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Como anda nossa relação com a nossa casa?

O quarto de Lufe traz decoração afetiva, com tecidos fluidos e múltiplas texturas (Foto: Lufe Gomes)

Será que estamos mesmo vivendo uma relação de amor, construtiva, de afeto e crescimento juntos com o lugar que habitamos?

Parece estranho falar assim, mas já parou para pensar que nossa casa é nossa companheira de vida?

O ambiente que vivemos nos conta mais sobre quem somos do que muitas vezes nos permitimos pensar. Olhando ao redor, podemos perceber sinais importantes de como está nossa jornada nessa vida, simplesmente dando atenção aos objetos materializados ali.

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Livros e objetos contam histórias na decoração (Foto: Lufe Gomes)

Por exemplo, quando você tem objetos de viagem, o que isso significa? Que você viajou. E quando temos peças que foram de pessoas queridas, como pais, avós, amigos, o que isso quer dizer na decoração? Que somos amados, que tivemos histórias afetivas. E quando escolhemos acabamentos que nos lembram a infância, como móveis de garimpos, revestimentos retrô, pisos que parecem da casa da avó? Isso mostra como momentos felizes foram vividos e acariciam nosso coração.

>>> Leia também: Giovanna Nader reflete sobre o significado de casa de avó

Certo, mas e quando não prestamos atenção, compramos qualquer objeto simplesmente para preencher um espaço, seja na estante, seja na sala, só mesmo para não deixar a casa vazia?

Sim... Isso também quer dizer que talvez estejamos olhando pouco para nós mesmos e o que realmente nos encanta. Hora de respirar e trazer para a vida somente o que importa e não a aparência do que esperam de nós.

Eu gosto tanto da sabedoria de que um espaço sem nada não quer dizer necessariamente que esteja vazio. Ele pode estar repleto de você, ou das pessoas que habitam ali, mas aproveitando um momento de pausa, de reflexão, de permissão de um tela em branco pronta para novas histórias.

A parede branca ficou anos vazia até a moradora encontrar a obra perfeita, que falou com seu coração (Foto: Lufe Gomes)

Recentemente, fui gravar a casa de uma família e a moradora estava me contando que demorou muito tempo para resolver uma parede importante da sala, que ficou branca por anos. Ela sabia o que queria, mas não tinha ideia qual objeto preencheria seu desejo ali.

Um certo dia, navegando por páginas de garimpos e antiguidades nas mídias sociais, viu um vídeo de uma mesa que estava sendo vendida. Quem disse que ela viu a mesa? Que nada! Seu olhar foi lá no fundo e viu de relance uma arte encostada no fundo da loja. Se apaixonou. E olha que nem era o objeto foco da venda online. Mas seu coração sabia que era aquela obra.

Era uma pintura antiga, grande, de mais de 2 metros. Parecia um tapete pintado, em tons de azul acinzentado com desenhos angelicais com flores. Lindo mesmo. Pois era ele.

Ao lado, dessa arte, outra memória afetiva que lembrava sua infância. Um abajur de pé, alto, em madeira retorcida, que lembrava a casa da avó. Ela queria porque queria que fosse madeira retorcida. Esperou até conseguir e hoje pode olhar para aquele cantinho e suspirar mesmo que inconscientemente, como um carinho que lembra seus tempos de menina, quando tinha que ficar nas pontas dos pés para tentar ligar a luz do abajur.

Sim, nossa casa está sempre falando com a gente.

É assim quando pisamos descalços no piso que amamos, é assim quando usamos uma xícara especial, um perfume, uma luz, uma textura, uma foto ou até mesmo mesmo quando ficamos parados olhando para o espaço todo vazio pensando na pessoa que somos e na trajetória que nos trouxe até aqui e na emoção que vai ser poder contar essas histórias sutis através da decoração consciente de onde escolhemos VIVER.

Já pensou sobre isso?

Então... pense.

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