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Estádios olímpicos: conheça a arquitetura dos templos do esporte

Essenciais para os jogos, os estádios olímpicos contam parte da história da humanidade (Foto: Zakarie Faibis/Wikimedia Commons)

As Olimpíadas celebram força, inteligência, garra, competitividade e respeito. Antes servindo como treinamento para os soldados da Grécia Antiga, hoje é um momento de união entre os povos. Os estádios olímpicos são essenciais para contar essa história. 

Além de prezar pela proteção dos atletas, os espaços permitem que milhares de pessoas possam assistir ao espetáculo presencialmente — desde a abertura até o encerramento. 

Mas até chegar em Paris, as Olimpíadas tiveram um caminho milenar pela história, que pode ser contado pelos locais-sede dos jogos. 

Conheça um pouco sobre a história dos principais estádios olímpicos: 

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Construído por volta de 566 a.C., o estádio Panatenaico é o mais antigo do mundo a estar ainda de pé  (Foto: George E. Koronaios/Wikipédia) 

Estádios olímpicos na Antiguidade

Os jogos olímpicos modernos foram fundados pelo barão Pierre de Coubertin, no final do século XIX. 

Embora sua ideia tenha sido vista como "piada" por seus pares, em dois anos o barão conseguiu apresentar sua ideia e implementá-la. O primeiro evento da Era Moderna aconteceu em 1896. 

No entanto, o registro mais antigo dos jogos olímpicos remete a 776 a.C., mas acredita-se que eles já existiam alguns séculos antes. Os demais jogos pan-helênicos surgiram por volta do século V.I. a.C. 

Todos foram banidos no ano 393 pelo imperador romano Teodósio I, por supostamente serem manifestações de paganismo. 

Até ser resgatado pelo Barão de Coubertin, o maior espetáculo dos esportes ficou por mais de 1.500 anos esquecido. 

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Formato

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A Cripta, entrada do antigo estádio e atual santuário de Olímpia (Foto: World History Encyclopedia

Os antigos estádios olímpicos gregos tinham formato de meia-lua, como uma ferradura. Ao redor, as arquibancadas cresciam como um leque.

O terreno de corrida (dromos) era longo e estreito, com cerca de 180 a 200 metros de comprimento e pista de terra batida. 

Os espectadores se sentavam em bancadas feitas de pedra ou madeira, mas que posteriormente foram substituídas por mármore. 

Os romanos adotaram os estádios, mas com arquitetura própria: anfiteatros e circos. 

O anfiteatro é um teatro a céu aberto, com formato oval ou redondo. Adaptado do teatro grego, servia para a luta entre gladiadores — mas alguns deles podiam ser cheios com água para combates navais. 

O Coliseu, hoje um monumento histórico, é um exemplo de anfiteatro construído em Roma. 

Já o circo era a versão romana de um hipódromo, utilizado para corrida de bigas (pequenas carruagens puxadas por cavalos).  

Estádio Panatenaico: história milenar

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Imagem da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896 (Foto: Wikipédia

Construído em 566 a.C., em Atenas, o Estádio Panatenaico é, entre os estádios olímpicos, o mais antigo do mundo. Ao contrário do que se possa imaginar, ele não era usado para os jogos, e sim para as panateneias (festas em homenagem à deusa Atena).  

Antes feito de madeira, o estádio foi reformado em 329 a.C., quando foi reconstruído em mármore, e em 140 a.C, quando Herodes Atticus aumentou sua capacidade para 50 mil pessoas e o reconstruiu em formato de U. 

Em 393, com o fim dos jogos considerados pagãos, o estádio foi abandonado e enterrado durante vários séculos. 

Foi redescoberto em 1870 e restaurado com fundos do empresário Evangelis Zappas para os Jogos Olímpicos de Zappas, uma tentativa pessoal de renascimento das antigas Olimpíadas.  

Em 1895, houve uma nova reforma no estádio Panatenaico. Os responsáveis foram Anastasios Metaxas e Ernst Ziller. Metaxas também era atirador e competiu em quatro Olimpíadas entre 1896 e 1912. 

