Um guia sobre energias renováveis na arquitetura
O setor da construção civil é um dos mais poluentes do mundo. Segundo dados do MDPI, o setor consome de 20 a 50% dos recursos naturais utilizados no mundo. Fontes da ONU mostram que o setor é responsável por 38% das emissões de CO2.
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No Brasil, dados do Conselho Internacional de Construção apontam que mais de ⅓ dos recursos naturais extraídos vão para a área, e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. O setor também é responsável por 50% da produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
Por isso, pensar em construções que agridam menos é essencial para a vitalidade não apenas dos recursos naturais, mas também dos próprios setores de arquitetura, construção civil e design de interiores.
Com a urgência do combate e atenuação dos efeitos das já inevitáveis mudanças climáticas, pensar em construções mais sustentáveis perpassa por toda uma mudança de concepção, que começa entendendo as edificações como parte do ecossistema em que serão construídas, rompendo com a lógica atual de que um precisa sair para dar lugar ao outro.
A partir desse novo panorama, aplicar os princípios da sustentabilidade e preservar os recursos naturais se torna parte do processo. Isso passa não apenas pela concepção de projetos e pela escolha de materiais, mas também pela redução do uso de energia e utilização dos recursos renováveis.
As opções de energia renovável são aquelas oriundas de fontes consideradas inesgotáveis no planeta, ou seja, que podem ser utilizadas na mesma velocidade em que a natureza consegue proporcionar - solar, eólica, hidráulica, oceânica e geotérmica são exemplos.
Vale lembrar que as fontes de energia mais sustentáveis são aquelas que, além de possuir como fonte um recurso renovável, também prezam por uma cadeia de produção equilibrada, com impactos mínimos ao meio ambiente, às pessoas e ao entorno cultural envolvido. Por isso, é preciso considerar também as taxas de emissão de carbono em todas as etapas do processo, a forma como os trabalhadores são tratados, o respeito à população local e outros fatores.
No Brasil, a energia hidráulica/hidrelétrica corresponde a 65,2% da matriz elétrica, mas as condições geográficas do país proporcionam boas possibilidades de uso de outras fontes renováveis, em especial a solar e a eólica. Vem ver mais:
Solar
A energia solar utiliza a luz do sol como fonte para geração de energia. Além de ser renovável, a energia solar também permite a instalação em locais remotos, onde as redes de infraestrutura elétrica não chegam.
O Brasil, sendo um país tropical, possui uma oportunidade gigante de explorar mais o potencial da energia solar. Em 2021, o Brasil foi o quarto país no mundo a expandir a capacidade de produção, e, em 2022, a energia solar superou pela primeira vez a usina hidrelétrica de Itaipu em potencial operacional, segundo dados da Absolar.
A instalação dos painéis fotovoltaicos tem um custo inicial elevado, mas com um bom retorno econômico a longo prazo, já que eles podem reduzir a conta de energia em 50% a 95%. Nos últimos anos, o preço dos painéis vem caindo bastante, e eles se tornaram excelentes opções para projetos residenciais e comerciais que estão começando do zero. Muitos bancos têm ampliado as opções de financiamentos especiais para instalação de placas solares nas casas e pequenas empresas brasileiras.
Recentemente, a Eternit lançou no Brasil a primeira telha solar de fibrocimento, que já começou a ser instalado em casas populares e comunidades - um projeto piloto que em breve poderá ampliar a popularização da energia solar dentro dos projetos residenciais. Outra forma de aplicação da energia solar está na instalação de postes de luz - dica para os arquitetos que trabalham no planejamento de cidades!
Eólica
Um dos mais conhecidos tipos de energia de fonte renovável, a energia eólica é produzida a partir do vento. Segundo dados da ONS, o Brasil tem, atualmente, capacidade de produzir 22.000 MW de energia eólica e somente a região Nordeste é responsável por 20.000 MW, ou seja, mais de 90% da produção nacional. São 828 parques eólicos em operação no país, sendo 725 parques no Nordeste, representando 12% da matriz elétrica do país.
Em projetos arquitetônicos, a energia eólica é uma boa opção para áreas com bastante vento e poucos obstáculos - e que estejam dentro da legislação permitida. Hoje, já existem opções de miniturbinas eólicas, que podem perfeitamente ser aplicadas até em áreas menores e em projetos que buscam a sustentabilidade e autossuficiência nos recursos.
E se engana quem pensa que só dá para se beneficiar do poder do vento em regiões muito remotas. Em áreas urbanas, também é possível!
É o caso desse projeto do escritório Faro, em Amsterdã, que utilizou uma miniturbina eólica no telhado, aliada a painéis fotovoltaicos para gerar toda a demanda energética da casa.
Quer saber mais sobre as opções de energia renovável e como aplicá-las em projetos no Brasil? É possível encontrar fornecedores, kits de montagem e mais informações sobre energia solar no país através do Portal Solar; para se informar sobre as aplicabilidades da energia eólica, vale conhecer mais no Guia Eólico do Instituto Ideal.
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