Oi, querido leitor! Como é que você tá?
Parece que depois de dois anos vivenciando a pandemia finalmente podemos dizer que estamos (começando a ficar) bem. Decidimos dividir com vocês nossa experiência ao completarmos três anos em home office.
Esse artigo não é um manual para te convencer a vivenciar o home office e nem uma maneira de romantizá-lo, mas para mostrar que é possível ter boas experiências profissionais dentro e fora de casa. Dentro de casa ou fora dela, a gente tem muito o que viver!
Quando o Beiral surgiu, lá em 2017, imaginávamos que ter um espaço que abrigasse nossos anseios, uma casa para tornar nosso sonho mais palpável, seria importante para nos sentirmos profissionais, arquitetas, donas do próprio escritório. Típico de quem sai da faculdade com pouca experiência, pouco - ou nenhum - contato profissional, ainda com o mundo a descobrir.
Uma constante por aqui é o desejo de ajustar e melhorar nossos processos internos e foi justamente em uma dessas análises que entendemos que seria a hora de partir para um novo lugar, um novo desafio. Naquele momento, o espaço como nossa “proteção profissional” já não fazia mais sentido e já não trazia o retorno esperado.
Com uma rotina que exigia de nós visitas a lojas, casas de clientes e obras, o local era pouco usado e, na maioria das semanas, nos encontrávamos cerca de duas vezes para algumas reuniões presenciais.
Foi em março de 2019 que decidimos explorar o home office, com uma divisão de atividades que permitisse o trabalho remoto. Embora o escritório esteja na ativa há apenas cinco anos, temos o privilégio de ter uma amizade sólida de mais de 10 anos, o que facilita nossa comunicação e, consequentemente, os processos do escritório.
Normalmente, uma das arquitetas é a líder de projeto, coordenando reuniões e andamento da criação, enquanto as informações estão disponíveis para todo o escritório, mesmo não havendo um fluxo de mudanças constante.
Se no primeiro ano de home office nossa preocupação era de que a informação chegasse clara até a outra e de que os processos de projeto não afetassem a qualidade da criação, nos dois anos seguintes nossa preocupação era de sobreviver, mantendo a saúde mental e o andamento do escritório.
Na nossa coluna de março do ano passado nos questionávamos se estava mesmo tudo bem, justamente porque a constante por aqui era de insegurança, medo, solidão, sentimentos que certamente rondavam a casa de muitas pessoas.
Nosso contato com o mundo era através das janelas de casa, a sacada do apê, a tela do computador e, por mais que torcêssemos para que essa experiência fosse saudável, ela deixou de ser. Estávamos sentindo saudade do presencial, dos abraços, dos cafés, do contato com clientes e do processo de projeto presencial.
Depois de mais de dois anos de distância, estamos agora revivendo o encontro. Trabalhar em casa deixou de ser uma obrigação e se tornou uma escolha. Incorporamos os benefícios do home office, mas agora o dia a dia tem sido mais leve, nos encontramos com mais frequência, podemos ver nossos clientes, tomar um café e conversar de maneira relaxada.
Obviamente, contamos com uma estrutura que facilita a rotina de trabalho híbrida que adotamos e que nem todos têm à disposição. Temos ambientes de trabalho adequados, silenciosos e confortáveis em nossas casas, espaços de coworking que acessamos facilmente, além de vivermos em uma cidade em que o tempo de deslocamento é curto.
Esse texto é um lembrete de que não existe um modelo ideal de se ter um escritório de arquitetura. É injusto que nós, jovens arquitetos, nos comparemos com profissionais de outras gerações, que vivenciaram dinâmicas completamente diferentes das atuais. O importante é estar atento à sua trajetória, aos seus processos, disposto a fazer mudanças e valorizar o que é primordial para você.