Tecnologia e Arquitetura: conheça as tendências e saiba como utilizá-las
A tecnologia é parte fundamental no dia a dia de todo profissional de arquitetura. Hoje, vários dos esforços de mercado são voltados para melhorar o planejamento das construções, a execução dos desenhos técnicos e a visualização dos volumes projetados.
Atualmente existem softwares especializados que possibilitam adicionar diversas informações em um mesmo projeto, diminuindo a ocorrência de erros de compatibilização.
Nesse contexto, a utilização desses softwares (principalmente os que trabalham com o conceito de BIM) é muito importante, pois permite:
- automatizar os quantitativos e outros tipos de extração de informações fundamentais para o bom andamento da obra;
- desenvolver uma animação por meio da pós-produção de plantas em 3D com bastante facilidade;
- apresentar os espaços em realidade virtual de maneira simples e rápida, sem a necessidade de modelar previamente todos os espaços;
- utilizar uma única base de dados, garantindo que os projetistas estão com todas as informações atualizadas.
O cliente também pode se beneficiar da utilização de ferramentas tecnológicas para a visualização do projeto, uma vez que entender o motivo das decisões tomadas pelos projetistas possibilita uma participação mais ativa do cliente, resultando em edifícios alinhados às suas expectativas.
Além dessas melhorias, há a possibilidade de aplicar a tecnologia diretamente no canteiro de obras. Nesse ambiente, a tecnologia auxilia a realização de orçamentos, controle do andamento da obra, monitoramento do estoque de equipamentos e materiais, bem como na automatização de tarefas diárias.
As atividades que antes ficavam a encargo de arquitetos, engenheiros e demais trabalhadores, atualmente podem ser realizadas de maneira rápida e precisa com a ajuda de softwares.
Destaca-se também a possibilidade que alguns softwares têm de compartilhar, em tempo real, todas as atualizações da obra com o cliente ou com o mestre de obras, facilitando a comunicação entre todas as partes envolvidas — o que geralmente contribui para aumentar o nível de satisfação dos clientes.
2. A relação de dependência entre tecnologia e arquitetura
A tecnologia, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não foi desenvolvida para fazer o seu trabalho por você. Ela existe para tornar a rotina mais rápida e eficiente, uma vez que libera o arquiteto para desenvolver melhor a parte criativa sem se preocupar com tarefas que podem ser facilmente automatizadas.
Se antes de usar os softwares você passava o dia inteiro para desenhar um projeto, hoje você gasta apenas algumas horas nisso, e todo o tempo que sobra pode ser empregado para aperfeiçoá-lo.
A facilidade de realizar modificações permite que o cliente e o projetista entrem em sintonia rapidamente, o que costuma resultar na diminuição do prazo necessário para o desenvolvimento de um projeto.
É importante frisar que realizar as mesmas entregas tradicionais apenas mudando seu formato para o digital não afeta tanto o processo.
A verdadeira vantagem de usar a tecnologia só pode ser constatada quando a incorporamos no cotidiano, resultando em mais tempo disponível para focar nos trabalhos que não podem ser feito por computadores. Por exemplo: pensar em soluções inovadoras para as demandas do cliente ou antecipar possíveis problemas de execução.
Pode-se dizer, então, que a função do arquiteto tornou-se mais estratégica, uma vez que seu foco está voltado principalmente ao desenvolvimento da melhor solução para o cliente em um prazo bastante reduzido.
3. As ferramentas de modelagem 3D
O principal objetivo da elaboração de modelos 3D é passar ao cliente a ideia de como os espaços projetados se relacionam entre si e convencê-lo de que a solução adotada é a melhor opção para aquele ambiente.
Em outras palavras, os modelos em três dimensões conseguem traduzir tudo o que está escrito nos desenhos técnicos e memoriais do projeto, de maneira que qualquer um consiga entender.
A modelagem 3D pode ser usada para vender uma ideia que precisa ser aprovada, para divulgar um novo empreendimento a possíveis compradores e em muitas outras situações.
3.1. Modelagem tridimensional
Os modelos em 3D permitem renderizar imagens e produzir pequenos vídeos para ilustrar como o ambiente ficará depois de pronto. É possível humanizar o projeto por meio de exemplos de usos, evidenciando as proporções dos espaços.
