A narrativa poética do Centro Cultural Veras, contada na rede social da instituição, foi o ponto de partida escolhido para escrever, pela terceira vez, a história desta “obra para o mundo novo” que está sendo erguida em Florianópolis (SC). Sou fã do projeto que tem conquistado admiradores por este mundão e tem sido construído com apoio de muitas pessoas no Brasil.
É também um convite para você acompanhar quase que um diário da obra (@centroculturalveras), que materializa um sonho de poucos, fomentado há 20 anos, para o bem coletivo. O Centro Cultural Veras (CCV) está sendo concebido para o compartilhamento de arte, de afetos e de esperança.
O #VerasFloripa está em processo de gestação há muito tempo e seu nascimento coincide com a chegada do mundo novo, que nos aflige, mas também reforça em cada um de nós esperança, fraternidade, coragem e cumplicidade (9 de abril 2020), escreve no instagram do CCV o co-fundador, curador e historiador da arte, Josué Mattos.
ESPÍRITO DE OFERENDA
O Centro Cultural Veras é a germinação de uma "semente" recebida de nossos mestres, em 1999, ocasião em que fomos introduzidos à ideia de que a vida se expande e ganha sentido real quando transformada em oferenda. Ao longo do processo, ele foi desejo, inúmeras ideias e planos fracassados. Recebeu apoio e colaboração de centenas de pessoas mundo afora, assim como doses suplementares de desejo, indispensáveis para animar o percurso e preservar o espírito de oferenda que desde então nos mobiliza.
Há cinco anos o pedaço de chão onde o Veras cresce manifestou-se. Depois de um tempo a pensá-lo como semente, passamos a meditar no processo de germinação da figueira. Esta magnânima árvore está em nosso imaginário como aquela potência que preserva toda sua força em uma minúscula partícula e se expande de maneira imponente, por décadas e séculos. É, também, a nossa rainha, na praça central da cidade. (10 de junho 2020)
ESPAÇO SINGULAR
A iniciativa de direito privado e interesse público, sem fins lucrativos, tem foco em quatro pilares: O Veras celebra a unidade na diversidade. Por reunir em um único espaço ações artísticas, educativas, práticas de yoga e sustentabilidade, ele será um espaço singular no Brasil (5 de fevereiro 2019), define Mattos, nascido em Criciúma, cuja formação artística aconteceu em Paris, onde morou por 10 anos.
De maneira leve e poética, ele faz um convite para imaginarmos o que será o #centroculturalveras, cujos tijolos estão forjando uma obra contemporânea arquitetada de forma disruptiva. Imagine um centro cultural no qual você visita e participa de exposições, conhece os benefícios de plantas comestíveis não-convencionais, desfruta de bons momentos com amigos, praticando yoga e meditação, e ainda pode ter formação continuada em práticas de educação ambiental. Imaginou? Estamos construindo esse espaço no coração da #ilha de #Florianópolis. (25 de julho 2019).
TIJOLOS DO VERAS
Com o pronome neutro "it", do idioma inglês, acrescido à palavra Veras, surge Veritas. A primeira é traduzida como real; a segunda, como verdade. Substituído o “r” de Veras por “d”, temos Vedas, compêndio universal de conhecimento, um corpo vasto de saber, cuja síntese, Vedanta, é tida como a “conclusão do conhecimento”. Os tijolos do #VerasFloripa preservam esses conceitos que aproximam o ancestral do contemporâneo e fazem com que a expressão "scientia potentia est" (conhecer é poder) – atribuída a Francis Bacon (1561-1626) – fortaleça e estruture vidas. (14 de abril 2020)
Conceitos que vão além do nome e reverberam na maneira disruptiva de conduzir a construção do CCV, com parcerias, ações colaborativas, financiamento coletivo, permutas e os cachês de Mattos. Consequência de sua sólida trajetória, com exposições nacionais e internacionais, além de premiações, e visibilidade no segmento, que criaram e foram um terreno fértil para o lançamento, em 2017, do Programa de Múltiplos. Artistas como Jorge Menna Barreto, Regina Silveira, Sandra Cinto e Albano Afonso aderiram ao projeto e colaboraram com um múltiplo, com tiragem de 90 exemplares. Mattos também criou a ação Construtores do Veras para buscar doações para erguer o edifício.
Os tijolos do Veras carregam a história, o sonho e a persistência do curador, graduado em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X Nanterre, onde obteve o título de Master 1 e 2 em História da Arte Contemporânea. Em 2009, concluiu o mestrado em Práticas Curatoriais, na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne.
Já se passaram quase 20 anos desde quando começamos a desenvolver o projeto do Centro Cultural Veras. Ainda nos resta uma longa trajetória para colocarmos esse espaço a serviço da comunidade em geral, mas já estamos felizes com os resultados. Hoje temos um terreno e um projeto arquitetônico muito especial, desenhado pelo Terra e Tuma Arquitetos. Que venha 2017, estamos cheios de ideias para seguir adiante com esse sonho. (14 de dezembro 2016, post 1)
DO PAPEL PARA O MUNDO REAL
Faz algum tempo que convivemos com os desenhos do @terraetuma para a sede do centro cultural veras. Vejam que beleza a imagem que @soninhavill fez da construção dias atrás. O desenho arquitetônico começa a ser transferido do papel para o mundo real.