Até hoje, o Panatenaico é o único dentre todos os estádios olímpicos no mundo construído inteiramente de mármore branco

Em 2004, quando os Jogos Olímpicos voltaram para Atenas, o Estádio Panatenaico virou palco da chegada da maratona e as provas de tiro com arco. 

Estádio Olímpico de Munique, marco na arquitetura

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A tensoestrutura que envolve o parque olímpico revolucionou a arquitetura esportiva (Foto: PxHere

O Estádio de Munique foi construído entre 1996 e 1972, numa cratera resultante de bombardeios durante a Segunda Guerra. 

Dois anos depois, sediou também cinco jogos da Copa do Mundo — incluindo a final, em que a Alemanha Ocidental venceu os Países Baixos por 2x1. 

Quando falamos de arquitetura, o que se destaca aqui não é o estádio, e sim o parque olímpico por completo. 

Hitler tinha paixão pelo Império Romano, e isso se refletia na arquitetura adotada pela Alemanha na época. 

Contudo, isso incomodava o arquiteto Frei Paul Otto, que via nas formas orgânicas a verdadeira inspiração para seus projetos. 

Junto com Gunther Behnisch, ele idealizou o Parque Olímpico de Munique. A tensoestrutura (estrutura que utiliza coberturas feitas de membranas e cabos de aço) suspensa, especialidade de Otto, cobre todos os edifícios principais, incluindo o estádio, o natatório e o ginásio. 

As diversas conexões entre membranas e cabos, além da extensão da cobertura, criaram uma estrutura com diversas concavidades. Esse design remete a diversas superfícies da natureza, como uma lagarta ou um cacto. 

Seu teto retrátil é um marco na arquitetura esportiva. 

Apesar de belo, o estádio era incômodo para o torcedor, já que a arquibancada era muito distante do gramado. 

Com a construção da Allianz Arena, acabou subutilizado para o futebol, mas recebe shows e eventos esportivos. 

Estádio Olímpico de Berlim, palco de Owens 

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Vista geral do Olympiastadion, em 2015 (Foto: Martijn Mureau/Wikimedia)

A Alemanha tem dois estádios olímpicos: o de Munique, apresentado acima, e o de Berlim.  

Antes dos Jogos Olímpicos de 1972, o país sediou o evento de 1934. Durante dois anos, o Estádio Olímpico de Berlim (ou Olympiastadion) foi desenvolvido para receber as partidas. Uma delas foi do Brasil contra a Croácia, em que o time brasileiro ganhou por 1x0. 

Projetado por Werner March, o estádio chegou a receber 110 mil pessoas durante as Olimpíadas, mas atualmente tem capacidade para 74,5 mil pessoas.  

O maior marco do estádio, porém, foi a vitória de Jesse Owens. Negro, o corredor ganhou, no auge da Alemanha Nazista, quatro medalhas de ouro nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100m. 

Após a Segunda Guerra Mundial, o Olympiastadion caiu em ruínas. Porém, sua estrutura foi restaurada para receber outros eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de 2006. 

Durante uma reforma, em janeiro de 2002, trabalhadores encontraram uma bomba da Segunda Guerra Mundial não detonada. O artefato, enterrado embaixo da arquibancada, foi retirado e posteriormente detonado pela polícia. 

Estádio Lujniki, o legado da União Soviética 

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Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou  (Foto: RIA Novosti/Wikimedia Commons)

As Olimpíadas de Moscou são um marco histórico. Primeiro, pelo boicote de 67 países à União Soviética. Segundo, pela cerimônia de despedida, em que um mosaico do urso Misha (o mascote) \"chora\" em nome de uma trégua entre a URSS e os Estados Unidos.

Os jogos de Moscou também têm um dos estádios olímpicos que se destacam na história, o Lujniki.

Apesar de um estilo futurista e modernista, suas colunas de estilo clássico remetem ao Teatro Bolshoi, também em Moscou. 

São 72 colunas feitas em aço e com 26 metros de altura que suportam o peso de 15 mil toneladas da cobertura — uma cúpula em formato elíptico.