Para isso, basta incluir pessoas vivendo naquele ambiente, carros circulando, opções de decoração, tudo isso alinhado a uma projeção da iluminação do ambiente — seja ela natural ou artificial.
Para o cliente, é mais interessante gastar um pouco mais no início do projeto contratando o serviço de visualização do que ter que arcar com somas muito maiores de dinheiro decorrentes do desperdício e outros problemas acarretados por mudança durante a obra.
Com a visualização da arquitetura, o cliente consegue garantir que o projeto está da forma como ele espera, poupando-o de uma reforma prematura ou de ter que conviver com uma solução com a qual ele não concorda.
Atualmente, alguns escritórios já contratam arquitetos e designers para trabalharem apenas com a parte de visualização do projeto.
É uma área que cresce diariamente e ganha importância cada vez maior no mercado. O trabalho mistura arquitetura e fotografia com o objetivo de criar imagens que transmitam muitas informações de maneira simples, possibilitando que clientes e arquitetos se comuniquem na mesma linguagem.
Junto a esses profissionais, é comum ver designers gráficos e de animação. Eles conseguem usar os projetos para gerar pequenos vídeos do espaço antes mesmo de ele estar pronto, facilitando ainda mais a compreensão do ambiente.
3.2. Impressão 3D
Além de apresentar o projeto no computador, é possível imprimir um modelo utilizando uma impressora 3D. O resultado é uma maquete mais detalhada e rápida de ser construída do que as tradicionais, o que permite que elas sejam utilizadas em todas as fases do projeto.
A impressão pode ser feita em qualquer escala e reproduzir as texturas escolhidas para cada um dos ambientes, além de mostrar detalhes como escadas e mobiliário.
Essa opção é a mais interessante para quem precisa deixar um protótipo exposto para o público como forma de incentivar a curiosidade e fazer a divulgação do empreendimento.
Seguindo a ideia de divulgar um projeto, depois de despertada a curiosidade do cliente, é possível convidá-lo a um passeio virtual para conhecer o interior de um apartamento planejado, por exemplo. É uma maneira diferente de tornar o projeto mais interativo.
4. BIM
4.1. Definições e conceitos
Building Information Modeling, ou Modelagem da Informação da Construção, é um conceito que abrange muito mais do que a representação de edificações em fase de planejamento ou algum software específico. De maneira simplificada, o BIM é um processo de virtualização, modelagem e gerenciamento das diversas atividades relacionadas ao ciclo de vida das edificações.
Com o BIM é possível construir um edifício virtualmente, ou seja, fazer uma representação virtual precisa da geometria da edificação com todas as informações necessárias para sua documentação, projeto, pré-fabricação e execução.
Além disso, depois da construção é possível usar esse mesmo modelo durante sua operação, manutenção e planejamento de eventuais reformas ou demolições.
Além disso, como o BIM utiliza um conceito inteligente e paramétrico de virtualização da construção, é possível gerar informações que auxiliem a tomada de decisões, melhorando o processo de construção, manutenção ou operação dos edifícios.
4.2. Softwares BIM
Conforme explicamos, o BIM não é apenas o software e sim a união entre processo e software. No entanto, a utilização de programas que trabalham com o conceito BIM é essencial para obter ganhos resultantes do impacto no fluxo de trabalho e na entrega do projeto.
O software BIM mais conhecido e utilizado no mercado brasileiro atualmente é o Revit da Autodesk. Em outros países, há diversos programas que também são bastante populares, como o Vectorworks, o Bentley AECOsim e o ArchiCAD.
Ao contrário do que muita gente acredita, há vários softwares no mercado que trabalham com o conceito BIM, e eles podem ser diferentes de acordo com os objetivos de cada disciplina.
Por exemplo, o escritório de arquitetura pode utilizar o Revit (da Autodesk) em seus projetos ao mesmo tempo em que a equipe responsável pela hidráulica utiliza o QiElétrico (da AltoQi), a estrutura é desenvolvida no Tekla Structures (da Tekla) e a compatibilização dos projetos é feita no Solibri (da Solibri). Isso só é possível porque todos os softwares são baseados nos mesmos conceitos e há um padrão internacional de formato livre (o IFC) que permite essa troca de informações.
