A cada dia que passa, nossa sociedade vem se preocupando mais com a preservação do meio ambiente e sustentabilidade em geral.
Nesse contexto, diversos movimentos acabaram surgindo para fortalecer essas ideias, valorizar a importância de cuidar do mundo e destacar a necessidade de aplicar os conceitos no nosso dia a dia.
A arquitetura sustentável é exemplo disso. Por meio de seus pilares e de vários projetos de relevância internacional, é possível perceber como arquitetos ao redor do mundo estão aplicando os conceitos e usando sua profissão a fim de dar voz a um movimento tão importante.
Pensando nisso, desenvolvemos um conteúdo completo que tem como finalidade caracterizar a arquitetura sustentável, além de expor alguns dos projetos mais interessantes que seguem essa vertente.
Junto deles, você verá também aplicações e maneiras de adaptar as ideias para os seus clientes. Vamos lá? Tenha uma ótima leitura!
As características da arquitetura sustentável
A arquitetura sustentável é um movimento que tem como prioridade a otimização e o uso inteligente de recursos naturais, visando diminuir o impacto sofrido pelo meio ambiente com a construção de edificações em geral.
Alguns de seus pilares são os seguintes:
- reduzir o uso de materiais de construção;
- priorizar o baixo consumo de energia em processos de iluminação, refrigeração e aquecimento;
- incentivar as fontes de energia renováveis;
- obter o máximo de desempenho com o menor impacto possível;
Além disso, a arquitetura sustentável também apresenta certas características especiais que precisam ser seguidas. Veja abaixo quais são elas.
Consumo inteligente de água
Um projeto sustentável deve ter como prioridade o consumo inteligente de água e a redução dos níveis de desperdício. Para que isso ocorra, é preciso usar tecnologias de reutilização. As opções mais conhecidas são o aproveitamento da água da chuva e equipamentos com sensores. Eles podem ser torneiras ou chuveiros, por exemplo, que consomem uma quantidade muito grande de água e energia.
Fontes alternativas de energia
O uso excessivo de equipamentos eletrônicos não gera apenas um aumento na sua conta. Toda essa tecnologia que vem fazendo parte das residências e da indústria deve ser vista com cautela, pois os danos causados pelo uso desenfreado de tais aparelhos podem ser irreversíveis no futuro.
Alguns recursos chamados de fontes alternativas de energia chegaram para apresentar uma solução esperançosa e eficaz para a população mundial. Elas são renováveis, pouco poluentes e quase não impactam o meio ambiente de forma brusca.
Atualmente, ao lado das termoelétricas, a energia hidrelétrica é a mais usada no Brasil. Apesar de ser uma fonte renovável e não emissora de poluentes, ela danifica muito a natureza. Isso acontece porque é necessário construir barragens para a implantação das usinas.
Ou seja, é necessário alagar diversas áreas de grande extensão. A prática provoca a destruição da vegetação natural, o assoreamento dos rios e a extinção de algumas espécies de animais.
Já a termoelétrica não é renovável e causa a poluição térmica, já que precisa elevar muito a temperatura da água. Essa água é depositada nos rios, destruindo diversos ecossistemas e seu respectivo equilíbrio. Os combustíveis fósseis, usados para produzir energia, também são nocivos ao meio ambiente e soltam na atmosfera alguns dos gases responsáveis pelo aquecimento global.
Mas há esperanças, já que existem alternativas cada vez mais difundidas justamente por serem sustentáveis. É o exemplo da energia eólica (gerada a partir do vento) e da solar (que tem como base os raios solares).
Em um projeto de dimensão bem menor do que as grandes indústrias e nada comparado à produção de poluentes por toda a população, ainda é possível aplicar as ideias propostas pela arquitetura sustentável.
Por exemplo: os painéis solares fotovoltaicos são responsáveis por converter a energia do sol em energia elétrica, mas seus custos elevados ainda impedem a tecnologia de se tornar mais acessível e disseminada.
Entretanto, estudos comprovam que os gastos dos combustíveis fósseis estão ficando tão caros que, no futuro, a tendência é deixá-los de lado cada vez mais e partir em busca dos painéis solares. Uma opção bastante acessível é a do aquecedor solar doméstico.
Materiais sustentáveis e ecológicos
Materiais ecológicos são aqueles produzidos com o menor impacto possível no meio ambiente.
Existem diversas opções disponíveis no mercado a fim de atender aos seus projetos sustentáveis de arquitetura. Por exemplo, veja alguns materiais conhecidos por ajudarem a diminuir os prejuízos causados pela construção civil ao redor do mundo:
- telhado com isolamento térmico;
- elastopor (outra solução para isolamento térmico);
- torneira temporizada;
- descarga com acionamento duplo;
- pisos recicláveis;
- telhas de fibra vegetal;
- tintas com baixos índices de compostos orgânicos voláteis;
- lâmpadas de LED.
