Mais do que um local de pousos e decolagens, o TWA Terminal, em Nova York, é um monumento à aviação civil.
Projetado por Eero Saarinen, o espaço captura a sensação de um voo em todos os detalhes e, justamente por isso, é considerado um clássico da arquitetura.
Desativado em 2001, quando a empresa aérea de mesmo nome interrompeu suas atividades, hoje o TWA Terminal é um hotel que preserva todo o glamour desse lugar icônico.
Embarque conosco nessa viagem!
A história do TWA Terminal
O TWA Terminal fica dentro do Aeroporto Internacional John F. Kennedy (JFK). Originalmente, ele foi concebido para as operações da companhia Trans World Flight Center (TWA).
A construção foi finalizada em 1962 e o terminal foi operado até 2001, quando a empresa fechou suas portas. Em 2017, o espaço foi adaptado e transformado em um hotel.
Erguido ainda nos primórdios da aviação civil, o TWA Terminal foi considerado um marco das transformações tecnológicas impulsionadas pela Segunda Guerra Mundial.
Embora a aviação existisse desde 1900, foi somente após o conflito que as companhias aéreas comerciais começaram a se popularizar.
A TWA teve um papel importante nisso, pois foi uma das pioneiras a vender voos em pacotes, com planos de pagamento parcelados.
Assim, ela começou a atrair a classe média norte-americana. Em alguns casos, a redução de preço promovida era tão grande que compensava mais viajar de avião do que de trem.
Com mais pessoas viajando de avião, o Port of New York Authority decidiu ampliar o Aeroporto Idlewild (hoje JFK) em 1954.
A ideia era que cada companhia aérea projetasse, construísse e operasse o seu terminal independente — um esquema que ficou conhecido como terminal city.
Dessa maneira, o aeroporto conseguiria lidar com o aumento de tráfego, tanto dentro quanto fora de Nova York.
As companhias foram as que mais incitaram o plano, porque viam nele uma oportunidade de criar uma identidade duradoura com terminais de estética arrojada.
Eero Saarinen
A TWA convidou Eero Saarinen para apresentar um projeto em 1955. O convite partiu do diretor artístico da marca, mostrando como o terminal teria um papel crucial na publicidade da empresa.
A intenção era construir um espaço que permitisse a operação e fornecesse à companhia toda a atenção que ela desejava.
Saarinen topou participar do desafio e, desde o início, focou seus esforços em transformar a percepção do público.
Isso se refletiu na escolha do terreno, situado em local privilegiado, no alto da estrada de acesso principal ao aeroporto.
Saarinen era filho do arquiteto finlandês Eliel Saarinen e formado em Arquitetura pela Universidade de Yale.
Ele lecionou por um curto período na Cranbrook Academy of Art e, em 1937, firmou uma sociedade com Charles Eames, que os levou à criação de móveis vanguardistas e premiados.
Os diferenciais do TWA Terminal
Após a escolha do terreno estratégico, Eero Saarinen propôs um projeto com o máximo aproveitamento da proeminência dentro do aeroporto.
Para isso, ele trabalhou com um arranjo sintético de quatro segmentos curvos de cobertura com cascas de concreto, cujas curvas fluíam sem emendas dos pilares de sustentação.
Essas quatro estruturas foram separadas por claraboias estreitas. Um pendente circular ocupou o ponto central onde todas se encontram.
Até hoje, especula-se qual foi a principal inspiração de Saarinen para projetar a forma icônica do terminal.
Muitos veem semelhança com um pássaro ou um avião voando, especialmente devido à curva ascendente dinâmica da linha de cobertura.
Contudo, existe uma história que surgiu após a morte do arquiteto que diz que a verdadeira inspiração de Saarinen foi a casca vazia de uma laranja que ele pressionou ao meio.
Ninguém sabe se a história é real ou um boato. Saarinen nunca afirmou que seu projeto representava qualquer tipo de forma física. Ele sempre insistiu que era uma abstração da ideia do voo.
Interior
Se por fora o TWA Terminal impressiona, por dentro não é diferente. A mesma fluidez é vista no interior. A abóbada da cobertura permitiu que o layout ficasse livre e espaçoso, praticamente desprovido de limitações espaciais.
Cada um dos elementos — tanto estruturais quanto de circulação — foram projetados dessa maneira. Por isso, as escadarias são curvadas e as colunas que suportam as passarelas superiores se fundem perfeitamente no piso e no teto.
Quando os visitantes entram no espaço, eles têm a percepção de que a marquise está em balanço, progredindo dos espaços dos guichês no nível térreo aos restaurantes e às salas onde antes eram realizadas as reuniões.
Uma antiga área de espera afundada oferecia a visão das operações do aeroporto graças a uma janela imensa, enquanto dois corredores tubulares partiam em direção aos portões de embarque.
Sucesso de público e de críticas
Antes de abrir ao público, o TWA Terminal já chamava a atenção. Afinal, a construção era símbolo de uma das companhias aéreas mais poderosas da época, que nunca impôs nenhum tipo de corte ao projeto, mesmo com o orçamento ultrapassando os valores projetados.
Apesar da receptividade do público, os arquitetos do período não viram a obra com bons olhos. Sua concha de concreto, embora fosse muito expressiva, não era eficiente estruturalmente, pois requeria uma grande quantidade de suporte de aço.
Além disso, Eero Saarinen foi ridicularizado pelos seus pares por adaptar o seu estilo arquitetônico ao projeto, ao invés de fazer o contrário.
Contudo, o público não se importou com as críticas, e o terminal foi aclamado na sua inauguração, em 1962. Saarinen não chegou a presenciar esse momento, uma vez que faleceu em 1961, sem ver o seu edifício finalizado.
Hotel
Apesar de ser um ícone da arquitetura, o terminal não foi capaz de acompanhar o crescimento dos aviões a jato e acabou fechando as portas em 2001.
Antes disso, em 1994, a estrutura foi designada como marco da cidade de Nova York. Em 2005, foi considerada patrimônio histórico.
O terminal ficou intacto por 18 anos e, após alguns restauros, abriu as portas novamente, dessa vez como um hotel.
Dentro da estrutura original, os quartos projetados por Stoenehill Taylor têm vista para as pistas do JFK e são acessíveis pelos icônicos tubos de voo de Eero Saarinen.
Nenhum detalhe da obra do arquiteto foi esquecido. O hotel abriga um bar de coquetéis e um restaurante com 200 lugares, além de salão adicional, em uma aeronave transformada exclusivamente para esse fim.
Na cobertura, uma piscina com borda infinita divide as atenções com um deck de observação para a pista.
TWA Terminal e Mostra UNLTD Dreams
Icônico, marcado na história da aviação e da arquitetura, o TWA Terminal foi uma das maquetes realistas que inspiraram a terceira edição da Mostra UNLTD Dreams.
A mostra reúne projetos inéditos representados por maquetes realistas, assinados por oito profissionais criativos. A abertura do evento ocorreu no último dia 3 de maio (assista aqui).
A maquete do TWA Terminal permite que as pessoas vejam em detalhes todas essas características marcantes que apresentamos, sendo considerada uma das mais famosas do mundo.
Grandes nomes da história da arquitetura usam e usaram as maquetes, especialmente em projetos complexos.
Para o público, esses instrumentos ajudam a materializar e a visitar obras icônicas em um tamanho reduzido.
E então, gostou de conhecer o TWA Terminal? Aproveite para conferir outras maquetes incríveis que inspiraram a Mostra UNLTD Dreams!
Foto de destaque: Projetado por Eero Saarinen, o TWA Terminal é um marco tanto da arquitetura quanto da aviação (Foto: Acroterion)