A mudança climática é uma realidade já escancarada e inevitável. Quando pensamos nas consequências do aquecimento global hoje, não vemos mais “apenas” o derretimento das geleiras polares acontecendo a quilômetros e quilômetros de distância da nossa vida - falta de água, ondas de calor, inundações, escassez de alimento e outras calamidades acontecem todos os dias ao nosso redor. Por isso, pensar em sustentabilidade não é mais algo reservado aos ambientalistas. É para todo mundo: governos, empresas, profissionais e sociedade civil.
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Para quem desenvolve trabalhos criativos, pensar a sustentabilidade em seus processos é essencial, desde a concepção. Temos em mãos um momento de ruptura dos modos antigos de imaginar e fazer produtos e serviços, abrindo também uma grande oportunidade para novas formas de criar.
A WGSN, maior empresa de estudo de tendências do mundo, lançou o report Criando Melhor: Inovação em direção a um futuro sustentável. O material é um kit de ferramentas para marcas e criativos de áreas como design de interiores, moda, beleza e tecnologia, com insights para o desenvolvimento mais responsável de negócios e produtos, levando em consideração a concepção, fabricação, distribuição, consumo e pós-consumo. O material completo está neste link, mas, aqui, vamos ver os destaques em inovações para a área de arquitetura, design e interiores:
Durabilidade em foco
A área de arquitetura e design de interiores sempre esteve diretamente ligada à concepção de ideias com vida útil longa, o que já amplia o seu potencial de criar para a sustentabilidade. Porém, quando se fala em durabilidade hoje, a atenção para as matérias-primas precisa ser redobrada: não basta ser durável, é preciso pensar na origem e procedência dos materiais.
A durabilidade mora também na concepção de objetos e ambientes atemporais, com design versátil, capaz de se adaptar a diferentes cenários e momentos de vida de quem os utiliza.
Para inspirar - As construções residenciais em containers estão cada vez mais populares e são um bom exemplo disso, já que a ideia é aproveitar-se da durabilidade dos containers de aço para dar um novo uso a eles, prolongando a sua vida útil.
Consumidor mais ligado na sustentabilidade
De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo SFC - Sustainable Furnishings Council, 86% dos consumidores entrevistados disseram que materiais e processos que não agridem o meio ambiente são o quarto atributo mais importante na compra de móveis.
Já no Brasil, a Pesquisa Vida Saudável e Sustentável de 2021, realizada pela Akatu, disse que 86% dos brasileiros declararam desejar reduzir seu impacto individual sobre o meio ambiente. Em 2020, mais de 70% dos brasileiros participantes disseram esperar que as empresas não agridam o meio ambiente.
Em casa, esse desejo se traduz na busca por materiais naturais e menos agressivos. Segundo o eBay, a pesquisa por termos como por “móveis ecológicos” e “móveis sustentáveis” aumentou 171% no último ano. Vai criar um projeto? Não deixe de apresentar ao seu cliente opções de construções, revestimentos e mobiliários mais sustentáveis.
Para inspirar - A Fitto Design, com sede em Curitiba, constrói móveis de encaixe, que dispensam o uso de parafusos e pregos, feitos com madeira reflorestada.
Nem tudo precisa ser novo
O reuso de imóveis sempre foi uma realidade em países como o Brasil, mas, agora, essa modalidade de consumo ganha novas camadas. E não são apenas as preocupações com a sustentabilidade que levam os consumidores a adotar os produtos de segunda mão; também se encaixa com uma mentalidade econômica, ainda mais influenciada pela atual crise financeira, e o número crescente de consumidores que estão adotando a simplicidade e minimalismo de consumo.
Uma pesquisa de agosto de 2020 da varejista americana Decluttr descobriu que 45% dos consumidores da Geração Z estão se tornando mais econômicos para construir confiança em seu futuro financeiro, enquanto 72% estão tentando pensar em maneiras criativas de economizar ou ganhar dinheiro. Para quem cria, é hora de trazer novas referências e elevar o usado a um novo patamar.
Para inspirar - O site Arquitetos Vendem é um espaço para compra de móveis usados com a curadoria de arquitetos; A Bossa Nossa Casa incentiva o consumo de reuso a partir de uma curadoria especial de peças.
Novos modelos de negócios
À medida que as atitudes do consumidor em relação à economia compartilhada mudam, o desejo por modelos de assinatura e serviços de aluguel vai se acelerar. Assim como na moda, o modelo de aluguel é cada vez mais interessante para o setor de interiores.
Além de se adaptar a novos estilos de vida e de consumo com menos compromisso, o aluguel de móveis atende a pessoas que estão sempre em movimento e costumam mudar de endereço. Além disso, é uma garantia de que, depois de usadas, as peças serão devolvidas continuarão úteis para outros.
Para inspirar - A Tuim é uma empresa brasileira de móveis por assinatura; a loja de departamento John Lewis lançou, em 2021, o seu próprio serviço de aluguel de móveis.