Mesmo que possa parecer, esses produtos não são necessariamente mais caros do que as opções convencionais. Muito pelo contrário, eles trarão menos gastos e preocupações para seus clientes, uma vez que a poeira e o ruído são diminuídos drasticamente.
Além disso, muitas vezes eles controlam o consumo de recursos pelos usuários. Dessa forma, a conta virá mais barata, ocasionando uma economia gradual e que tende a permanecer.
Resíduos administrados com consciência ambiental
Os resíduos gerados pela construção civil são muito mais prejudiciais para o planeta do que se imagina. Com uma destinação consciente, no entanto, todos os resíduos serão depositados nos locais corretos. Uma maneira interessante de realizar uma boa administração desses materiais é a trituração do concreto e da madeira, por exemplo, que podem ser reutilizados após o processo.
Ficou interessado? Então veja abaixo alguns projetos sustentáveis para se inspirar.
1. A Casa Folha, no Rio de Janeiro
Com o nome de “Casa Folha”, o projeto realizado pelo Mareines e Patalano Arquitetura tomou forma e está localizado pertinho da cidade do Rio, em Angra dos Reis.
A principal inspiração buscada pelos arquitetos foi bem lá no fundo da história do país, com os índios e a sua forma de construir e lidar com suas próprias residências.
Entre diversos aspectos belíssimos que permanecem na memória até os dias atuais em relação à arquitetura indígena, um ponto importante diz respeito à integração do ambiente das ocas com relação ao clima quente e úmido típico do Brasil litorâneo.
Os índios tinham a necessidade de construir habitações funcionais que entrassem em harmonia com a realidade climática do país, e utilizavam diversos recursos para isso. A Casa Folha, então, se inspirou nessas técnicas e colocou em prática os conceitos de forma moderna e contextualizada ao período atual, sem perder sua riqueza e a carga cultural.
Alguns aspectos utilizados nesse projeto sustentável foram:
- uso de materiais naturais e renováveis;
- resfriamento passivo (um conjunto de tecnologias usadas com o objetivo de reduzir a temperatura do local sem a necessidade usar fontes de energia elétrica ou combustíveis, que podem ser prejudiciais ao ambiente);
- ventilação natural;
- iluminação natural.
Toda a água vinda da chuva é colhida pelo telhado da casa, que tem acabamentos naturais. O aproveitamento dessa água é benéfico para o meio ambiente e pode ser reproduzido sem muitos problemas em qualquer projeto de arquitetura.
Estamos vivendo em uma sociedade altamente urbanizada e que não para de crescer. Isso faz com que o solo acabe se impermeabilizando, ou seja, perdendo sua capacidade natural de absorver a água que entra em contato com ele. O resultado disso? Cada vez mais inundações.
Elas têm diversas consequências e impactos negativos no meio ambiente, no entanto eles podem ser drasticamente reduzidos quando existem fontes alternativas e sustentáveis de água para diversos fins específicos, como é o caso da coleta da água pluvial.
O nome do projeto faz referência ao seu belíssimo telhado. Em formato de folha, ele atua como uma “planta gigante” capaz de proteger a casa do sol e proporcionar espaços frescos com muita sombra para alguns espaços externos.
Repleta de varandas e espaços abertos, a casa não tem corredores e apresenta pouquíssimas divisórias. A maioria delas é de vidro ou de materiais mais leves, como se a construção realmente fosse uma espécie de oca.
Na área externa, o pé-direito alto faz com que os ventos vindos do sudeste venham do mar e atravessem a casa, o que auxilia na ventilação e proporciona uma sensação de frescor natural, automaticamente resfriando os ambientes (é justamente aquilo que falamos sobre resfriamento passivo).
As madeiras usadas na construção são de reflorestamento e consideradas matéria-prima renovável. As superfícies de acabamento da casa são naturais (exceto o vidro e o cobre platinado), e toda a estrutura da parte superior foi elaborada em madeira laminada de Eucalipto.
2. A Family Box, na China
Com conceito inovador, a construção serviu para quebrar barreiras e questionar o modo como a educação infantil é vista e estimulada por pais e professores na atualidade.
A Family Box pode ser definida como uma mistura de playground e jardim de infância. São aceitas crianças de até 12 anos de idade, que, além das aulas tradicionais, aprendem diversas atividades diferentes, como por exemplo: aula de artes, artesanato, culinária, balé, dança criativa, música e natação.
Os pais têm acesso às atividades realizadas pelas crianças, uma vez que as áreas são bem abertas, parecidas com diversas "caixinhas" furadas.
Essa foi, inclusive, uma sacada de mestre. Os arquitetos responsáveis pensaram que, pelo fato de as crianças e os adultos terem perspectivas diferentes em relação ao espaço que habitam, o projeto deveria seguir essa visão particular e aplicá-la em ambientes diferenciados para cada geração.
Enquanto os pequenos estudam e realizam diversas atividades em escala infantil, dentro do que seria uma das "caixas", os pais acompanham de longe, nas caixas maiores.
