Muitos projetos se inspiram em períodos históricos específicos, e misturam os estilos antigo e atual para garantir resultados cheios de referências. Com o barroco mineiro não seria diferente. Ícone da arquitetura do estado, esse estilo lembra aconchego e se relaciona com a memória afetiva das cidades do interior.
Não é preciso muito para garantir que o ambiente esteja a cara das tradicionais casinhas mineiras. Móveis de estilo colonial, cores fortes e símbolos religiosos já são o suficiente para dar outra cara ao ambiente.
Qual a origem do barroco?
O barroco surgiu na Europa, em um momento de tensão entre a Igreja Católica e a Reforma Protestante. Nesse contexto religioso bastante turbulento, clérigos contratavam arquitetos e pintores para dar forma às igrejas e obras de arte sacra e, assim, demonstrar a força religiosa e econômica do catolicismo.
Outro estilo que estava muito em voga na época era a arte clássica, ou seja, aquela que faz referência às culturas grega e romana. Ao contrário da arte sacra, mais teocêntrica, a influência clássica põe o ser humano como centro de todas as coisas e já abre espaço para o estilo dominante dos séculos seguintes: o neoclássico.
Por isso o barroco pode ser explicado como uma junção de opostos. Ele é marcado pelo contraste de cores claras e escuras, de formas retas e arredondadas ou de representações sagradas e profanas. Por isso os assuntos mais comuns nas obras de arte barrocas variavam de mitologia até história da humanidade e ilustrações bíblicas.
Como surgiu o barroco mineiro?
A vertente mineira tem suas próprias características devido às limitações da época (que obrigaram os artistas a utilizar os materiais disponíveis) e às influências da região norte de Portugal, de onde veio grande parte das referências usadas no Brasil.
Se na Europa o estilo era caracterizado por estátuas de mármore, em Minas, onde o mármore era escasso, os artistas começaram a usar outros materiais como a pedra sabão e madeira para fazer as estátuas de ícones religiosos.
A maioria das esculturas possui expressões faciais caricatas representando o sofrimento. Nelas, é possível ver muitas formas arredondadas e com diferentes volumes, o que é bem característico da época. As estátuas mais famosas foram feitas por Antônio Francisco de Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho — que também era arquiteto e planejou uma das igrejas mais famosas de Ouro Preto, a Igreja de São Francisco de Assis.
Até hoje, nas cidades históricas do interior, a pedra sabão é usada para fazer pequenas esculturas vendidas em feiras e comércios locais.
Outra característica marcante do barroco mineiro é o uso dos adornos de ouro. A capitania de Minas Gerais estava no auge da mineração de ouro e tinha esse recurso de sobra para usar na decoração. Esculturas e as paredes de algumas igrejas (as que eram construídas por irmandades mais abastadas) eram cobertas com uma fina camada de ouro. Tudo isso para demonstrar a superioridade daquele grupo religioso.
No final do século XVIII surgiu uma vertente do barroco chamada de rococó. O estilo é mais intimista, e usado na decoração de interiores requintados. Ele é caracterizado pelas pinturas no teto, estuques, frisos e molduras para quadros ou espelhos, tudo muito rico em detalhes.
Como usar as referências barrocas dentro do projeto?
Na hora de pensar o projeto, é importante ter referências bem definidas do estilo e usar apenas algumas para não pesar demais. Se abusar das referências, é possível que o lugar fiquei com cara de cenário de filme antigo — sensação não tão interessante para ambientes comuns como casas ou escritórios, porém muito bem-vinda em lugares temáticos como bares ou restaurantes.
Detalhes dourados
Na época, a capitania de Minas Gerais vivia o ápice da extração de ouro e por isso muitas igrejas tinham o interior recoberto do metal. Nesse caso, não é preciso tanto para se adequar ao estilo. Alguns artigos dourados na decoração já trazem o ar de riqueza da época sem necessariamente ter uma peça muito cara e revestida de ouro em casa. Alguns detalhes dourados no friso do teto ou na moldura de quadros e espelhos também podem fazer uma referência bem bonita ao estilo rococó.
Inspiração religiosa
Pelo contexto histórico, também vimos que aquela foi uma época de turbulência para diferentes religiões. Assim, era comum que tudo tivesse uma inspiração e pelo menos um detalhe que remetesse às crenças. Nesse quesito, terços e crucifixos podem ajudar a trazer uma referência religiosa para a decoração dos ambientes.
Uso de estátuas e altares
Essa dica anda muito junto da anterior, porque a representação religiosa escolhida pode ser colocada em um pequeno altar para ganhar um lugar de destaque na decoração da casa.
Cores fortes
Presentes nas obras de arte e também nas casas coloniais mais típicas, é visível que as cores ficam concentradas nas molduras de janelas e portas. Muitas têm as paredes brancas ou com cores bem claras, mas contam com a pintura das janelas para ganhar um toque de cor. Use essa estratégia não só para portas e janelas, mas também para detalhes de decoração ou na pintura das paredes. E, é claro: caso as molduras estejam aparentes, aproveite e dê uma cor para elas, assim a casa terá todo o charme das residências coloniais do interior de Minas.
Estilo colonial
O estilo faz com que as casas tenham detalhes rococó, como telhados de muitas águas com telhas vermelhas, que representam todo o estereótipo interiorano. Pequenas sacadas com grades de ferro fundido também retratam muito bem a estética.
Hoje, alguns móveis desse estilo já são produzidos com adaptações às tendências modernas. Eles vêm em cores chamativas e são feitos em diferentes materiais. É interessante para fazer uma referência mais leve sem deixar o ambiente caricato.
Outra dica é usar os móveis coloniais de madeira na sua forma original, como a peça de destaque em um ambiente.
Mas se ainda assim a presença dos móveis for demais, é possível optar por enfeites característicos, como bibelôs de prata ou de porcelana.
Gostou das nossas dicas? Comente no post se você já usou esse estilo em algum projeto e como fez uma releitura para não pesar a mão na hora da decoração!