Em meio às pessoas circulando rapidamente pelas alamedas internas do Conjunto Nacional, marco da arquitetura brasileira criado pelo arquiteto David Libeskind há 63 anos, surgia um portal que convidava a uma experiência imersiva: conhecer a nova edição da CASACOR São Paulo, que terminou semanas atrás. Com atuação em 18 locais nacionais e quatro internacionais, a CASACOR é reconhecida como a maior e mais completa mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas.
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Após 14 anos sediada no Jockey Club, a CASACOR São Paulo teve sua edição de 2020 adiada por conta do isolamento social motivado pela Covid 19, surgindo daí uma solução criativa chamada de Janelas CASACOR. O tradicional formato da CASACOR foi substituído por containers de transporte de carga adaptados, nos quais enormes vitrines exibiam os ambientes. As “janelas” foram instaladas em praças e ruas de 11 cidades, permitindo a visibilidade da produção de arquitetura, design de interiores e paisagismo nacional, durante a pandemia, de uma maneira inclusiva e democrática.
Em 2021, a CASACOR São Paulo seguiu itinerante, primeiro no Parque Mirante, um espaço de eventos anexo à Arena Allianz e, agora em 2022, no mezanino do Conjunto Nacional.
Esta edição de 2022, sob o tema Infinito Particular, celebrou, com grande sucesso de público, seus 35 anos de existência. A implantação neste espaço tão prestigioso contou com a consultoria do escritório FGMF. Em 10 mil metros quadrados foram expostos 59 ambientes, dentre casas, apartamentos e lofts, assinados pelos principais nomes da arquitetura brasileira.
Durante 10 semanas, a mostra teve mais de 115 mil visitantes, 110 empresas participantes e, pelo segundo ano consecutivo, recebeu a certificação de evento Lixo Zero.
No entanto, a pergunta que fica é: depois do impacto visual ao adentrar os exuberantes ambientes, repletos de materiais e utilizações extremamente criativas, para onde vai tudo isso após o término do evento?
Desde a 30ª edição, a CASACOR busca aplicar práticas de gestão sustentável e minimização do impacto socioambiental, alcançando níveis surpreendentes com a gestão integral de resíduos, chegando hoje à marca de mais de 99% de reaproveitamento. Ampliaram-se as construções industrializadas e reaproveitáveis, manteve-se a compensação das emissões de carbono e conquistou-se a Certificação HBC - Healthy Building Certificate.
Conversei com o arquiteto Darlan Firmato, gestor de sustentabilidade da CASACOR, sobre os números relacionados à gestão de resíduos e fiquei bem impressionado.
Destacam-se:
- 108 toneladas de entulho destinados à produção de agregados e blocos;
- 68 toneladas de gesso destinados à fabricação de tijolos e refratários;
- 58 toneladas de madeira para a produção de biomassa;
- 3 toneladas de metais reciclados;
Para atingir estes níveis de gestão de resíduos, a equipe da CASACOR parte do monitoramento dos indicadores de sustentabilidade durante a montagem e desmontagem, buscando maior eficiência. Dentre eles, se sobressaem:
- O uso de estruturas industrializadas e temporárias, que permitem desmontagem e reaproveitamento;
- Utilização de construção seca e industrializada, além de técnicas que permitam o reaproveitamento do material após a mostra;
- Banimento das construções em alvenaria, exceto quando por necessidade técnica comprovada.
- A compostagem dos resíduos orgânicos durante todas as fases do evento (montagem, exibição e desmontagem);
Também em relação à questão da sustentabilidade, o evento solicita que os profissionais incluam em seus ambientes alguns requisitos sustentáveis:
- Uso somente de tintas à base d’agua;
- Utilização de lâmpadas LED;
- Utilização de equipamentos hidráulicos e elétricos eficientes;
- Uso de madeiras com a certificação FSC.
Durante a fase de desmontagem, os profissionais foram orientados a desenvolver boas práticas de preservação dos materiais, para que aqueles que não fossem reutilizados pudessem seguir para doação.
Além da equipe de funcionários CASACOR em São Paulo, o evento conta com quase 5 mil colaboradores por edição nos períodos de montagem, realização e desmontagem. Segundo a Prefeitura de São Paulo, o evento gera em torno de 50 mil empregos diretos e indiretos.
Como podemos observar, a CASACOR, em paralelo à excelência dos espaços expositivos de renomados arquitetos de interiores, designers e paisagistas, proporciona um outro espetáculo, contido, sem público, que se estende para antes do início e para além do término, movimentando um exército de pessoas. É de fato um exemplo de práticas sustentáveis e de trabalho de conscientização de toda uma comunidade profissional envolvida com este grande evento.