Além de sócios, os arquitetos Marcelo e Gustavo são irmãos e, há cerca de 15 anos, comandam o Seferin Arquitetura, escritório que leva o sobrenome deles, em Porto Alegre (RS). Junto de sua equipe, a dupla assina projetos residenciais, comerciais e de interiores, e especifica na Portobello Shop Nilo Peçanha, em Porto Alegre. O premiado time também tem obras em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Punta del Este (Uruguai).
Em entrevista ao Archtrends, Marcelo Seferin contou sobre a trajetória de sucesso do escritório e compartilhou dicas inspiradoras para profissionais que estão em início de carreira. Confira a seguir na íntegra:
ARCHTRENDS: Como você resume o histórico do escritório?
Marcelo Seferin: Eu e meu irmão estudamos arquitetura na PUC, mas nós não tínhamos planejado montar um escritório. No primeiro ano após formados, cada um fez seus trabalhos. Alugamos uma sala e começaram a aparecer oportunidades. O Gustavo passou a trabalhar para uma construtora entre 2007 e 2008. Sempre trabalhamos bem a parte visual de projetos em 3D. Até que surgiu uma oportunidade de fazermos uma casa no litoral do Rio Grande do Sul, em um condomínio. Vários amigos deste cliente tinham comprado terrenos ali também. Então fizemos uma proposta para ele nos apresentar a esses amigos. Montamos um grupo com engenheiros e arquitetos com bastante experiência para criar 10 protótipos diferentes de casas em pouco tempo para apresentar aos potenciais clientes. Com isso, conseguimos fechar duas casas. Assim, em 2010, já tínhamos duas casas finalizadas e conseguimos uma publicação legal em uma revista de arquitetura. Começamos a fazer uma casa atrás da outra. Em pouco tempo, fazíamos pelo menos duas casas por ano. Éramos nós dois e mais um estagiário. Fomos crescendo. Hoje estamos com mais de 30 casas só no Rio Grande do Sul. Contando Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, são mais ou menos 40 casas, 90% delas construídas já. As outras estão em fase de projeto ou obras. Conseguimos criar uma carreira em cima disso: focamos na arquitetura residencial e, com o tempo, passamos a trabalhar interiores também. Hoje vendemos o pacote completo. No meio do caminho, há uns seis ou sete anos, tivemos a oportunidade de trabalhar com arquitetura hospitalar e abraçamos isso. Foi um braço que surgiu. Agora dividimos as marcas em duas frentes: uma para projetos residenciais e eventualmente comerciais e corporativos, e outra para a arquitetura hospitalar. Já fizemos um hospital inteiro e centros clínicos.
ARCHTRENDS: Como define o estilo do trabalho de vocês?
Marcelo Seferin: Não temos um estilo definido. Não gostamos muito de nos colocar em caixas. Mas temos uma linguagem muito forte que pode ser vista nos projetos, apesar de não serem iguais. Cada projeto é feito a quatro mãos com os clientes. Não temos imposições: a gente passa o lado técnico e o nosso lado estético. Isso conduz o trabalho, mas a gente ouve muito o cliente. Isso é um diferencial hoje, já que alguns escritórios não trabalham assim. A gente sempre tenta entender o lado do cliente, seja financeiro, funcional, familiar e de uso do espaço para desenvolver a proposta.
ARCHTRENDS: Linhas retas, uso de madeira, tijolos aparentes, concreto, pedras, panos de vidro… tudo isso aparece nos projetos de vocês. Pode falar um pouco sobre estas escolhas e o uso destes elementos?
Marcelo Seferin: Temos muita influência da arquitetura uruguaia. Também gostamos da arquitetura australiana, japonesa e portuguesa. Mas tem que se adequar ao lugar e ao cliente. Construímos junto ao cliente o caminho a seguir. Não seguimos linhas de materiais e acabamentos. Gostamos de nos reinventar.
ARCHTRENDS: Quais os principais locais onde vocês assinam projetos?
Marcelo Seferin: Temos muitas casas no litoral do Rio Grande do Sul porque pegamos um momento de crescimento bem grande, um boom dos condomínios. Surfamos essa onda e nos destacamos. Em 2012, tivemos a oportunidade de trabalhar em São Paulo, em Alto de Pinheiros. Foi uma reforma muito grande de uma casa da década de 1970. Este projeto nos levou a um cliente muito especial, no condomínio Quinta da Baroneza, no interior de São Paulo. Foi um momento muito legal para o escritório porque é um condomínio em que víamos referências de arquitetos que admiramos. Em 2014 a casa na Quinta da Baroneza já estava pronta e saiu em uma revista de arquitetura. Temos bastante orgulho deste projeto. Também temos outros projetos em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Punta del Este (Uruguai).
ARCHTRENDS: Vocês têm projetos favoritos?
Marcelo Seferin: É muito difícil responder. Pode ser meio clichê, mas acho que o favorito sempre é o próximo. Entendo, de fato, que temos um grande amadurecimento ao projetar. Continuamos em uma evolução muito legal. Os últimos projetos sempre estão brilhando para mim e são os preferidos.
ARCHTRENDS: O que inspira o trabalho de vocês?
Marcelo Seferin: Nosso mercado não é fácil. E o trabalho não é pouco. Não é uma vida de glamour. Temos um ritmo intenso de trabalho, dentro e fora do horário comercial, inclusive aos finais de semana. Com essa dedicação toda, a inspiração é fazer a diferença para quem está nos contratando. Gostamos de ver como as pessoas ficam felizes e como melhoramos a qualidade de vida delas.
ARCHTRENDS: Quais os planos e sonhos para o futuro do escritório?
Marcelo Seferin: Estamos desenhando uma linha de mobiliário. Vamos lançar e depois buscar as lojas para ver quem se interessa em comercializar. É um sonho e uma frente que podemos trabalhar bem. Também estamos com expectativas boas de projetos fora do estado e do Brasil.
ARCHTRENDS: Que dicas ou conselhos você daria para arquitetos estreantes, que desejam traçar uma trajetória de sucesso como a de vocês?
Marcelo Seferin: A dica é ser autêntico, transparente. Ter honestidade e dedicação em todas as relações. Na arquitetura isso é um diferencial porque nem sempre é a prática geral. Também é preciso amadurecer as referências, focar no que se acredita e naquilo que se quer entregar. Manter as forças e seguir firme no que se propõe.