho muito orgulho de ser embaixadora da maior feira de revestimentos da américa latina, a Expo Revestir.
Estou compartilhando minha jornada, porque é ela que me trouxe até esse novo cargo: colunista do Archtrends, canal de conteúdo da Portobello, líder na América Latina e protagonista global no mercado de revestimentos cerâmicos. Convido a todos para acompanhar a coluna - um canal de comunicação direta com minha comunidade e com a comunidade do Archtrends. Espero que seja uma parceria longa e produtiva. Bem-vindos!