Não há dúvidas de que os avanços da inteligência artificial já são o assunto mais falado de 2023 até o momento. Ferramentas de IA que respondem a inputs de texto despertaram a curiosidade e cresceram rapidamente em popularidade, graças à facilidade de uso e às inúmeras funcionalidades que podem ter. O Chat GPT, por exemplo, atingiu a marca de 100 milhões de usuários em dois meses de existência, número que o TikTok levou nove meses para alcançar.
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Enquanto o Chat GPT funciona apenas com entradas e saídas de texto, outras ferramentas como o Mid Journey, Dall-E e Stable Diffusion são capazes de receber textos e gerar imagens com alto grau de detalhamento - e já tem gente usando para brincar com a possibilidade de desenhar casas por lá.
Como em qualquer momento de exploração de uma nova tecnologia, começam a surgir diversas aplicações diferentes: o artista Pepe Garcia, por exemplo, usou a IA geradora de imagem para criar o projeto Carnavais Artificiais, misturando personagens históricos e movimentos artísticos ao carnaval de rua. Já algumas marcas, como O Boticário, estão se aventurando no uso da tecnologia para materializar os desejos de seus consumidores, criando imagens de maquiagens a partir do que as pessoas queriam ver para se inspirar.
A possibilidade de criar imagens que podem ser ao mesmo tempo personalizadas e produzidas com rapidez é realmente intrigante, sobretudo para as áreas ligadas ao design e à criação, como a arte, a moda, e claro, a arquitetura. Veja alguns exemplos:
- O projeto This House Does Not Exist (ou, Essa casa não existe, em português) é um programa que já está brincando com essa ideia na arquitetura, criando versões ideias de casas contemporâneas a partir de uma descrição de texto.
- Já a Apple apresentou recentemente uma IA capaz de gerar vídeos de ambientes em 3D, partindo de uma imagem fixa e de uma ordem de texto dada pelo usuário.
A ferramenta, que se chama GAUDI, ainda está em fase de desenvolvimento, mas em um futuro próximo, pode abrir a possibilidade de se criar experiências em realidade aumentada a partir de imagens bidimensionais de ambientes. Que tal, por exemplo, levar o cliente para “passear” por dentro do projeto de sua casa, antes mesmo de a obra ser executada?
Quando se fala em ferramentas como essas, é inevitável que surja a pergunta: será que elas seriam capazes de substituir o trabalho humano da arquitetura?
Apesar de não se ter ainda uma resposta exata, se observamos tecnologias anteriores, vemos que a tendência é que ela se torne uma ferramenta complementar ao exercício do dia a dia, que não substitui o papel subjetivo da atividade humana.
Um estudo da Oxford University, The Future of Employment (O futuro do trabalho) apontou que a arquitetura está entre as áreas com menor chance de ser substituída pela automação, graças ao alto nível de interação humana, subjetividade e personalização que a profissão exige.
Para a arquiteta Marília Mattoso, as novas ferramentas de imagem por inteligência artificial "têm o potencial de agilizar processos e revolucionar a produtividade e a imaginação do campo”. A arquiteta aponta ainda que essa é uma relação de troca, fazendo com que a inteligência artificial se desenvolva junto com o arquiteto, sem deixá-lo para trás.
É o caso, por exemplo, do BIM, software que também usa IA para fazer simulação e modelagem digital de projetos arquitetônicos e já está sendo bastante usado pelos profissionais para gerenciar e organizar os projetos.
Enquanto instrumento, a IA tem a capacidade de diminuir os espaços entre a imaginação e a realidade, nos ajudando a criar, transformar e mesclar referências com uma eficiência que ainda não tínhamos visto antes. Demais, não é?!