Independentemente da ferramenta adotada, o conceito BIM pode ser aplicado nas diferentes fases de desenvolvimento do projeto. Com isso, é possível obter resultados interessantes tanto no estudo de volumetria e implantação quanto na compatibilização de projetos complexos.
Por definição, os softwares BIM trabalham com elementos paramétricos. Isto é, além da representação tridimensional de cada componente do edifício, o programa armazena todos os dados necessários para análises, quantitativos, simulações, custos, prazos etc.
Por exemplo, em um projeto BIM você pode acessar o modelo 3D, a planta ou qualquer representação gráfica do ambiente e obter facilmente os dados dos materiais utilizados, a marca e o preço de componentes específicos, o custo do metro quadrado dos revestimentos escolhidos e muitas outras informações.
Além disso, ao permitir que os projetos de todas as disciplinas sejam visualizados ao mesmo tempo, é possível antecipar erros ou conflitos que só apareceriam durante a execução da obra.
4.3. Do 3D ao 7D
Ao mudar a maneira como os projetos são pensados, o BIM permitiu a incorporação de outras variáveis na fase de projeto e planejamento. Com isso, projetos que anteriormente eram 3D agora podem ser 4D, 5D etc.
Atualmente, projetos 4D são aqueles que incorporam o tempo como uma variável e geralmente são utilizados para planejar as atividades ligadas às etapas de construção. Isso é particularmente interessante para o gerenciamento das equipes de construção, do cronograma de execução e dos riscos envolvidos.
O 5D é utilizado para a composição de orçamento e análise de custo das atividades relacionadas. O tempo de execução e as informações inseridas no 4D também podem servir de base para analisar diferentes cenários e o impacto de mudanças (de projeto, materiais, equipamentos ou mão de obra, por exemplo) no orçamento.
O 6D permite analisar consumo energético da edificação, o que gera estimativas mais precisas de seu impacto ambiental. Tais estudos são essenciais para projetos que visam a sustentabilidade das construções, objetivo bastante comum nos dias de hoje.
O 7D é utilizado principalmente durante a vida útil do edifício em sua operação e manutenção. Com ele, os gerentes de facilities, demais profissionais e usuários da construção conseguem acessar dados importantes de ativos, como o status de componentes, especificações, manuais de operação e manutenção, datas de garantias etc.
4.4. Adotando o BIM
As discussões sobre para onde o BIM deve caminhar ou como deve ser esse desenvolvimento são geralmente repletas de diferentes opiniões, mas há um consenso bem claro no mercado: o BIM veio para ficar. Por isso é cada vez mais comum que empresas façam a transição para o BIM, mesmo que para isso seja necessário empregar muitos recursos, sejam eles tangíveis ou não.
Para empresas que querem fazer essa transição, é importante primeiro analisar e escolher o software que será adotado, tendo em vista sempre a utilização da ferramenta mais adequada ao tipo de trabalho realizado.
Essa é a fase mais importante do processo, pois a adoção de uma ferramenta errada pode comprometer o trabalho dos colaboradores, diminuir sua produtividade no longo prazo e causar muitos outros problemas, inclusive a necessidade da adoção de um outro software. Por isso, é bastante comum a contratação de consultores, que podem ou não acompanhar todo o processo.
A partir daí é necessário capacitar os funcionários naquele programa específico, tendo em vista que, no início, haverá perda de produtividade da equipe. No entanto, a produtividade tende a ser maior no longo prazo, uma vez que muitos dos processos tradicionais são automatizados.
5. O uso da realidade virtual em projetos
A realidade virtual já existe há algum tempo, mas nem por isso ela é usada em todo o seu potencial. Presente em videogames e aplicativos de celular, essa tecnologia é mais conhecida quando utilizada para o lazer. Porém, ela pode ser adotada na arquitetura, possibilitando uma experiência única, ainda que completamente diferente.
Todo arquiteto já teve dificuldade de mostrar a relação entre os espaços projetados, principalmente quando tudo o que se tem disponível são as plantas baixas. Quem não tem o olhar treinado para enxergar além do desenho raramente vai conseguir entender toda a ideia.
