Contagem regressiva para o 28º Congresso Mundial de Arquitetos
Estreio esta coluna no Archtrends contando uma novidade: estou de partida para Copenhague, capital da Dinamarca, onde participarei do 28º Congresso Mundial de Arquitetos, organizado pela UIA - União Internacional de Arquitetos. Farei a cobertura do evento neste espaço e nas redes sociais do Archtrends – e espero compartilhar ótimas notícias sobre tudo o que for discutido por lá.
Este ano, o encontro abordará a Arquitetura como ferramenta central na conquista dos 17 ODS- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O congresso está organizado em torno de seis temas que visam explorar tópicos do futuro, fomentar discussões sobre novos materiais e métodos, além de incentivar a criação de um mundo mais sustentável.
Por enquanto, ainda estou em solo brasileiro, então aproveito para contar a vocês um pouco sobre minha relação com a Dinamarca e o motivo de eu estar com viagem marcada para um dos países mais felizes do mundo.
Tudo começou décadas atrás, quando eu, durante um intercâmbio de estágio remunerado em Malta, conheci dois dinamarqueses: Peter Voergaard e Jacob Truelsen. Nós ficamos muito próximos e nos tornamos bons amigos. Após a experiência internacional, mantivemos contato, voltamos a nos encontrar e viajamos juntos por Buenos Aires, Punta del Leste e Florianópolis.
Alguns meses depois, recebi uma ligação de Peter para nos convidar (eu e minha sócia, Taís Marchetti) para o seu casamento, que seria realizado no sul da Dinamarca, em uma região interiorana. Lembro que fiquei muito surpreso e feliz com o convite – e obviamente aceitei. Era então 1994.
Foi uma experiência muito interessante! Após o casamento, nós tivemos a chance de conhecer mais o país. Isso porque nossos amigos haviam organizado uma viagem para Taís e eu pelo interior da Dinamarca, partindo do Sul até chegar a Copenhague. Ao longo do trajeto, ficamos hospedados em casas de vários outros amigos deles, que ainda nem conhecíamos. Fomos muito bem recebidos por todos e criamos um laço de afinidade grande com aquelas pessoas.
Ao conhecer Copenhague, me apaixonei. Eu já tinha ouvido falar muito sobre a cidade, mas nunca tive a oportunidade de vivenciá-la antes. Tudo ali me passou boa impressão: a escala humana, a horizontalidade, os edifícios de seis pavimentos, o povo acolhedor, a cultura forte, o alto entendimento de cidadania… Foram diversos aspectos que fizeram com que eu me identificasse bastante com o lugar.
Encantado com o que vi, comecei a visitar Copenhague com mais frequência. Ao longo dos 30 anos que tenho viajado para lá, pude enxergar uma evolução tanto nas habitações como na questão urbana. A capital avançou muito no que diz respeito à qualidade de vida e também das edificações, com inovações no modo de morar e de viver. Claro que aconteceu isso no mundo todo de certa forma, mas acredito que Copenhague é como um laboratório urbano.
As inovações começaram a impulsionar cada vez mais novas descobertas e novos formatos de organização espacial da cidade. Há uma usina de tratamento de lixo na área central da cidade, por exemplo, chamada Copenhill: a construção que a princípio tem um papel não tão nobre para um centro de cidade foi transformada em uma pista de esqui e recebeu ainda uma parede de escaladas. Ou seja, em vez de um edifício como este gerar algum tipo de desconforto, acabou se tornando uma virtude e hoje atrai visitantes.
A questão do transporte público também vale ser mencionada. Da primeira vez que visitei a capital, nem existia metrô. E, hoje, mesmo que jovem, o metrô de Copenhague é altamente eficiente, tecnológico e contemporâneo, com estações maravilhosas. O sistema cicloviário também precisa ser comentado: é um dos maiores e melhores do mundo. Em Copenhague, eles dizem que a ciclovia deve atender com segurança tanto uma criança de 10 anos, até um adulto de 90 anos. Não à toa, 60% da população se locomove com bicicleta no verão e 45% no inverno. Neste cenário, o carro deixa de ser protagonista.
Além dos bairros planejados que estão crescendo com base em pesquisas feitas pelos governos federal, estadual e municipal, eu também presenciei, ao longo dos anos, o incremento da questão cultural, com surgimento de novas arenas, museus, salas de concerto e outras estruturas de cultura, lazer e esportes. Observando tudo isso, fica fácil entender porque o nível de felicidade é tão alto na região.
No quesito arquitetura, a Dinamarca me fascina por seus ícones, a exemplo de Arne Jacobsen, arquiteto moderno reconhecido internacionalmente pela qualidade de seu trabalho e que até hoje tem vários discípulos. Ao mesmo tempo, existe uma nova vertente de arquitetos jovens muito comprometidos com a evolução da qualidade arquitetônica e do lifestyle dinamarquês. É para este lugar tão inspirador que viajo logo mais. Mando notícias em breve!