O que fazer em São Paulo em janeiro de 2023
1| Favela-Raiz, no Museu das Favelas
Instalado no Palácio dos Campos Elíseos, na região central de São Paulo, o recém-inaugurado Museu das Favelas dá voz, espaço e visibilidade às pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas e periferias. Atualmente, 17 milhões de brasileiros vivem em favelas, de acordo com levantamento do Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela e a Cufa - Central Única das Favelas. Uma das premissas do museu é mostrar a visão daqueles que foram esquecidos e marginalizados ao longo da história do país – algo especialmente simbólico de se fazer no ambiente palaciano onde o museu se encontra. A construção de quatro pavimentos, projetada pelo arquiteto alemão Matheus Häusler, foi erguida no final do século 19 para ser lar do cafeicultor e político Elias Antônio Pacheco e Chaves e sua família. Desde então, o palacete já funcionou como residência oficial de governadores, foi tombado como patrimônio histórico, passou por uma série de reformas e restauros e também funcionou como sede administrativa de diferentes secretarias e órgãos do governo.
Neste novo capítulo da história do prédio, o Museu das Favelas exalta as ambiguidades socioeconômicas que envolvem os territórios favelizados e propõe novos olhares ao palácio, ressignificando-o. A exposição inaugural do museu, Favela-Raiz, é uma ocupação-manifesto que evoca as raízes da favela e saúda a ancestralidade. No hall de entrada, por exemplo, há enormes esculturas de crochê, criadas pela artista Lidia Lisbôa com colaboração de mulheres do Coletivo Tem Sentimento e da Cooperativa Sin Fronteras. Há ainda uma instalação audiovisual sensorial chamada Visão Periférica, que revela a multiplicidade das experiências nas favelas, com obras de 20 fotógrafos e produtores de conteúdos de diferentes periferias do Brasil. Já no jardim do museu, vê-se uma instalação assinada pelo artista Paulo Nazareth: a escultura de alumínio de 6 metros de altura retrata e homenageia Maria Beatriz Nascimento (1942-1995), mulher negra, historiadora, poeta, intelectual e ativista.
Serviço
Período: até o segundo semestre de 2023
Entrada gratuita (ingressos podem ser retirados antecipadamente no site)
Horários: terça a domingo, das 9h às 17h
Localização: Rua Guaianases, 1024, Campos Elíseos
Dica: Outra exposição em cartaz atualmente no Museu das Favelas é Identidade Preta: 20 anos de Festival Feira Preta, que celebra a história do maior evento de cultura negra da América Latina. Não deixe de conferir.
2| Neo Zeitgeist na galeria Herança Cultural
Com mais de 30 anos de existência, a Herança Cultural – famosa por comercializar peças de grandes designers modernos e contemporâneos – continua se reinventando. Após passar uma temporada apenas como loja digital, a marca agora abre um novo espaço físico, batizado de Hangar. Sob comando do galerista e designer Pablo Casas (filho da fundadora Maria Alice Casas), o local de 3 mil m² é uma mistura de galeria e showroom cuja proposta é ser usado com liberdade, como um laboratório de experimentação e diálogo entre profissionais criativos. A inauguração do Hangar, no mês passado, se deu com a exposição Neo Zeitgeist, com abordagem artística e contemporânea do design de mobiliário, sob curadoria de Ricardo Gaioso. A mostra, em cartaz até meados de fevereiro, propõe a diluição das fronteiras entre arte e design e traz ao público criações assinadas por nomes da nova geração, a exemplo de Tomazi Cabral (duo formado pelo casal Nicole Tomazi e Sérgio Cabral), Lucas Recchia e Marcelo Stefanovicz, entre outros.
Serviço
Período: até fevereiro
Entrada gratuita
Horários: segunda a sexta, das 9h às 18h; sábado, das 10h às 14h
Localização: Rua do Curtume, 274, Lapa de Baixo
Dica: O Hangar estará em recesso até 9 de janeiro. Ainda assim, durante este período é possível solicitar uma visita com hora marcada, com disponibilidade de atendimento a confirmar, pelo WhatsApp (11) 96922-6924 ou email [email protected].
3| Pinacoteca Contemporânea
A Pinacoteca de São Paulo não para de crescer: o terceiro prédio da instituição, a Pinacoteca Contemporânea, será inaugurado no bairro da Luz em 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo. Assinado pelo escritório mineiro Arquitetos Associados em colaboração com Silvio Oksman, o projeto aproveitou prédios originais do terreno, como um antigo colégio do local, a Escola Estadual Prudente de Moraes. Uma pequena parte histórica desta construção, datada de 1895 e sobrevivente a um incêndio, é assinada por Ramos de Azevedo. Outra parte da escola, mais atual, foi desenhada por Hélio Duarte em 1950. As novas adições, cujas obras foram iniciadas em outubro de 2021, incluem um subsolo com acesso pela Praça da Luz, onde fica a Grande Galeria, com mil m². Áreas abertas, um mezanino com cafeteria e varandas também estão presentes ali, fazendo um convite à convivência. Com este novo prédio, a Pinacoteca se tornou nada menos que o maior museu em área para exposições do Brasil e o segundo maior da América Latina. E, apesar do nome da nova unidade, as mostras não se limitam à arte contemporânea. O termo é apenas uma referência a uma mentalidade atual. Serão duas exposições inaugurais do local: uma coletiva com obras de grandes dimensões do acervo do museu (na Grande Galeria) e uma mostra da coreana Haegue Yang, que trabalha principalmente com esculturas e instalações, na Galeria Praça, que tem 200 m².
