DW! 2018: sustentabilidade como estética em um mercado nacional valorizado
Poltrona Moon, aparadores que remetem a galhos de árvores, linha Botanique, luminárias inspiradas no germinar das sementes, sofá Wave e muitas, muitas outras referências na natureza. Assim foi (um pouco!) o São Paulo Design Weekend 2018, o maior festival urbano da América Latina. Como polo cultural e econômico por excelência, a cidade ganhou um burburinho a mais nos últimos dias com a 7ª edição do DW! promovendo o universo do design e, claro, suas conexões com arte, decoração, arquitetura, inclusão social, negócios e inovação tecnológica.
Entre lançamentos de produtos, talks, visitas guiadas em galerias e ateliês, exposições, intervenções artísticas e urbanas, concursos e “get togethers” dos melhores artistas do segmento, foram mais de 300 eventos independentes e simultâneos que agitaram, principalmente, a Alameda Gabriel Monteiro da Silva, famosa pela concentração de lojas e espaços de décor, inclusive uma das Portobello Shop de São Paulo.
No clima do que já havia sido apresentado, em abril, no Salão do Móvel de Milão, o DW! manteve a estética da sustentabilidade em voga. Em cores, formatos e tramas (muitas tramas!), as estampas botânicas e a vegetação, sempre protagonista, compuseram boa parte dos ambientes. Um dos destaques foi a loja da Breton, que deu start ao Movimento #EcoBreton com uma série de ações para deixar a grife de móveis mais sustentável. Na campanha “Meu M²” em parceria com a ONG Iniciativa Verde, por exemplo, a proposta é recuperar 1m² de Mata Atlântica a cada pedido fechado pela empresa. Ótima ideia, não? Para celebrar a ação, dois móveis foram lançados a partir da reutilização das sobras de materiais reciclados pela empresa: a poltrona POD, assinada por Brunno Jahara, e a poltrona Folha, da Lattoog Design, ambas como parte da instalação sensorial de contato com a natureza, que incluía os sons e aromas da mata, além de projeções tecnológicas em LED e em 3D.
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Além de hubs ecológicos e novos produtos, o São Paulo Design Weekend também foi marcado pela instalação Emergência que, segundo o curador Felipe Morozini, entende a arte e o design como cura. Revestida de verde-menta e outros elementos da estética hospitalar, a Estar Móveis aproveitou o festival para trazer à tona um conceito e criar uma experiência para o público que fogem do convencional: a reflexão sobre nosso modo de viver atual. Por isso, a necessidade de humanização e de pensar os móveis não só como objetos de venda, mas, também, como arte, memória e apego.
Dentro de todo o circuito do DW!, um evento âncora foi a grande atração direto do São Paulo Expo. O High Design, mix de feira de mobiliário de alto padrão e negócios, trouxe soluções para projetos de arquitetura e interiores, sejam residenciais ou corporativos, com produtos de cerca de 120 marcas no mercado nacional, entre elas, Ovo, Ameise Design, Estúdio Sérgio Matos, Sollos e Tidelli. Quem estreou com sucesso por lá foi a Wooding ao apresentar peças com estilo escandinavo utilizando madeira nacional.
A programação extensa contou com mostras, palestras, premiação e congresso em um pavilhão recém-inaugurado com 90 mil m² de área de exposição. Frequentadora assídua de eventos do segmento, Anna Carolina Perrotti, 24 anos, aprovou a High Design. “Teve muita coisa legal e o melhor é que dá para aproveitar nos meus projetos. Além de muitas novidades, principalmente, de mobiliário que é com que eu trabalho bastante, já consigo identificar certas tendências, como o uso da palha e da madeira crua nos móveis”, comentou a designer.
Assista parte do bate-papo com o estilista Dudu Bertholini no High Design:
Se até pouco tempo atrás era difícil encontrar projetos com móveis e objetos nacionais, o São Paulo Design Weekend está aí para provar que o cenário (ainda bem!) está mudando. A busca por trabalhos totalmente “made in Brazil” é resultado não apenas de tempos de crise, mas, acima de tudo, de uma conscientização e valorização do que é nosso.