Cecilie Manz fala da linha Puro e assume: “É instigante trabalhar com algo que você nunca tinha feito antes”
Como parte da engrenagem Portobello, o conceito de inovação aberta não poderia ficar de fora da coleção 2019, In Your Dreams, In Your Home, a qual acaba de ser lançada na 17ª edição da Expo Revestir. Dentre as muitas novidades, uma linha em especial chama atenção e, com certeza, será destaque ao longo de todo o ano. Puro, desenvolvida em parceria com a designer dinamarquesa Cecilie Manz, é a cerâmica como ela é, artesanal e moldada à mão.
LEIA TAMBÉM: Além da função de ajudar no dia a dia, Cecilie Manz define seu design: “É silencioso!”
A escolha por mostrar o material em sua essência, da forma mais genuína, vem a somar à macrotendência há algum tempo seguida pela empresa: a da autenticidade. “É por isso que Cecilie Manz é a bandeira do ano. É por isso que ela está na primeira coleção de 2019”, afirma Eduardo Scoz, Coordenador de Produto da Portobello. Apesar de todo processo criativo de colaboração da empresa se aliar a profissionais de renome, o projeto em si precisa desafiar os limites da marca no intuito de sempre ofertar algo realmente novo ao mercado.
“Quem vem de fora sempre traz um olhar de mudança, uma oxigenação, um gás que enriquece muito o nosso processo criativo. Pode até acontecer um estranhamento, que não deixa de ser legítimo, mas é isso que faz nosso design melhorar através da interação, da globalização. É fazer com que as pessoas entendam uma outra cultura e eles também entendam a nossa. Assim, a gente chega a um lugar comum e caminha para frente”, defende Scoz.
Puro, portanto, traz uma narrativa forte de colaboração, de entendimento do outro e do processo, de minimalismo, além de abordar a sustentabilidade. O essencial é trabalhado para que os produtos possam ajudar a resolver as questões dos clientes na realização de seus sonhos. Tudo com muita classe e fazendo uso da tecnologia color body, a qual tem acabamento silk, aquele acetinado de textura suave.
Segundo Eduardo Scoz, a definição da estrutura de linha é um trabalho a quatro mãos: a designer entende o processo da Portobello e também diz o que gostaria de desenvolver. Sendo assim, o briefing gerou em torno de produtos para a “casa toda”, simples, suaves e que pudessem ser usados em áreas grandes e, também, combinassem com o decorado de parede. “Então, são cinco cores (cinza, cinza médio, cinza escuro, cinza bege e um bege mais mostarda) 90x90 e, dessas cinco cores, ela faz um 20x20 que é um mix de quatro/cinco relevos para parede que podem ser compostos de diferentes maneiras”, detalha o Coordenador de Produto.
Para desenvolver algo, de fato, puro, Cecilie Manz optou por uma cartela mais neutra, o que permite que a cerâmica brilhe, apareça e seja a estrela do produto final. “Para mim foi muito importante trabalhar com material cerâmico. Era primordial fazer algo que, quando você visse, identificasse que era material cerâmico. Outra questão muito importante que viemos trabalhando, desde o primeiro dia, foram as cores, com tons bem suaves. Trabalhar com cores é algo que eu aprecio bastante e não encaro como parte final do processo, de só salpicar ali e pronto. Eu encaro como algo que você deve abraçar desde o início”, conta a designer.
Cecilie relembra que o convite de parceria da Portobello foi uma surpresa, pois ela nunca tinha trabalhado com o segmento de revestimentos antes: “E fazer uso desse material em superfícies planas foi um novo desafio para mim, é instigante trabalhar com algo que você nunca tinha feito. Eu, imediatamente, aceitei porque a ideia em si me pareceu muito interessante e a empresa também mostrou ser muito boa para se trabalhar, preocupada com a qualidade, com os detalhes”.
A dinamarquesa reforça, aliás, que a qualidade é um processo em cadeia: a partir do momento que ela, como designer, emprega nos seus projetos, o fabricante também o fará. “Ou seja, toda a cadeia produtiva vai dar o seu melhor em busca da melhor qualidade, o que envolve, dentre outras coisas, a escolha dos materiais certos que, consequentemente, vai gerar produtos duradouros. Nesse sentido, também é mais sustentável. Por isso, o meu ideal é fazer design, por exemplo, para meus filhos, porque se eu faço uma boa cadeira, ela pode durar talvez 50 anos, o que significa que eles vão poder usar a vida inteira praticamente. Se eu concluir essa missão com sucesso, eu ficarei muito feliz”, resume a profissional.
Um dos caminhos encontrados por Manz para chegar à excelência é se usar como teste de seus produtos. Isso mesmo! “Eu me questiono sempre: ‘eu gostaria dessa peça na minha própria casa?’. Eu sempre levo meus trabalhos de design para testar em casa, pergunto o que minha família acha. Assim, eu consigo um feedback baseado no cotidiano, porque, mesmo que não funcione para mim, pode funcionar para outra pessoa”, pondera ela. Dessa vez, com as peças de revestimentos, não foi possível o teste em casa, no entanto, a designer não deixou de se questionar: “Se eu tivesse reformando o chão da minha cozinha ou mesmo meu banheiro todo, qual peça eu escolheria? Então, é ter isso em mente na hora de escolher a cor, a textura, a qual, aliás, também é muito importante por te dar uma noção completa do produto. Infelizmente, hoje, a gente acaba esquecendo disso tudo e pensando só na aparência, esquece da sensação que você pode sentir ao tocar naquilo com suas próprias mãos”. Após essa fala, ela aproveita para se definir: “Eu não sou uma mulher de computador, ainda prefiro fazer meus desenhos à mão, no papel. Às vezes penso que já sou velha demais para aprender, mas, no fundo, eu realmente curto ter aquilo nas minhas mãos”.
ASSISTA AO VÍDEO DA COLEÇÃO: