Arquitetura e qualidade de vida: como planejar espaços mais saudáveis
Não é novidade para nossos leitores que nós amamos falar sobre o quanto a arquitetura é transformadora e peça fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Mais do que nunca, é necessário pensarmos em espaços que contribuam com o nosso bem-estar físico e emocional. Se antes a casa acolhia nossas atividades mais pessoais, agora abriga também o trabalho, a escola das crianças, do café ao jantar, aniversários e happy hours.
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A dinâmica atual nos faz lembrar do artigo “Casa, moradia, habitação” (1997) dos autores Peter José Schweizer e Wilson Pizza Junior, que definem a casa como a estrutura física, a moradia como uma realização de uma função humana e ato de morar, e a habitação como a ação de habitar. Ou seja, os três conceitos se complementam e dizem respeito à necessidade humana de possuir um abrigo para realizar suas atividades. Assim, garantir que o usuário desfrute positivamente de cada ambiente é nosso papel.
Existem soluções de projeto que podem ser definidas ao construir ou reformar sua casa que, variando de acordo com a região, minimizam o uso de iluminação e ventilação artificiais, contribuindo para ambientes confortáveis termicamente.
Elencamos abaixo pontos fundamentais para tornar os ambientes mais saudáveis e acolhedores. Acompanhe!
ILUMINAÇÃO NATURAL
A iluminação natural tem um papel importante no controle do nosso ciclo biológico, também conhecido como ciclo circadiano, que regula os processos do corpo a cada 24 horas. Ele está relacionado à produção de hormônios, controle de temperatura corporal e pressão arterial, qualidade do sono, sensação de fome e funcionamento dos sistemas urinário e digestivo. Por isso é tão importante estarmos em contato com o ciclo dia/noite.
Fazer o melhor aproveitamento da iluminação natural não se trata necessariamente de permitir a maior entrada de luz possível, mas, sim, de entender o contexto e a necessidade de cada espaço, escolhendo quando deixar a luz entrar.
Para permitir a entrada de luz podemos usar grandes aberturas, materiais refletores, pátios internos, clarabóias, prateleiras de luz e materiais translúcidos. Por outro lado, quando a necessidade é de proteger da incidência solar direta usamos brises, beirais, cobogós, pergolados. Tais elementos, quando aliados a uma orientação solar adequada, garantem espaços bem iluminados e mais saudáveis.
VENTILAÇÃO NATURAL
A ventilação natural, princípio básico da arquitetura bioclimática, colabora tanto para a saúde dos usuários quanto para a eficiência energética da edificação. Um ambiente fechado, onde não há troca de ar, contribui para problemas respiratórios, alergias e propagação de doenças transmissíveis pelo ar.
Uma boa ventilação natural colabora para o conforto térmico e melhora a qualidade do ar, já que a troca constante do ar no ambiente ajuda a eliminar partículas e aerossóis em suspensão, retirando o excesso de umidade, evitando o desenvolvimento do mofo, além de diminuir o índice de gás carbônico (CO2) e a necessidade de ventilação forçada.
Existem muitas alternativas de explorar a ventilação natural nas edificações. Na ventilação cruzada, por exemplo, são colocadas aberturas em faces opostas para promover o fluxo de ar no ambiente. Criar fluxos verticais de ventilação também é uma solução: tira-se proveito do efeito chaminé, que ocorre quando o ar quente sobe e sai da edificação por aberturas nas partes mais altas (por meio de sheds, lanternins ou fachadas ventiladas), sendo substituído pelo ar fresco que entra pelas aberturas mais baixas.
É importante utilizar a ventilação natural de acordo com a especificidade de cada ambiente. Casas em locais muito úmidos, por exemplo, precisam ser bem ventiladas para evitar a proliferação de fungos. Já em locais muito secos é necessário aliar a ventilação a uma massa de vegetação ou água para garantir a umidade do ar.
Independente da técnica utilizada é sempre importante controlar o fluxo de ar para que não se formem correntes muito fortes, que são incômodas aos usuários e reduzem muito a temperatura.
VEGETAÇÃO
Você já deve ter ouvido falar em arquitetura biofílica, que tem como proposta a inserção da natureza no contexto urbano, respondendo à necessidade de nos relacionarmos e estarmos em conexão com o meio natural e, assim, promovendo bem-estar, conforto e saúde emocional.
O ideal seria que todos pudéssemos estar ao ar livre frequentando parques e praças, mas, nem sempre isso é possível. Diversos estudos apontam que o contato com a natureza contribui para o alívio da tensão, reduz o stress, melhora a memória, concentração e desenvolvimento cognitivo.
Passamos a maior parte do tempo em ambientes climatizados, quando, muitas das vezes, a ventilação natural não é uma opção. Ter plantas que filtram o ar nesses ambientes pode ser um grande aliado da nossa saúde e bem estar, interferindo diretamente na nossa sensação de conforto e produtividade. Para os adeptos dos vasos decorativos, plantas como Lírio da Paz (Spathiphyllum), Espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata) e Jibóia (Epipremnum pinnatum) são ótimas opções.
A inserção do paisagismo no interior de edificações é uma tendência e vai além da questão estética, pois contribui para melhoria na sensação térmica, purificação do ar e bem estar emocional. Se antes era empregado apenas em grandes espaços, hoje já é possível planejar desde composições de vasos até painéis verdes em ambientes mais compactos.
Como você pode notar, a arquitetura aliada aos processos naturais segue sendo uma grande ferramenta para melhorar a nossa qualidade de vida. A permanência em casa, após um ano de isolamento, faz-nos refletir sobre nossa responsabilidade, enquanto profissionais, na criação de espaços cada vez mais saudáveis.
Adorei o artigo meninas, uma casa saudável com certeza precisa de todos esses itens!
Amei o artigo! Dicas muito boas! A contratação de um profissional é fundamental, mas já estou pensando em comprar mais plantas aqui pra casa hahaha
Belíssimo artigo!!!