A Casa Rietveld Schröder, localizada na cidade de Utrecht, na Holanda, é uma casa que rompe com a arquitetura tradicional e chama a atenção até os dias de hoje.
Construída em 1924 pelo arquiteto e designer holandês Gerrit Rietveld para a Sra. Truus Schröder-Schräder e seus três filhos, a casa foi considerada monumento em 1976 e faz parte da lista do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2000. É um orgulho nacional do design e da arquitetura holandesa!
Gerrit Rietveld foi um importante arquiteto holandês, um dos idealizadores do De Stijl, grupo que defendia formas abstratas, ascetismo da forma de representação na arte na arquitetura, e purismo limitado pela funcionalidade.
O movimento De Stijl se parece muito com o Bauhaus, ambos surgiram no mesmo período histórico e pregam pensamentos parecidos que, posteriormente, tornaram-se grandes referências para a estética de todas as áreas do design.
Rietveld também desenhou a famosa 'Cadeira Vermelha e Azul', em 1917, obra que definiu muitos dos princípios do De Stijl, sobretudo a questão da tridimensionalidade e que, posteriormente, inspirou o arquiteto ao projetar a casa.
A casa é um dos maiores exemplares da arquitetura De Stijl. As principais características desse movimento que conseguimos identificar nesse projeto são:
- transições fluidas entre o interior e o exterior;
- as linhas horizontais e verticais limpas;
- uso de todas as cores primárias, ao lado do branco, cinza e preto.
A casa ideal para Rietveld deveria ser espaçosa, simples e funcional. Ele trouxe nesse projeto todos os tipos de soluções inteligentes possíveis para conseguir isso.
Por exemplo, ele criou paredes de correr no primeiro andar que atendiam à dinâmica do dia-a-dia da casa: durante o dia, as paredes eram recolhidas e o espaço ficava 100% aberto e livre, mas à noite, a família Schröder podia dividi-lo em três quartos separados.
Essa ideia de flexibilizar o espaço e torná-lo mais funcional, de acordo com as demandas da família, foi algo extremamente novo para a época.
Outra solução de projeto inteligente de Rietveld foi a icônica janela de canto no último andar.
Tanto a janela grande quanto a pequena perpendicular a ela se abrem, dissolvendo o canto para parecer que estamos ao ar livre, criando uma transição fluida entre o interior e o exterior.
Antigamente, a casa estava localizada nos subúrbios da cidade de Utrecht, quase não haviam construções próximas a ela e o seu entorno era basicamente um grande bosque, o que influenciou muito nas aberturas das janelas da casa e no projeto como um todo.
Com o tempo, a cidade de Utrecht acabou se expandindo e nos anos 60 foi construído um viaduto em frente à casa, o que acabou com a vista agradável e, consequentemente, com todo o conceito do projeto de conectar o interior ao exterior.
Dizem que Rietveld ficou tão decepcionado com a construção desse viaduto que chegou a dizer que a casa poderia ser demolida já que toda a sua essência havia sido destruída e já não fazia mais sentido.
Para a sorte dos apreciadores da arte e arquitetura ela foi preservada e hoje podemos visitá-la e apenas imaginar a preciosa vista para a natureza que essas generosas janelas poderiam proporcionar.
Justamente, o lugar favorito da dona da casa, era o primeiro andar por conta dessa vista tão agradável.
Como ela passava grande parte do dia no andar de cima, pediu para o arquiteto projetar uma espécie de tubo que passasse por dentro da parede conectando o primeiro andar ao térreo no qual ela pudesse se comunicar com as pessoas em frente à casa, sem precisar descer.
Uma invenção que hoje conhecemos como interfone, algo supernovo para aquela época!
Esse projeto é uma grande referência por todas essas inovações e soluções criativas que seguem tão atuais ainda nos dias de hoje.
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