Para ajudar nessa hora, a realidade virtual oferece a possibilidade de visualizar o projeto de maneira simples e intuitiva. Ao se sentir dentro do ambiente projetado, a pessoa entende com mais clareza as proporções entre os espaços e as decisões que foram tomadas.
A tecnologia necessária para adotar a realidade virtual como elemento de visualização de projeto é simples e relativamente acessível. Provavelmente você já tem um smartphone e pode comprar um óculos de realidade virtual.
Se preferir, você pode fazer o seu usando apenas papelão. A Google disponibilizou um kit com instruções para qualquer pessoa ter um óculos de realidade virtual, o Google Cardboard. Com ele, basta montar uma estrutura simples e baixar um aplicativo no celular para poder usá-lo.
Tudo o que você precisa para acessar esse recurso nas suas apresentações para o cliente é: um celular com o aplicativo de realidade virtual instalado, um óculos de papelão e as fotos esféricas do ambiente, para que o aplicativo possa processar essas informações e permitir a visualização em 360°.
Conforme a pessoa vira a cabeça para os lados ou para cima e para baixo, ela pode visualizar na tela todo o projeto, do teto ao chão, como se estivesse dentro daquele ambiente.
6. A automatização de tarefas
Atividades operacionais não são necessariamente difíceis, mas podem tomar muito tempo. Organizar documentos e planilhas, produzir relatórios e cuidar do orçamento são tarefas que podem ser facilmente automatizadas com uso de softwares.
Já existem alguns que fazem automaticamente relatórios do desenvolvimento da construção, utilizando os dados fornecidos por diferentes profissionais do canteiro de obras. É possível também que os softwares organizem gastos: o que já foi pago e quanto dinheiro ainda pode ser investido.
Tarefas podem ser delegadas automaticamente, precisando apenas de alguém que estabeleça a ordem em que cada uma deve ser desempenhada e que controle o fluxo de trabalho.
Essas atividades podem parecer pequenas. Porém, com o acúmulo de projetos, fica difícil conseguir trabalhar, monitorar a obra, ter tempo para a família ou para visitar feiras e fazer cursos na área. A tecnologia permite que o tempo seja mais bem-aproveitado.
6.1. É seguro deixar todas as informações importantes da obra na nuvem?
A maioria dos softwares é bastante segura, tem informações encriptadas e sigilo garantido. Mas é sempre bom ter uma cópia física dos documentos, orçamentos e informações essenciais de cada planejamento. Dessa forma, mesmo que aconteça alguma coisa com o sistema, você ainda acessa uma cópia de tudo o que precisa para seguir com a construção.
6.2. A banda de internet vai ser suficiente?
É verdade que softwares pesados, que dependem de internet, precisam de banda larga para funcionar bem, mas não é nada inacessível. A maioria dos softwares tem uma opção offline que permite sincronizar os dados depois quando houver uma boa conexão com a internet.
Dessa maneira, você não precisa de acesso à rede o tempo todo. Pode anotar todas as informações necessárias offline e, quando chegar no escritório, o software faz o upload de tudo.
6.3. Vale a pena usar a versão grátis dos programas?
Se você está usando o programa para fazer o seu trabalho, o ideal é optar pela versão paga. Assim você ajuda uma empresa a continuar melhorando o software enquanto ela ajuda você a fazer entregas otimizadas.
Pagar por esses softwares evita problemas legais e imprevistos, como o programa expirar quando você mais precisa. Além disso, a versão paga geralmente tem mais recursos do que a gratuita e você pode usar isso a seu favor, deixando o projeto ainda melhor.
7. Conclusão
Não tem como fugir das transformações tecnológicas, pois elas estão presentes em muitos aspectos de nossas vidas. A melhor saída é tirar proveito de todos os benefícios que elas possibilitam por meio da capacitação, visando utilizar todas as ferramentas oferecidas.
É importante ressaltar que os softwares e a automação de processos foram desenvolvidos para melhorar a produtividade do nosso trabalho e que, para isso, muitas vezes temos que adaptar nosso jeito de pensar e projetar.
A tecnologia é de grande ajuda em atividades mecânicas e repetitivas, por isso, deixe que essas tarefas sejam realizadas por softwares. Dessa maneira, você conseguirá aumentar sua produtividade, otimizando seu trabalho e atingindo melhores resultados!
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