Projetar a sustentabilidade, celebrando a beleza. Eis a receita para assinalar os 60 anos do Salão do Móvel de Milão, o maior e mais representativo encontro internacional dos setores de design e decoração, que retorna a seu formato original, entre os dias 7 e 12 de junho, depois de dois anos de espera ocasionada pela pandemia.
Segundo a atual presidente do Salão do Móvel de Milão, Maria Porro, finalmente a comunidade de design poderá desfrutar do concorrido evento em clima de total segurança. Para Porro, a presidente mais jovem de todos os tempos da instituição, e primeira mulher a ocupar o cargo, o supersalone – feira compacta, realizada em setembro –, serviu para aquecer os motores.
Provou que eventos internacionais de grande escala podem, sim, ser realizados e quantificados, de forma circular e sustentável. Mas, agora, é chegada a hora de voltar para o grande show internacional. “Trabalhamos arduamente para construir um evento que dará a todos a oportunidade de participar de uma experiência única, concreta e emocionante”, diz ela.
E os números não a deixam mentir: são 200 mil m2 de área expositiva, cerca de 2.100 expositores de todo o mundo, 25% deles estrangeiros, além de duas mostras paralelas, apenas no recinto da feira: a Eurocucina, bienal apresentando as novidades do setor de cozinha, e o Salone Satellite, evento dirigido a designers emergentes, dirigido por Marva Griffin Wilshire.
Apresentando os trabalhos de cerca de 600 jovens talentos de todo o mundo, este ano o Satellite acontece entre os pavilhões 1 e 3, logo na entrada do complexo expositivo, e terá como tema Projetar para o nosso amanhã. Além dos designers selecionados, escolas, universidades e instituições convidadas também compõem a lista de participantes.
Entre eles, em avant-premiere, serão apresentados os projetos vencedores do I Prêmio Adriana Adam de Design. Concurso idealizado pelo arquiteto e designer Gaetano Pesce, que conta com minha curadoria, voltado para jovens designers e arquitetos de todo o Brasil. Por fim, também no complexo expositivo, uma grande instalação promete agitar o pavilhão 15.
Projetada por Mario Cucinella, Design com a Natureza vai apresentar um ecossistema virtuoso que idealmente representa o futuro da vida em casa, depois dos acontecimentos dos últimos anos. Um período de reflexão, que nos fez redescobrir a importância da sociabilidade, da partilha e da preservação dos recursos disponíveis.
Pela cidade. Quem já teve a oportunidade de participar de ao menos uma edição do Salão do Móvel, sabe que ele oferece bem mais do que a oportunidade de conhecer móveis e objetos inéditos. Sim. Os pavilhões de Rho-Pero, onde ocorre a mostra oficial, merecem uma visita prolongada. Mas é impensável não percorrer o centro de Milão durante os dias de festival.
“De 1961 até hoje, o Salão do Móvel ultrapassou a dimensão de uma simples feira comercial. Estamos falando de um momento em que todo o setor tem a percepção de para onde estamos indo em escala mundial. Tudo em pouco tempo e em um único lugar”, declarou Maria Porro, durante a conferência de imprensa realizada por ocasião do lançamento da mostra.
E, esse ano, não poderia ser diferente. Por toda a cidade, mais de 200 eventos, – de lançamentos a conferências; de exposições a festas –, prometem agitar a capital do design. Atento ao movimento, o próprio Salão do Móvel volta a investir em eventos fora dos limites da mostra, marcando presença em dois lugares icônicos: o Palazzo Reale e o Teatro alla Scala.
Em A Caixa Mágica, projeto que tem produção executiva assinado pelo professor e diretor italiano Davide Rampello, a evocativa Sala delle Cariatidi, no Palazzo Reale, será transformada em uma monumental sala de cinema, com 6m de altura por 24m de profundidade, onde um visionário e imaginativo conjunto de dispositivos abrigará um verdadeiro espetáculo em três atos.
Por fim, o Salão do Móvel volta a colaborar com a Fundação Teatro alla Scala, com o duplo objetivo de promover e valorizar sua filarmônica e ainda possibilitar à comunidade de design uma experiência única. Dessa forma, o Salão do Móvel deste ano será inaugurado com um concerto dirigido por Lorenzo Viotti, seguido de um balé protagonizado por Roberto Bolle.
Também no circuito FuoriSalone – expressão em italiano que designa as manifestações que ocorrem fora da mostra oficial –, a sustentabilidade promete estar no centro das discussões. Para quem viaja, começo, portanto, por recomendar uma visita a Triennale di Milano, prédio histórico que durante a semana do design funciona como uma espécie de hub do festival.
Depois, arrisco-me a indicar cinco atrações que considero imperdíveis para todo e qualquer apreciador do design em visita a Milão. Despeço-me desejando um bom Salão do Móvel a todos e até o próximo mês, quando pretendo apresentar um balanço do que de mais interessante aconteceu por lá. Auguri a tutti!
Aldo Rossi Design. Uma oportunidade inédita de conferir mais de 350 itens, entre móveis, desenhos, pinturas, objetos de design e maquetes, em uma exposição patrocinada pelo Grupo Molteni, que reconstrói o universo criativo de um dos mestres da arquitetura do século 20.
Museo del Novecento. Piazza del Duomo, 8
Twenty by Tom Dixon. Para comemorar o 20º aniversário de sua marca, o designer britânico apresenta suas mais novas coleções, com destaque para seus lustres e luminárias, no icônico Palazzo Serbelloni, no centro de Milão.
Palazzo Serbelloni. Corso Venezia, 16
SCP. Após uma longa pausa sem expor em Milão, um dos maiores produtores de estofados sustentáveis do Reino Unido, retorna para apresentar seus novos projetos, tendo como cenário os belos claustros da basílica San Simpliciano, no Complexo Brera.
Padiglione Brera: Via Cavalieri del Santo Sepolcro, 3
Selletti collection. A marca italiana de design figurativo apresenta suas novas luminárias: uma coleção multifacetada, que representa bem a capacidade da empresa em interceptar as formas do futuro, bem como sua abordagem não convencional, que circula entre a funcionalidade do design e o poder visual da arte.
Seletti Flasgship Store. Corso Garibaldi, 117
Asian impact. Do automóvel ao mobiliário, uma grande exposição na qual Japão, Tailândia, Hong Kong e Singapura reinterpretam o mundo global com propostas que respeitam sua tradição, mas se integram à tecnologia contemporânea. E ainda refletem sobre a ideia da imprevisibilidade ligada à pandemia.
Superstudio Più: Via Tortona, 27