A Coreia do Sul, assim como vários outros países orientais, vive entre a tradição milenar do seu povo, preservada até hoje, e a tecnologia de ponta desenvolvida nos últimos anos. A arquitetura coreana também passa por isso e sofre influências dos dois lados.
Um exemplo claro disso é o trabalho do arquiteto Yong Ju Lee, que converge referências tradicionais e inovadoras para dar vida aos seus projetos mais arrojados como o Vernacular Versatility, que venceu o concurso “eVolo 2014 Skyscraper Competition” realizado pela revista eVolo.
Vamos falar um pouco mais sobre a arquitetura da Coreia do Sul, suas bases tradicionais e a tecnologia incorporada aos projetos, assim como alguns exemplos do que pode ser encontrado no país. Continue lendo e se inspire no design sul-coreano!
O tradicionalismo presente nas edificações
Os típicos lares coreanos recebem o nome de "hanok", o que significa "casa ideal" — tradicionalmente construída de costas para a montanha e de frente para o rio, o que facilitava o acesso à água e possibilitava a harmonia com a natureza. Elas podem variar de acordo com a localidade e a preferência dos moradores, mas a maioria é feita dessa forma.
Grande parte dos lares segue o estilo da Dinastia Joseon, por isso as hanoks também podem ser chamadas de Joseon Jip. A vertente foi se desenvolvendo aos poucos durante os 500 anos da dinastia, mas sempre teve como objetivo adaptar as casas à natureza que as cercava, proporcionando maior aconchego e proteção aos moradores.
Os pisos têm um sistema de aquecimento chamado ondol que distribui o calor da lareira na cozinha para o piso de pedra da casa inteira e ainda cria um canal para expulsar a fumaça. Dessa forma, os ambientes se mantêm quentes durante o inverno. Ao norte do país, é comum que o formato seja quadrado, ou em U ao redor de um pátio, para reter melhor o calor.
Durante o verão, os cômodos ficam frescos devido a duas particularidades na construção: a varanda na frente que refresca a parede e alivia o calor do sol; e a sala que geralmente fica no meio da casa e tem um piso elevado permitindo a circulação de ar. As hanoks mais ao sul do país têm formato de L para manter o frescor.
Em regiões onde venta muito, é comum que as paredes sejam grossas e que as pessoas plantem bosques ao redor para diminuir a força dos ventos.
Por volta de 1970, os arquitetos começaram a achar o estilo hanok muito antiquado e passaram a demolir as edificações tradicionais para construir de forma mais eficiente e inspirada na estética ocidental.
Hoje, algumas pessoas buscam adequar suas casas ao estilo hanok porque acredita-se que essa construção ajude na cura de doenças causadas pelo ambiente, que podem ser evitadas com algumas mudanças. Ainda assim, menos de 1% dos lares coreanos tem esse visual.
Depois que ele passou a ser reconhecido como parte da tradição coreana, cada vez mais os arquitetos do país buscam incorporar traços tradicionais nas construções modernas, tanto em estabelecimentos públicos quanto nos privados.
A incorporação da tecnologia em todo canto
A preocupação em se adaptar ao entorno ainda é muito grande em relação às inovações tecnológicas da Coreia do Sul. Edifícios pensados para conviver em harmonia com o ambiente ou que fazem uso de fontes de energia renovável são cada vez mais comuns e apontam o caminho que o país pretende seguir no futuro.
Existem projetos como o da cidade de Songdo para criar um município completamente tecnológico do zero. É possível instalar sensores e monitorar todo o tráfego da cidade, comunicar às autoridades em caso de qualquer problema e avisar aos passageiros quanto tempo falta para o ônibus chegar.
A coleta de lixo no projeto da cidade também é muito impressionante. Sem lixeiras nas ruas, os rejeitos são recolhidos por um encanamento que vai direto das casas para um túnel subterrâneo onde ele tem uma destinação adequada.
Os esforços atuais são cada vez maiores para criar ambientes inteligentes e preparados para receber as pessoas com qualidade de vida aliada à tecnologia. Cidades inteiras como Songdo são planejadas para esse fim, tornando a Coreia um dos países mais interessantes quando o assunto é desenvolvimento tecnológico e sustentável.
Esse cenário, que parece distante das casas simples no estilo hanok, não está tão longe assim. Alguns arquitetos vêm usando toda a tecnologia disponível para criar edificações dessa vertente para o século XXI. Selecionamos alguns projetos que chamam mais atenção na arquitetura do país.
Quatro projetos de destaque
1. Vernacular Versatility
O projeto do arquiteto Yong Ju Lee, citado no começo do texto, é o exemplo perfeito de como é possível aliar a tecnologia às referências do estilo tradicional sul-coreano sem perder em nenhum dos dois lados.
O Vernacular é apenas um projeto por enquanto, mas sua ideia é se tornar um sinônimo do estilo da arquitetura coreana. Cada andar do prédio tem um telhado de ponta curva, muito característico das construções tradicionais. O comprimento dos telhados pode ser ajustado para controlar a quantidade de sol que entra. As estruturas têm pedaços de madeira à mostra para reforçar a inspiração em hanoks.
2. Hanok Stay
É comum que turistas queiram viver em uma casa tradicional coreana. Para isso existem as Hanok Stays. É possível passar alguns dias nesses lugares cercados de história e natureza e ainda aprender mais sobre a cultura do país.
Algumas são construções bem antigas, erguidas originalmente nesse estilo, enquanto outras são adaptadas para aumentar o conforto dos visitantes com banheiros ocidentais, ar-condicionado e outras comodidades da vida moderna. É possível encontrar locais que preservam 100% da arquitetura original e ainda têm programações especiais como cerimônias do chá e jogos típicos.
3. Skygarden
O Skygarden era uma passagem elevada abandonada no centro da capital da Coreia que foi transformada pelo escritório MVRDV em um parque linear. Nele, há diversas plantas nativas da Coreia agrupadas por espécie e organizadas na ordem do alfabeto coreano.
Além de ser um jeito de organizar as plantas, é também uma forma de compor o espaço: dependendo da época do ano, é possível ver mudanças em diferentes partes do parque. Como ele corta o centro da cidade, funciona para os pedestres como um lugar de passagem, facilitando o acesso a algumas ruas por meio de escadas e rampas.
4. Lotte World Tower
Concluído na primeira metade de 2017, o Lotte World Tower é o quinto prédio mais alto do mundo com 555 metros, e o mais alto da Coreia. Com 123 andares, ele tem o mirante com piso de vidro mais alto e o elevador mais rápido, que vai do primeiro ao último andar em apenas um minuto.
O formato da torre se inspira nas formas de cerâmica e caligrafia tradicionais. Os primeiros dez andares formam um shopping, e o restante se divide em escritórios, hotel e officetel — espaços que oferecem serviços de hotel para as pessoas que trabalham no prédio.
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