Ryan Korban: mudanças e pedra angular
Há dois tipos de pessoas no mundo, as que temem mudanças e Ryan Korban, que morou em nove lugares diferentes – apenas nos últimos 15 anos. O designer parece viver uma versão editada da filosofia shakespeariana: "ser 'e' não ser" parece mais apropriado a quem carrega tanta criatividade e ousadia, sobretudo porque ele é aquele tipo de profissional que busca agregar, jamais excluir.
Foi assim, aliás, que Korban chegou aos lares de James Franco, Kanye West, Natasha Poly e Debra Messing -- e não como convidado, mas como designer. O trabalho diferenciado na construção do "look & feel" nas casas desses poderosos, se estendeu ao mundo corporativo. O estilista Alexander Wang, por exemplo, contou com o talento do rapaz para compor as lojas Balenciaga.
Em todos os casos, Korban revela que seu processo criativo é quase sempre o mesmo, começando com uma peça que capta sua atenção e desenvolvendo o projeto ao redor dela. Talvez por isso, seu estilo muitas vezes descrito como "quiet elegant" seja o sussurro mais escandaloso que só ouve quem tem olhos atentos.
Como você descreveria seu estilo?
Acho que meu estilo de design tem duas linhas. Uma mais romântica e outra mais "brutalista", e acho interessante essa mistura. Sempre me desafio a propor uma atmosfera fresca, que transpareça mesmo uma reinvenção.
Qual a sua regra de ouro quando criando um projeto?
Eu sempre, absolutamente sempre envolvo meu engenheiro de luz nos projetos, porque a coisa mais importante de um ambiente é a iluminação. A luz pode significar o sucesso ou o fracasso de um ambiente. Uma vez superada essa questão, eu me dedico a investigar os materiais e construo a narrativa da história que quero contar com eles. Por isso, a maioria dos meus trabalhos começa com um pedaço de bronze, de mármore ou qualquer outro material que tenha me chamado atenção e aí crio todo o entorno.
E o que você evita a qualquer preço no trabalho?
Eu sou daqueles designers ávidos por informação, então eu tento me manter aberto e sem restrições. Tendo a escolher caminhos que me permitam explorar mais sobre a história e os desejos do cliente, seja ele pessoal ou corporativo. A partir da minha imersão nas vontades e anseios de quem me contrato, moldo um projeto que reflita tudo o que descobri – e eu acho que isso resulta num projeto mais significativo.
Seu estilo foi descrito como "silenciosamente elegante", você concorda com isso?
Gosto de acreditar que sim, porque acho que é maravilhoso esse equilíbrio. Dito isso, há vezes e situações que pedem um trabalho menos silencioso.
Que conselho você daria para evitar as dores de cabeças que acompanham o processo de renovação e mudança?
Muito analgésico! (risso) Agora, falando sério, essas dores de cabeça são inevitáveis. Meu conselho seria aprenda a lidar com as coisas apesar disso.
Qual o melhor conselho relativo a design que já recebeu?
Uau, ninguém nunca me perguntou isso antes. Deixe-me pensar. Olha, eu acho que meu estilo e personalidade sempre foram os mesmos, mas a medida em que você vê tantas modas indo e vindo, às vezes você pensa se devia adaptar seu trabalho para "se encaixar" no padrão. E aí eu lembro desse conselho-clichê que me deram: me manter fiel aos meus conceitos e desenhos, sem olhar para os lados a fim de me comparar.
Qual a sua loja favorita para comprar artigos de design no mundo?
Nossa, eu gosto de muitas, mas se pudesse escolher apenas uma, seria Flair in New York, na região do Soho, em Manhattan.