08.09.2022
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Eventos de design e arquitetura
Mais de 10 mil pessoas se inscreveram no Archtrends Summit 2022 (Foto: Guto Campos)

Confira o que rolou no Archtrends Summit 2022

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08.09.2022
Alex Atala, Gabriela de Matos, Humberto Campana, Nina Talks, Patricia Pomerantzeff e Vik Muniz discutiram sustentabilidade, criatividade, inclusão e design
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Sustentabilidade, criatividade, inclusão, arquitetura e design. Esses foram temas que guiaram a programação do Archtrends Summit 22, organizado pela Portobello e realizado nesta quinta-feira (8), no hotel Rosewood, em São Paulo. Com os convidados Alex Atala, Gabriela de Matos, Humberto Campana, Nina Talks, Patricia Pomerantzeff e Vik Muniz, a manhã foi embalada pela temática Me Is We: Nossa Natureza é Coletiva. O Archtrends Summit é um evento âncora da DW!, a semana de design de São Paulo, que ocorre até o dia 11 de setembro na capital paulista.

Primeiro talk com chef Alex Atala, com participaçao do jornalista Pedro Andrade e gerente de branding da Portobello, Eduardo Scoz (Foto: Guto Campos)

No primeiro talk, apresentado pelo jornalista e colunista Pedro Andrade com Alex Atala, nome à frente do premiado restaurante paulistano D.O.M, foi discutida a sustentabilidade e ousadia no fazer criativo. O gerente de branding da Portobello, Eduardo Scoz, também participou da mesa.

"Hoje, o mundo das empresas, pessoas, jovens veem a sustentabilidade quase como ir ao dentista, destituído de prazer", disse Atala. "Seria incrível sonhar com um mundo onde atitudes sustentáveis sejam tão importantes quanto atitudes cidadãs. Não jogar plástico na rua, cuidar do seu lixo".

O chef comentou sobre o desafio de engajar novas gerações acerca de questões ambientais e hábitos sustentáveis. "Cabe a gente ressignificar a sustentabilidade", disse.

Profissionais de arquitura assistiram ao talk com chef Alex Atala (Foto: Guto Campos)

"Quando a gente, no nosso pequeno mundo de cozinha, tenta ser sustentável, cai em tremendas contradições. Por exemplo, o meu ingrediente fica a 4.000 quilômetros do restaurante, já não deveria ser sustentável. A perfeição não existe, a aproximação é uma obrigação, eu não serei sustentável, não serei perfeito, mas serei melhor a cada dia, através de pequenos passos cotidianos", disse Atala.

Também foi anunciada uma parceria do chef com a Portobello na cocriação de um novo produto, que deve ser divulgado em breve. "Inovação é criatividade com utilidade", disse ele. "Talvez seja esse o maior desafio neste projeto com a Portobello, trazer uma nova cozinha que seja útil para todo mundo".

Apresentação do vídeo com a empreendedora italiana Paola Lenti e sua irmã Anna (Foto: Guto Campos)

Depois, apresentaram-se por vídeo a empreendedora italiana Paola Lenti e sua irmã Anna. Elas falaram sobre a história e rotina do estúdio Paola Lenti, consagrado pelo uso vibrante de cores e por parcerias com diversos designers de renome internacional. Entre elas, a linha de mobiliário Metamorfosi, produzida com os brasileiros Humberto e Fernando Campana, e toda costurada com sobras de tecidos do ateliê. O resultado foi apresentado no Salão do Móvel de Milão deste ano.

“O que há quatro, cinco anos descartávamos, começamos a ver de forma diferente”, disse Paola. “Chegamos à ideia de fazer uma coleção reutilizando”.

Na sequência, Humberto Campana abriu o seu talk sobre manualidade do trabalho no Estúdio Campana ao lado da curadora de design e colunista do Archtrends Taissa Buescu e de Eduardo Scoz.

Humberto Campana abriu o seu talk sobre manualidade do trabalho no Estúdio Campana (Foto: Guto Campos)

Humberto falou sobre sua trajetória à frente do estúdio criado junto ao irmão Fernando. Contou como transformaram objetos do cotidiano em peças de design. “Fiz Direito na USP, larguei. Eu queria ser escultor, [pensei] ‘vou começar a minha vida com as minhas mãos’. Foi um mantra mesmo, comecei a fazer espelhos de conchas, molduras”. Ele conta que seu irmão Fernando, formado na Faculdade de Belas Artes, colaborou para o refino dos seus traços. “Eu era muito naif”.

