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Quantas mulheres estão presentes na sua casa?

Giovanna Nader cercada por criações femininas: almofadas do Projeto Fio e da Voador Tecelagem, serigrafia na parede de Estela Dalt e quadro que ela segura de Antonia Figueiredo (Foto: cortesia)

Recentemente, fui convidada a mediar uma mesa em um festival de arte cujo tema era Mulheres que potencializam mulheres e, como boa CDF que sou, antes de desenvolver o roteiro da conversa, me afundei em podcasts, filmes e leituras sobre o assunto. E sabe quando aquela coisa cai no seu colo com a desculpa de que é trabalho, mas acaba mudando seu olhar sobre você e o mundo? 

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A mesa era com mulheres artistas - e só a necessidade que tenho em colocar a palavra mulher à frente da palavra artista já evidencia um termo de construção histórica, onde predomina majoritariamente a presença de homens. Mas infelizmente isso não acontece só no mundo das artes. O patriarcado já chegou até na Barbie e sim, tem gente que vai torcer o nariz, mas eu vou falar do filme da Barbie. 

Pra quem me acompanha há um tempo, deve estar achando estranho, afinal a Barbie é o símbolo capitalista do consumo, do padrão estético, do plástico, do lixo. “Giovanna, você já pensou o quanto eles vão lucrar vendendo Barbie a partir de agora?” Eu sei, vocês têm toda razão. Porém não podemos negar que o filme foi um primor na metalinguagem do patriarcado. E não pára por aí, ele traz a solução perfeita de como vencer esse patriarcado. 

A partir daqui, contém spoiler…

As Barbies entendem que para reter o machismo precisam de união. Clichê, mas nada óbvio se a gente parar pra pensar no fato de que nós mulheres fomos estimuladas desde sempre a competir entre nós, a nos encolher em caixas, a acreditar que não somos capazes. Principalmente, fomos educadas para sermos inseguras. Aliás, vamos combinar que o patriarcado adora uma mulher insegura? 

Qualquer coisa que tire a tranquilidade do que já está posto incomoda, mas precisamos reconhecer que somos múltiplas em nossas realizações e o que a gente faz é muito bom. E para que essa união aconteça é muito importante o fortalecimento das relações entre as mulheres. E por isso te pergunto: o quanto você apoia (moral e financeiramente) o trabalho de mulheres no seu dia a dia? Aqui me refiro a todo o seu entorno - em contratações, moda, leituras, filmes e na sua casa. 

Obras de artistas mulheres na casa de Giovanna Nader: à esquerda, Antonia figueiredo, à direita, Estela May (Foto: cortesia)

Nessa pesquisa, conheci também a escritora Brené Brown, que tem uma teoria incrível sobre vulnerabilidade, vergonha e medo. Ela diz que existem dois tipos de pessoas, as que estão na arena e as que estão na arquibancada. Aquelas da arena caem, levantam, se expõem ao medo, ao risco e ao fracasso. E consequentemente também ao sucesso, já que um é o reflexo do outro. E lidar com essa vulnerabilidade sendo mulher é um esforço maior ainda, uma vez que não fomos estimuladas a brilhar. Carregamos o medo de sermos metidas, gananciosas, carreiristas, enquanto deveríamos apenas ser conscientes de nossos valores. Agora, imagine como todo esse processo pode ficar mais fácil se tivermos outras mulheres caminhando com a gente nessa trajetória? 

Decidi falar sobre esse tema por aqui para que a gente sempre tenha em mente a importância de priorizar a energia feminina na nossa vida, inclusive dentro da nossa casa, seja na decoração, na reforma, nas obras de arte. Consumir é um ato político e apoiar minorias ou grupos mais vulneráveis é nosso dever, portanto, sempre que possível, escolha mulheres. A busca pela escuta interna é solitária, mas o processo de transformação é coletivo. E potencializar outras mulheres é o fio condutor para o nosso próprio sucesso. 

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