O Lujniki tem características únicas, que unem passado e futuro:

Estádio Olímpico de Sidney, o maior da história 

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Estádio Olímpico de Sidney durante os jogos de 2000 (Foto: Brian Pracy/Wikipédia) 

Accor Stadium ou Stadium Australia, popularmente conhecido como Estádio Olímpico de Sidney, é um estádio multiuso desenvolvido para as Olimpíadas de 2000. 

Com capacidade para 110 mil espectadores, é até hoje o maior estádio construído para um evento olímpico e o segundo maior da Austrália. 

Durante a cerimônia de encerramento, o Estádio de Sidney recebeu seu recorde de público: foram 114.714 espectadores assistindo ao fim dos jogos olímpicos de 2000. 

O estádio foi projetado pela Populous, escritório global de arquitetura e design, e pela Bligh Lobb Sports Architecture. 

Os arquitetos incorporaram medidas de design passivo para diminuir o consumo de energia incorporando. Com isso, a construção tinha luz solar, ventilação, resfriamento e aquecimento naturais. 

Los Angeles Memorial Coliseum: estádio tri-olímpico

estádio olímpico de los angeles
Entrada do Los Angeles Memorial Coliseum (Foto: Scarlet Sappho

Sede das Olimpíadas de 1932 e 1984, o Los Angeles Memorial Coliseum também receberá os Jogos Olímpicos de 2028, tornando-se o primeiro estádio a recepcionar o evento três vezes. 

O estilo arquitetônico do Memorial é o streamline moderne — uma vertente do art déco, que imperava na década de 1920 (o estádio foi construído em 1925, em homenagem aos soldados mortos na Primeira Guerra Mundial). 

Porém, a construção conta com elementos dos estilos egípcio, espanhol e mediterranean revival (estilo do século XIX que incorpora referências do renascimento espanhol, italiano e francês). 

Além das olimpíadas, o Los Angeles Coliseum também sediou dois Super Bowls, uma World Series, uma missa papal, visitas de três presidentes dos EUA e dezenas de eventos esportivos e sociais.   

Maracanã, o coração do Rio

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Partida entre as seleções de futebol de Brasil e Honduras no Maracanã, nas Olimpíadas de 2016  (Foto: Rafael Henrique Serra/Wikimedia Commons) 

Estádio mais famoso do Brasil, o Maracanã (nomeado Estádio Jornalista Mário Filho) não poderia ficar de fora durante as Olimpíadas de 2016, sediadas no Rio de Janeiro. 

Reerguido para receber a Copa do Mundo de 1950, o local foi reformado para a Copa de 2014 e, posteriormente, os Jogos Olímpicos. 

Segundo Fernandes Arquitetos Associados, o escritório de arquitetura responsável pela reforma, a ideia era transformar o Maracanã sem mudar as características marcantes de sua arquitetura moderna. Por isso, a parte externa não apresenta mudanças notáveis.

As principais alterações foram nas cadeiras, para oferecer mais conforto, ergonomia e condições de visibilidade das partidas. 

Além disso, a cobertura do estádio aumentou e ficou translúcida para dar condições de implantar o anel fotovoltaico, que capta luz solar para oferecer energia elétrica.

Banheiros, bares e outras estruturas de serviço foram reformadas para oferecer o máximo conforto aos torcedores. Por fim, a área foi ampliada de 86 mil m² para 160 mil m².

Stade de France

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Prova de atletismo nas Olimpíadas de Paris, 2024 (Foto: Eric Salard/Wikimedia Commons) 

A casa das Olimpíadas de Paris, que ocorrem durante o verão europeu, é o Stade de France. 

Inaugurado para a Copa do Mundo de 1998, o espaço é classificado como um estádio de elite pela UEFA. O maior estádio da França tem capacidade para 81 mil pessoas e é sede dos principais jogos da seleção francesa.

Como visto, os estádios olímpicos contam parte da história não apenas dos Jogos, mas da humanidade. 

Sua arquitetura remonta desde as matérias-primas disponíveis na época até as tecnologias mais atuais, desenvolvidas para dar mais conforto aos espectadores.

Na Antiguidade, os jogos surgiram em Olímpia — daí o seu nome. Conheça um pouco da cidade na Grécia que deu origem às Olimpíadas.

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