A democratização da arquitetura social
Recentemente, uma casa construída na comunidade do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, recebeu o título de Casa do Ano em um prêmio internacional de arquitetura. A casa construída pelo Coletivo Levante com os tradicionais blocos cerâmicos aparentes se tornou um importante pilar de sustentação para outras casas da região, e ainda foi construída em mutirão com o apoio das pessoas da comunidade.
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Em 2016, o arquiteto chileno Alejandro Aravena havia ganhado o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura, pelos seus projetos na área de habitação social. Agora, a casa do Aglomerado da Serra no Brasil volta a acender a discussão sobre a importância da democratização da arquitetura, o que passa pela disseminação da arquitetura social.
No Brasil, 85% da população vive em áreas urbanas, cerca de 100 milhões de pessoas não têm rede de esgoto, e segundo o IBGE, existem 11.403 favelas no país. Apesar de o país possuir tantas demandas específicas no acesso à moradia de qualidade, a arquitetura ainda é vista como uma exclusividade das pessoas mais ricas. Uma pesquisa do CAU mostrou que apenas 7% da população já contratou um arquiteto; destes 7%, a maioria pertence às classes A e B.
Democratizar a arquitetura passa por muitos fatores, desde a mudança cultural e a desmistificação da visão elitista da área, até a prática de valores acessíveis a toda a população e o papel das políticas públicas que garantam condições urbanísticas adequadas de moradia para todos.
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Mas, para os arquitetos que desejam se especializar na área, a arquitetura social pode significar uma grande oportunidade de atuação no Brasil, já que cerca de 83% da população brasileira pertence às classes C, D e E, responsáveis pela maior parte das compras no setor de materiais de construção.
E o interesse na área vem crescendo bastante, sobretudo com a ajuda das redes sociais para disseminar projetos acessíveis, mostrando que arquitetura é para todo mundo sim. Um projeto que ficou muito famoso nas redes sociais foi a Casa Vila Matilde, construída com baixo custo pelo estúdio Terra e Tuma na zona leste de São Paulo.
Esses exemplos mostram que conhecer os mercados locais e entender a fundo suas necessidades é essencial para disseminar projetos de arquitetura diversos e acessíveis. Conheça alguns outros projetos inspiradores que já estão fazendo isso muito bem por aqui:
- Moradigna: O negócio é especializado na construção e reforma de casas a baixo custo e com facilidades de pagamento.
- Favelar: O projeto oferece reformas baratas e sustentáveis em comunidades no RJ, buscando democratizar a arquitetura sustentável.
- Arquitetura na periferia: O projeto capacita mulheres da periferia a conduzir com autonomia as reformas de suas casas.
- Inova Urbis: O escritório de arquitetura popular, situado em São Paulo, é um dos pioneiros em focar em projetos acessíveis.
- Arquitetos da Vila: O escritório de Belo Horizonte foca em melhorar as condições de moradia para famílias de baixa renda.