Conheça o conceito de Arquitetura Orgânica e saiba como aplicá-lo
A busca por integrar a natureza aos espaços internos e externos de construções não é algo recente. Esse estilo, conhecido como Arquitetura Orgânica, foi estruturado pelo arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright. Os ambientes inspirados nessa tendência buscam valorizar a interação do homem com o ambiente, enfatizando aspectos naturais como a iluminação, os materiais orgânicos, os traços da obra e a função do espaço.
O criador
Frank Lloyd Wright é considerado um dos maiores arquitetos norte-americanos do século passado. Desde criança, inspirado pela natureza e por pastores, fazendeiros e agricultores, sempre prestigiou a relação do ser humano com o ambiente ao seu redor.
No começo da carreira, seus projetos tiveram grande influência de um notório arquiteto da época, Louis Sullivan, e da revolução industrial. Ele deixou de seguir os exemplos tradicionais de residências e começou a aplicar novos materiais e técnicas de engenharia, e o resultado não poderia ser outro: casas mais tecnológicas, que supriam qualquer carência do cliente e que, ao mesmo tempo, respeitavam os aspectos naturais do terreno e as condições climáticas, além de terem uma expressão estética diferenciada.
Do portfólio que reúne mais de 1000 projetos, entre desenhos e construções, os mais conhecidos são a Fallingwater (casa construída em 1935 sobre uma cascata), a Taliesin East (em que o arquiteto passou grande parte da infância e que, depois de reformada, foi casa de verão e local de aprendizado para seus alunos) e o Museu Guggenheim, de Nova York (um dos museus mais icônicos do mundo, com estrutura em espiral, rampas e iluminação natural, e que permite um novo arranjo a cada exposição).
O que é arquitetura orgânica?
A Arquitetura Orgânica é ampla e propõe um alinhamento entre a natureza e a filosofia humanista (em termos arquitetônicos, mais adaptáveis às formas agradáveis e necessárias para o humano, menos rígidas).
A obra é considerada um organismo vivo, com elementos que respeitam a natureza e aprimoram as características básicas da construção (iluminação, ventilação e ambiente natural, por exemplo), priorizando o bem-estar dentro da casa e aproximando a arquitetura de atividades comuns e diárias.
Para fundamentar a tendência, Wright apresentou, em seu livro “The Natural House”, 6 pontos considerados essenciais para a construção do projeto nas bases da Arquitetura Orgânica.
São eles:
1. Integridade
É o pilar que afirma a uniformidade do projeto, colocando a obra como uma unidade indivisível, que se relaciona com o ambiente externo e com o próprio interior. Todas as partes têm a mesma importância e estão juntas, sem deixar a beleza e a harmonia de lado, fazendo parte da paisagem.
2. Continuidade
A continuidade é considerada de duas maneiras: a espacial e a física. Ambas reiteram a presença da construção no meio, mas a espacial contempla a integração fluida entre os espaços externos e internos, recusando o conceito de cômodos pensados como caixas. A continuidade física aborda a unidade da fachada como um único plano, sem rupturas.
3. Plasticidade
Para Wright, a plasticidade é quando observamos uma edificação e não conseguimos diferenciar a forma e a função, sempre aproveitando os conceitos de integridade e continuidade no todo.
4. Natureza dos materiais
Mais uma vez valorizando os recursos naturais, Wright aponta que esses materiais são fonte de inspiração e criação para o arquiteto. Portanto, o profissional deve aprender a observá-los e conhecer a melhor maneira de aplicá-los, ressaltando as suas propriedades físicas.
Os materiais mais utilizados pelo arquiteto eram pedra, tijolos e madeira, em conjunto com materiais industriais, como aço e vidro.
5. Gramática
Considerando toda a construção, o que for observado deve transmitir um único discurso com base na forma do edifício. Os elementos harmonizam de tal maneira que falam a mesma língua.
6. Simplicidade
É tida como característica primordial da Arquitetura Orgânica, eliminando qualquer elemento que possa ser acrescentado posteriormente e que não converse com a unidade. Mas isso não significa falta de graça, e sim respeito com o melhor que a natureza tem a oferecer para cada projeto.
A tendência atualmente
Os problemas ambientais percebidos principalmente no meio urbano reforçam o reaparecimento dessa tendência nos projetos. Os projetos mais atuais, que seguem o conceito de Arquitetura Orgânica, possuem duas frentes.
A primeira delas parte de um conceito mais voltado para casas muito modernas, com traços arrojados. São construções mais conceituais e que levam ao pé da letra a ideia de orgânico, inspirando-se em desenhos naturais e formas de seres vivos — os casulos, por exemplo.
Podem ser erguidas em meio a rochas e dentro do solo, com iluminação natural, janelas e saídas de ar pensadas para manter o clima interno sempre agradável. Os espaços costumam propor a socialização e a integração entre os moradores.
Na segunda linha estão os projetos pensados a partir do cotidiano, que seguem traços mais simples, em sua maioria. Podem ser caracterizados por conter muitas janelas, trabalho de paisagismo muito forte com plantas e áreas gramadas (incluindo terraços e telhados gramados), paredes revestidas com pedras, hortas e plantas na vertical, vigas de madeira aparentes e técnicas de engenharia para reduzir o impacto ambiental, como o gasto energético.
A preocupação de Frank Lloyd Wright com o impacto social e econômico de seus projetos ainda é um assunto em pauta para engenheiros e arquitetos. Ele se preocupava não só em agradar visualmente, mas também em compor um discurso da própria obra, sustentado por práticas conscientes e acessíveis.
A arquitetura é muito mais que desenhos e construções, é uma atividade fundamental para a sociedade e consegue unir estética, história, sustentabilidade e o meio em que vivemos. E é um campo de possibilidades, com infinitas inspirações. Tendências como essa são ótimas opções para dar uma cara nova a qualquer ambiente — são práticas, modernas e podem ser elaboradas com vários materiais e texturas.
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