Praia X campo: o que muda na decoração
As arquitetas Maíra Queiroz e Vanessa Faller, do escritório Espaço do Traço, de Santa Catarina, se especializaram em imóveis residenciais de características quase opostas. Enquanto Vanessa se dedica a projetos de lares no interior do estado, Maíra coordena a parte litorânea.
Esse contato com a arquitetura em diferentes regiões promove reflexões sobre variedade de estilos e demandas. Ainda, a metragem das casas costuma ser menor no litoral.
“Tem tendências mais estruturais e muito regionais”, diz Vanessa. “Tanto no litoral quanto no interior, é muito diferente”.
Casas de praia
Em casas de praia, seus clientes geralmente pedem uma paleta de cores neutra, com tons de branco e bege. “Tem a ver com a proximidade do mar”, explica. Nos revestimentos, a preferência é por texturas naturais.
Os proprietários de casas de praia querem marcenaria leve, design duradouro e deixam os destaques para pequenos objetos, fáceis de mover e trocar.
“As pessoas querem algo que perdure. Que o projeto não seja datado, não tenha um conceito como nas décadas de 80, 2000”, disse a arquiteta.
Casas de campo
Em casas de campo ou em cidades longe da praia, há interesse por maior robustez para preencher os imóveis, que, por serem mais acessíveis, são maiores. Existe, inclusive, desejo por portas mais largas e altas e por áreas de lazer completas.
“No interior, as pessoas gostam de casas térreas bem mais que no litoral, onde os terrenos são mais caros”, disse.
Mais recentemente, a arquiteta notou também a busca por revestimentos polidos e que interpretam mármore. O escritório Espaço do Traço especifica na Portobello Shop Florianópolis.
“São casas grandes, as pessoas querem muito espaço e, na parte da decoração, algo mais classudo”, disse.
Home office e integração de ambientes
O home office é fundamental em todos os projetos, sejam casas de praia ou de campo. E se antes ele podia ser instalado em qualquer cantinho, depois da pandemia, há atenção especial para esse espaço, que deve ser reservado.
“Hoje as pessoas entendem que precisam de privacidade para videochamadas, por exemplo”, disse.
No entanto, ao contrário da área de trabalho, os outros ambientes da casa, como cozinha e sala de estar, costumam ser integrados.
Essas mudanças de comportamento e consumo foram acompanhadas pela dupla durante os 15 anos de parceria. Maíra e Vanessa se uniram após ambas encerrarem sociedades anteriores, com outras arquitetas. “Ao todo somos 16 pessoas no escritório”, disse Vanessa.
Conta que hoje, a vontade é que o escritório se debruce, principalmente, na área de projetos arquitetônicos, e enxerga o interior do estado como ponto promissor.
“Voltamos o olhar para o interior nessa perspectiva de crescimento”, disse. “Temos vontade de desenvolver projetos na região serrana”.