No Archtrends Summit 2020, os participantes puderam prestigiar a palestra ministrada pelo empreendedor francês Alexandre Allard, que adquiriu o antigo Hospital Umberto Primo, mais conhecido como Hospital Matarazzo, em São Paulo. O empresário contou sobre as obras que transformarão o espaço na Cidade Matarazzo.
A ideia é que o antigo hospital dê lugar a um complexo, que terá o primeiro hotel seis estrelas do Brasil. No local também haverá espaços culturais e comerciais. Parte da obra terá a assinatura do renomado arquiteto francês Jean Nouvel, que ganhou o Prêmio Pritzker em 2008.
O passado, o presente e o futuro desse grande empreendimento serão mostrados a você no artigo de hoje. Continue a leitura e saiba mais sobre o desenvolvimento da Cidade Matarazzo.
Passado: a história do Hospital Matarazzo
O Hospital Humberto Primo, conhecido popularmente como Hospital Matarazzo, foi construído em 1904 pela Società Italiana di Beneficenza.
Usando o slogan “A saúde dos ricos para os pobres”, o objetivo era que a unidade servisse para atender os imigrantes italianos e seus descendentes.
O nome Hospital Matarazzo foi adotado porque um dos principais administradores do estabelecimento era o Conde Francesco Matarazzo. Ele era a figura responsável pela administração hospitalar e acabou que as pessoas começaram a associar o seu nome ao local.
Quando o hospital foi construído, a hoje conhecida Avenida Paulista ainda era uma rota considerada distante, ocupada por chácaras que faziam fronteira com os bairros da região central da cidade de São Paulo.
O Hospital Matarazzo foi projetado pelos arquitetos italianos Luigi Pucci e Giulio Micheli, tendo um estilo neoclássico e o ambiente dividido em alas. Além do prédio principal, nos anos seguintes foram construídas novas edificações nos arredores.
Em 1922, foi construída a Capela de Santa Luzia, assinada pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi. Ela tem detalhes revestidos em scagliola, uma imitação do mármore. A fachada é neoclássica e os vitrais são originais.
A maternidade Condessa Filomena Matarazzo foi construída em 1943, por ordem da própria membra da nobreza que dá nome ao prédio. Essa edificação tem bases arquitetônicas neoclássicas e segue uma estética totalmente baseada na simetria.
Além dessas, diversas novas alas e edificações foram construídas no terreno ao longo do século XX. A arquitetura fez com que, em 1986, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (CONDEPHAAT) tombasse todo o complexo como um patrimônio histórico.
Presente: a compra do complexo por Alexandre Allard
O hospital foi à falência em 1993, encerrando totalmente as suas atividades. Três anos depois, o complexo foi comprado pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), que tinha a intenção de firmar parcerias e construir um shopping e um hotel de luxo no local.
A ideia não foi para frente, uma vez que o tombamento das construções impedia instalações que descaracterizassem o projeto original. Isso fez com que as edificações fossem abandonadas, o que resultou em uma invasão por pessoas em situação de rua, que foram morar no local em 1998.
Alguns anos depois, em 2011, o complexo foi adquirido pelo atual proprietário, o empresário francês Alexandre Allard, pelo valor de R$ 117 milhões. Foram feitas negociações com o CONDEPHAAT para que fosse permitido fazer algumas modificações na estrutura e construir novas edificações no local.
Mudanças e revitalizações começaram a ser desenvolvidas no complexo. A artista mineira Cinthia Marcelle, por exemplo, reuniu toda a poeira acumulada em mais de 20 anos nos prédios e fixou no piso.
Em 2015, o local também foi palco do Festival Rock na Cidade, promovido pela 89 A Rádio Rock, em comemoração aos 461 anos de São Paulo. Na ocasião, mais de 40 bandas, nacionais e internacionais, se apresentaram no complexo.
Logo após a realização do Festival Rock na Cidade, iniciaram-se as obras da Cidade Matarazzo, idealizada por Alexandre Allard e renomados profissionais da arquitetura. O complexo começou a ser reformado e dará lugar a um hotel de luxo.