Serviço
Período: a partir de 25 de janeiro
Entrada: R$10 (meia) e R$ 20 (inteira). No primeiro mês de funcionamento a entrada será gratuita.
Horários: de quarta a segunda, das 10h às 18h
Localização: Avenida Tiradentes, 273, Luz
Dica: Conheça também o Jardim das Artes, que conecta o novo prédio à Pina Luz.
4| A Magia do Manuscrito, no Sesc Avenida Paulista
Hoje em dia, o que você escreve à mão? Nesta era digital e hiperconectada, caneta e papel já não estão na rotina de muitas pessoas – um contexto que torna ainda mais fascinante a mostra A Magia do Manuscrito. A exposição reúne documentos manuscritos originais de figuras de destaque da arte, política, ciência e história. A coleção particular, aberta ao público brasileiro pela primeira vez, pertence ao escritor e editor Pedro Corrêa do Lago e é considerada a mais importante do tipo no mundo. Ele começou o colecionismo há 50 anos e hoje soma mais de 30 mil itens. Em meio a tamanha vastidão de materiais, 180 foram selecionados para a mostra. São cartas, desenhos, fotografias assinadas, partituras e bilhetes de personalidades como Albert Einstein, Mozart, Angela Davis, Beethoven, Frida Khalo, Isaac Newton, James Joyce, Jorge Luís Borges, Marcel Proust, Martin Luther King Jr., Michelangelo, Nelson Mandela, Sigmund Freud, Simone de Beauvoir e Vincent Van Gogh, só para citar alguns. Entre os nomes brasileiras estão itens de Ayrton Senna, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Fernanda Montenegro, Machado de Assis, os imperadores Pedro I e Pedro II, Santos Dumont, Tom Jobim e uma porção de outros. A mostra chegou ao Brasil após ter sido exibida pela primeira vez em Nova York, em 2018.
Serviço
Período: até 15 de janeiro
Entrada gratuita
Horários: terça a sexta, das 10h às 21h30; sábado, domingo e feriados, das 10h às 18h30
Localização: Avenida Paulista, 119, Bela Vista (5º andar)
Dica: Aproveite e visite também, a poucos metros dali, o Itaú Cultural. O local recebe, até 2 de abril, a mostra Um século de agora, com esculturas, fotografias, instalações, performances, pinturas e desenhos assinados por 25 artistas e coletivos. De terça a sábado, das 11h às 20h, domingos e feriados, das 11h às 19h. Entrada gratuita.
5 | A Arte do Ramen Donburi, na Japan House
O fenômeno gastronômico do ramen é o mote da nova mostra em cartaz na Japan House. A receita, muito apreciada no Japão e com fãs em todo o mundo, leva macarrão, dashi, tarê, cobertura e gordura, mas vai além de uma boa combinação de ingredientes: existe toda uma cultura em torno do alimento. É isso o que a exposição A Arte do Ramen Donburi mostra ao público, com especial destaque para as tigelas onde ele costuma ser servido. Chamados de ramen donburi, os tradicionais recipientes cerâmicos são ricos em história e beleza. A maioria dos ramen donburi utilizados no Japão tem tamanho, matéria-prima e formato padronizados, sendo que aproximadamente 90% são provenientes de uma mesma região, o Vale da Cerâmica de Mino, na província de Gifu. É de lá que vieram as 30 tigelas expostas na mostra. Elas foram transformadas em verdadeiras obras de arte pelas mãos de artistas plásticos, designers e arquitetos que se valeram desde grafismos tradicionais até o estilo psicodélico. A exposição conta ainda com uma área dedicada a apresentar o Vale da Cerâmica de Mino, com mapas, fotografias e vídeos sobre a geografia e história da região que há mais de 500 anos produz donburi e uma variedade de outros produtos cerâmicos, como revestimentos para construções.
Serviço
Período: até 5 de fevereiro
Entrada gratuita
Horários: terça a sexta, das 10h às 18h; sábado, das 9h às 19h; domingo e feriado, das 9h às 18h
Localização: Avenida Paulista, 52, Bela Vista
Dica: A exposição está localizada no piso térreo da Japan House e conta com recursos de acessibilidade (Libras, audiodescrição e elementos táteis). É possível agendar a visita (opcional) antecipadamente no site.