Rodeo Drive: pequena para quem caminha; gigante para quem explora
Ela ocupa, no mapa, pouco menos de quatro quilômetros, mas não há unidade de medida que calcule o seu tamanho: a Rodeo Drive, uma das avenidas mais caras de Los Angeles, tem suas dimensões alongadas pela história.
Sua posição estratégica, no coração de Beverly Hills, aflorou desde o princípio sua vocação comercial – por ali, pequenas lojas operavam sem grandes pretensões, até que em 1949, Richard Carroll, um dos principais executivos da Warner Bros, escolheu aquele endereço para sediar o que seria a primeira alfaiataria de alta qualidade da zona oeste do condado.
O rápido crescimento da Carroll & Co comprovou o talento para negócios da avenida, e chancelou a chegada de outras marcas exclusivas, sendo a primeira delas a Giorgio Beverly Hills, de Fred Hayman, que desembarcou por ali em 1967. O diferencial desse empreendimento era que, junto aos produtos inquestionavelmente diferenciados, se propunha uma vivência, uma experiência inédita para a época. Era possível, por exemplo, bebericar coquetéis exclusivos durante as compras, que poderiam ser entregues nas casas dos clientes por um mensageiro a bordo de um Rolls-Royce.
Dois anos depois, a joalheria parisiense Van Cleef & Arpels abre as portas e, além de conquistar clientes, se deixou conquistar: foi uma questão de tempo para que a grife europeia se rendesse aos encantos californianos e lançasse a limitadíssima coleção "Califórnia Reviere", totalmente inspirada no lifestyle local.
Lanvin, Versace, Jimmy Choo, Tiffany, Prada, Gucci e até a sempre "dura na queda" Patek Philippe se curvaram ao charme da Rodeo Drive e se instalaram ao longo de três quarteirões da avenida – os mesmos que continuam badalados hoje em dia, entre o boulevard Santa Mônica e a avenida Wilshire.
Embora o "peso" das marcas seja um atrativo por si só, a caminhada pela Rodeo Drive se faz necessária para fazer o que os americanos sabiamente chamam de "window shopping" – ou "compras de vitrines", em tradução livre.
Dado o nível da concorrência e o ambiente do lugar, se tornou uma lei não-declarada de que uma atenção especial deve ser dada às vitrines daquela avenida. E a cartilha é seguida até hoje, à risca.
Para provar que a calçada é mesmo o ponto onde se aprecia a melhor vista da Rodeo Drive, vale lembrar que ela nos leva até um emblemático Rolls-Royce amarelo, customizado, que sempre estaciona no mesmo lugar – tanto que tem um parquímetro (igualmente amarelo) para chamar de seu.
Pelos caminhos retilíneos e de superfície imaculada da Rodeo Drive é possível chegar a um pequeno e artificial "morro" de paralelepípedos, cuja estética se aproxima, propositalmente, da arquitetura europeia.
É justamente neste cantinho com sotaque italiano que se concentram algumas lojas mais modernas e restaurantes cujas mesas são disputadíssimas, sobretudo por visitantes famintos para devorar a beleza daquela que foi palco de tantos filmes, séries e histórias.
Um dos longas mais conhecidos a ser gravado ali foi o clássico "Uma Linda Mulher", estrelada por Julia Roberts. Embora a atriz tenha sido indicada ao Oscar por sua atuação no longa, a avenida roubou o protagonismo de algumas das cenas-chaves do enredo. Também, pudera: nem a beleza de Roberts, eternizada em comerciais e propagandas, é párea para a grandiosidade infinita que cabe em alguns quarteirões da Rodeo Drive.