Agradecemos ao @bloco.b que além de assumir a execução do projeto arquitetônico também produziu imagens da obra. (22 de maio 2020)
O edifício com 1.100m² será implantado em um terreno de 515m², no bairro Córrego Grande e o programa prevê espaços amplos para a produção artística e práticas interdisciplinares. Os ambientes do térreo serão articulados com um mezanino, local para atividades educacionais e encontros com o público infantil. Nos dois pavimentos superiores ocorrerão diferentes atividades educacionais e culturais. A cobertura irá acolher uma horta comunitária, entre outras práticas.
Com soluções simples aliadas ao programa do Veras, a equipe de criadores concebeu um projeto aberto a diálogos com artistas, educadores, yoguis e agricultores, os agentes revolucionários com quem o Veras está desenvolvendo suas ações de lançamento. (19 de março 2020)
O projeto arquitetônico é do Terra e Tuma Arquitetos Associados, escritório de São Paulo cuja trajetória inclui projetos exibidos nas Bienais de Veneza, Rotterdam e Quito e vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais. O paisagismo foi concebido pelo escritório Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem, considerando a utilização de técnicas de agro-floresta e agricultura urbana.
Estamos nos aproximando do momento em que os mais de 90.000 tijolos, juntos com outros tantos materiais e sentimentos de oferta, erguerão as paredes do @centroculturalveras.
Agradecemos ao @terraetuma pela sensibilidade com que conduziu o processo de desenho do edifício, a @gabriella_ornaghi_arq_paisagem por aliar agrofloresta e jardim em nossas hortas comunitárias e a @fix_arq, por nos acompanhar durante parte do processo nebuloso do estudo global da obra.
Nada disso seria possível sem os muitos projetos realizados, desde 2010, e as recentes permutas de trabalho, elaboradas com o @institutoadelina, de São Paulo, e o @centrodeartecontemporaneaw, de Ribeirão Preto. Agradecemos a @casa_goia por acolher por meses o acervo de obras doadas por artistas brasileiros, aos quais agradecemos calorosamente por converteram seus trabalhos em materiais de construção.
Muito obrigado as diferentes comunidades que nos apoiam e inspiram a buscar meios para tirar este projeto do papel.
Se você chegou até aqui, celebre conosco a identidade visual do #verasfloripa, que nasce junto com os primeiros momentos da construção.
Queremos que cada visitante, artista, yogui, agrofloresteiro, estudante, amante da arte, professor, sinta-se parte desses 90.000 tijolos, erguidos com a força que dá vida à vida.(4 de julho 2019)
Os Construtores do Veras vivem em diferentes regiões do Brasil e do mundo. São artistas, yoguis, arquitetos, engenheiros, professores, agricultores. No canteiro (momentaneamente paralisado até nova ordem das autoridades de saúde) somos pedreiros, marceneiros, engenheiros, armadores, mestre-de-obras, encanadores, eletricistas, pintores, fotógrafos e arquitetas. (31 de março 2020)
UM PACOTE DE CORAGEM
Estamos na fase final da estrutura do centro cultural veras, uma obra que preparamos para acolher o mundo novo. Já se foram quase seis meses a quantificar, cotar, negociar e receber aço, madeira, concreto, prego e equipamentos de segurança. Em breve entraremos na segunda fase da obra. Chegarão tijolos, argamassa, outros equipamentos de segurança e um pacote de coragem extra para seguirmos remando contra maré e renovarmos a nossa intenção de transformar este espaço em uma oferenda amorosa. Muito obrigado a todas e todos que apoiam esta longa empreitada. (11 de maio 2020)
Há veias pulsando nas colunas e vigas, escadas e lajes do edifício que erguemos. A intensa segunda-feira foi marcada pela concretagem da última grande laje. Nos próximos dias entraremos na etapa de drenagem do solo, impermeabilização da estrutura, recuperação parcial do concreto e a construção dos muros de contenção. Tudo isso enquanto os primeiros tijolos produzidos para o #VerasFloripa secam antes de entrar no forno. Assim, em algumas semanas, começaremos a vedar o Veras com suas paredes cor de terra vermelha, tão vivas quanto o sangue que já corre nas veias da estrutura de concreto aparente.(25 de maio 2020)
Ficha técnica do projeto
Projeto arquitetônico: Terra e Tuma
Coordenação de projetos: Bloco B arquitetura
Execução Infra e superestrutura: Engenho e FN Engenharia
Execução segunda etapa da obra: Bloco B arquitetura e + Pronto Engenharia
Projeto de paisagismo: Gabriella Ornaghi
Ilustrações: Bloco B arquitetura
--
Foto de destaque: Centro Cultural Veras: Uma obra para o mundo novo. Ilustrações: Bloco B arquitetura.