Futuro: a incrível Cidade Matarazzo
O visionário empresário Alexandre Allard pensa em transformar a Cidade Matarazzo em um novo símbolo de São Paulo. Tudo está sendo feito com respeito à memória do local e ao que a edificação representa ao patrimônio histórico e cultural do município.
Para dar vida ao seu projeto, ele convidou algumas das mentes mais criativas do mundo para conceber o complexo. Além do luxuoso hotel, a Cidade Matarazzo abrigará uma área comercial, um espaço cultural e o maior parque privado de São Paulo.
O coração do complexo será o Hotel Rosewood São Paulo, que ocupará o prédio que antes era a maternidade. A expectativa é que o empreendimento dê vida à rede hoteleira mais luxuosa da América Latina.
Para que isso seja possível, o renomado arquiteto e designer francês Philippe Starck foi convocado. Ele tem a missão de usar somente materiais nacionais e contratar apenas fornecedores brasileiros para o projeto.
Próximo ao hotel, será instalada a Torre Mata Atlântica, um projeto idealizado pelo arquiteto Jean Nouvel, ganhador do Prêmio Pritzker. Essa edificação servirá como um complemento ao hotel, abrigando 150 quartos e 122 suítes particulares.
A torre terá 25 andares e, como inspiração, a floresta tropical. Ela abrigará, em seus terraços, árvores com mais de 15 m de altura. O objetivo é trazer para o empreendimento as belezas da Mata Atlântica, que se mesclarão com a arquitetura neoclássica dos edifícios históricos.
Além de Starck e Nouvel, a Cidade Matarazzo também conta com a colaboração dos escritórios de design Ateliers de France, responsável pelos acabamentos de toda a obra, o franco-brasileiro Triptyque e o norueguês SPOL, que realizam a tropicalização do projeto.
A Cidade Matarazzo também contará com um amplo espaço comercial (Projeto: Cidade Matarazzo)
Na Cidade Matarazzo, ainda haverá um espaço comercial, que reunirá mais de 70 marcas estrangeiras e inéditas em nosso país. Isso sem contar os cerca de 30 pontos gastronômicos, idealizados por chefs requisitados em todo o Brasil.
Um dos pavilhões do espaço comercial será totalmente dedicado à cultura. Chamado de Casa da Criatividade, esse local foi projetado pelo arquiteto francês Rudy Ricciotti, o responsável pelo departamento das Artes Islâmicas no Museu do Louvre, em Paris.
A Casa da Criatividade será composta por uma sala de exibição privada, um teatro com capacidade para 560 pessoas sentadas e 1500 em pé, um centro para palestras e workshops e um clube para ensino das artes às crianças.
A cultura também estará presente em outros espaços da Cidade Matarazzo, como em um estúdio de música e uma sala de cinema. Além disso, serão instaladas 69 Casas de Artesãos, com trabalhos que contemplam o artesanato típico de todas as regiões do Brasil.
Tudo isso será envolto por mais de 10 mil árvores nativas, que farão com que o local seja considerado o maior parque privado da cidade. O entorno da propriedade também terá um mercado orgânico a céu aberto, para que a população de rua possa ser reintegrada por meio de uma formação em permacultura.
A Cidade Matarazzo trabalha com um conceito chamado Made in Brazil, com todos os profissionais e fornecedores contratados sendo brasileiros. O objetivo é valorizar o que é nosso, exaltando a nossa cultura e movimentando a economia do nosso país.
Os desenvolvedores da Cidade Matarazzo também estão engajados para a realização de um empreendimento totalmente sustentável, que consiga obter a classificação Leed.
Você ainda tem dúvida de que a Cidade Matarazzo será o novo símbolo de São Paulo? Pela magnitude da obra, afirmar isso não é nenhum exagero.
Para saber mais sobre o projeto, convidamos você para assistir à palestra de Alexandre Allard no Archtrends Summit 2020. Ela está completa em nosso canal no YouTube.
Foto de destaque: o antigo Hospital Matarazzo dará lugar à Cidade Matarazzo, que abrigará um hotel de luxo (Foto: Cidade Matarazzo)