Parece óbvio falar que a implantação de uma edificação considere características do terreno e tire partido da vegetação e do cenário existente, fazendo as melhores escolhas para valorizar o projeto. Nem sempre isso acontece. Nesse sentido, o projeto da Casa Pilotis, do Studio Gabriel Bordin, foi bastante assertivo, tirando partido justamente das potencialidades e recursos naturais da locação, em Florianópolis, uma cidade que prima pela beleza de suas praias e morros.
Sobre um terreno de 622m², com 15x30m, o arquiteto Gabriel Bordin optou por uma planta longilínea para organizar as funcionalidades da residência em volumes bem definidos, além de tornar a paisagem argumento determinante do projeto.
O térreo, um vão livre sobre pilotis, explora a espacialidade natural com grandes esquadrias de vidro, integrando totalmente a área social e o jardim. O paisagismo é protagonista nas decisões que envolvem a arquitetura ao sinalizar a incidência de luz adequada, soluções que conferem conforto e privacidade por meio da vegetação e o acompanhamento das estações. “Vegetação tropical, rochas, o muro de pedras originárias do terreno, árvores e o céu são as paredes que abraçam o eixo linear de cozinha, jantar e estar”, argumentam os arquitetos da equipe do escritório, sete profissionais envolvidos com o projeto, concluído em 2020.
Setores funcionais
Os volumes maciços foram adotados somente em setores mais funcionais da residência como lavabo e área de serviço. O painel onde fica a TV na sala de estar agrega o volume do lavabo e se torna também o anteparo do hall de entrada. No outro extremo da planta, o mesmo recurso é utilizado quando o painel de fundo da cozinha engloba e esconde o acesso à lavanderia e circulações verticais. O marcante eixo horizontal tem como ponto de centro a sala de jantar sob o pé direito duplo e a passarela do setor íntimo da casa.
No pavimento superior, a circulação entre os dormitórios flutua sobre a área social. As suítes dispostas em eixo longitudinal são permeadas pela paisagem e pelo sol da manhã.