“Eu não queria trilhar o caminho dos modernistas, eu queria mostrar o meu Brasil, acho que o Brasil é muito maior que a escola Bauhaus, linhas e linearidade, não, eu queria curvas, natureza, cultura popular, as raízes”, disse.

Ele conta sobre a inspiração em Lina Bo Bardi e seu olhar estrangeiro sobre o Brasil, e que procura manter “olhar infantil” para conseguir desenvolver novas peças. “Nas vezes que tentei ser comercial, não deu certo”, disse. "O grande desafio é transformar o banal no falso brilhante".

Curadora de design e colunista do Archtrends Taissa Buescu e Eduardo Scoz comandaram talk com Humberto Campana (Foto: Guto Campos)

O designer também falou sobre uma área verde que possui com o irmão em Brotas, no interior de São Paulo, cidade onde nasceram e, devido à pandemia, escolheram como destino. Lá, foram plantadas 20.000 mudas e erguidas esculturas naturais. Também pretende, com ajuda de um biólogo, recriar a vegetação original de um espaço. “Eu planto muita árvore, é uma forma de limpar o carma de estar nesse planeta”.

Peças criadas por ele e o irmão devem também migrar para esse terreno e, um dia, espera abrir o que chama de “escola de humanidades” na cidade.

Editora do Archtrends, Maria Silvia Ferraz, mediou discussão sobre representatividade feminina (Foto: Guto Campos)

Após o talk, foi a vez das arquitetas Patricia Pomerantzeff e Gabriela de Matos, a designer Nina Talks e a diretora de Inovação e Branding da Portobello, Chris Ferreira, participarem de uma mesa de discussão a respeito de representatividade feminina. O debate foi mediado pela editora do Archtrends, Maria Silvia Ferraz.

Como destacado por Gabriela de Matos, hoje, mulheres são maioria entre os arquitetos brasileiros, mas ainda falta representatividade. Vice-presidente do IAB de São Paulo e criadora da plataforma Arquitetas Negras, Gabriela levantou questionamentos sobre o espaço da mulher na profissão.

Arquiteta Gabriela de Matos levantou questionamentos sobre o espaço da mulher na profissão (Foto: Guto Campos)

“Onde estamos? Quais lugares estamos ocupando? Quem assina o projeto? Ainda nos cargos de decisão e opinião estão os homens”, disse. “Quanto mais diversidade, mais rica a produção”.

Patricia Pomerantzeff, que produz conteúdo para Instagram e YouTube, contou como, inicialmente, havia expectativa que produzisse apenas conteúdo de DIY (do it yourself), e havia resistência para que ela criasse vídeos visitando obras e mostrando etapas de seus projetos. “Acredito na sensibilidade feminina que nos coloca num lugar único”, disse.

Arquiteta Patricia Pomerantzeff comentou suas experiências profissionais (Foto: Guto Campos)

A designer e criadora de conteúdo digital Nina Talks falou sobre a área de UX (user experience), e como carecem de mulheres no setor. “Meu objetivo é segurar a porta para que outras mulheres passem”.

Designer e criadora de conteúdo digital Nina Talks falou sobre a área de UX (Foto: Guto Campos)

Chris Ferreira disse que os desafios impostos a fizeram se capacitar mais ainda para superar as adversidades. “O grande segredo é o pensamento diferente, é dar voz às pessoas diferentes para que possamos evoluir”.

Por fim, apresentou-se o artista plástico Vik Muniz em palestra sobre criatividade. Ele apresentou suas obras e explicou como as desenvolveu. “Eu faço para depois pensar no que é aquilo”, disse. “Eu tenho interesse grande por epistemologia, como a mente interage com a matéria”.

Artista plástico Vik Muniz palestrou sobre criatividade (Foto: Guto Campos)

Ele contou como as sobras de um jantar, em que degustava macarronada com molho vermelho, se transformou em uma de suas obras mais famosas. Em fotos de seu prato, aparece, feita com molho de tomate, a Medusa de Caravaggio.Também mostrou parte da série feita no aterro sanitário em Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, que resultou no aclamado documentário Lixo Extraordinário, de 2010. O filme, que conta a trajetória de catadores de lixo na região e da produção de instalações artísticas de Vik, chegou a concorrer ao Oscar na categoria de melhor documentário. Ele recorda como esse sucesso mudou a vida dos personagens envolvidos na história e em seus trabalhos. “Mudou a minha vida, comecei a entender pra que servia a arte”, disse.

Perdeu a transmissão ao vivo do Archtrends Summit? Assista ao evento completo no vídeo abaixo:

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