De qualquer lugar em que estejam no prédio, é possível visualizar as crianças e ter uma ideia do que elas estão fazendo. As “caixas” são construídas de forma moderna e futurista, com um estilo específico para cada uma em especial.
A paleta de cores segue com predominância do branco, no entanto o contraste é feito com o uso de detalhes em cores vivas e abertas. Praticamente não existe preto, cinza ou tons semelhantes, salvo nos letreiros e em adesivos de indicação que ficam pregados nas paredes.
O projeto tem suas referências na sustentabilidade de diversas maneiras, começando por onde ele foi construído.
Localizada no canto extremo de um parque, a construção foi erguida em meio à natureza sem ter causado nenhuma destruição ou prejuízo ao meio ambiente. Isso também ajuda a educar as crianças e contribui para um trabalho de conscientização desde cedo.
A valorização e incentivo da entrada de luz natural é outro ponto de destaque no projeto. Inclusive, é uma dica legal que pode ser reproduzida em sua rotina.
Uma das prioridades do projeto da Family Box foi colocar a maior quantidade possível de janelas e espaços pelos quais a luz pudesse entrar. Assim, o uso de energia elétrica é reduzido, se restringindo àquelas horas do dia em que realmente não tem como ficar no escuro.
Com um modelo de projeto sustentável como este, é possível perceber dois grandes benefícios: o meio ambiente é protegido e a conta de luz fica mais barata. Nada melhor do que unir o útil ao agradável, certo? Este é um ótimo argumento para convencer aquele cliente que pensa que um projeto sustentável demanda muito trabalho e dinheiro.
O projeto foge do padrão de pilares de concreto, e seu esquema de caixas faz com que a arquitetura seja ainda mais inovadora, dando um ritmo completamente diferente para o local.
A experiência do cliente e a criatividade tiveram bastante peso no projeto, e você pode fazer a mesma coisa ao reproduzir essas ideias principais no seu escritório.
Sabendo que os maiores utilizadores seriam as crianças, a ideia era que o ambiente não caísse na mesmice e fosse capaz de transformar por completo a forma de os pequenos interagirem com o prédio. A questão de os pais estarem integrados e presentes também foi concretizada de maneira inovadora.
3. A Urban Villas, na Suíça
A inovadora construção suíça está aí para provar que o uso da arquitetura sustentável em residências particulares, além de ajudar o planeta, é atraente também por fatores econômicos.
Um mito que passa pela cabeça de muitas pessoas é que projetos sustentáveis de arquitetura serão obrigatoriamente caros ou difíceis de colocar em prática em uma residência.
Na Urban Villas, é possível tirar esta ideia da mente e perceber que ajudar o planeta é muito mais simples (e barato) do que se imagina.
Concebido pelo escritório Lischer Partner Architekten, o projeto tem como prioridade explorar a luz do sol e seus benefícios no dia a dia dos moradores.
Isso foi realizado com o uso de claraboias e painéis de vidros, que influenciam a entrada de iluminação natural. Dessa forma, não é necessário usar de lâmpadas em todo o período do dia em que bate sol no interior da casa.
Outra alternativa sustentável é aquela responsável pela manutenção da temperatura da edificação com o uso de revestimentos claros. Fica a dica para o seu projeto!
O posicionamento das casas também foi muito importante a fim de que elas recebessem uma boa quantidade de sol. Uma preocupação, entretanto, era a privacidade: o fato de a casa ter grandes paredes de vidro atrapalharia a vida dos moradores?
De forma alguma. O posicionamento de cada uma das residências fez com que os muros não fossem necessários. Para resolver a questão da delimitação de espaço, foram usadas plantas de pequeno e médio porte que funcionam como divisórias naturais.
Mais um ponto importante foi o cuidado com a região em que as casas foram construídas. Elas estão localizadas em uma área tombada historicamente, ou seja, não seria possível realizar um projeto muito agressivo.
O estilo da região foi preservado, todas as políticas de zoneamento foram respeitadas e, além disso, as casas têm no máximo dois andares.
4. A Casa Green Screen, no Japão
Localizada na província de Saitama, a construção é denominada Green Screen ("tela verde", em tradução livre), e não é por acaso.
Na fachada da edificação, é possível perceber logo de cara um grande “painel” de plantas. Além de funcionar como uma proteção solar natural e compor uma bela varanda para jantares, o diferencial do projeto está em seu fator de sustentabilidade.
Uma das principais funções da tela é ajustar o conforto térmico. Dessa forma, não é necessário investir em ar-condicionado. Você sabia que ele é considerado um poluente atmosférico?
A partir do inovador sistema de refrigeração, foi comprovada uma diferença de dez graus entre o interior e o exterior da casa.
O espaço também funciona como uma área agradável de lazer e descontração. É possível conscientizar a família apenas ao levá-la para jantar ali.
Além do elemento-chave, existem diversos outros detalhes sustentáveis. O jardim é repleto de espécies de plantas que ficam visualmente muito bonitas e, é claro, ajudam o meio ambiente.
Vai aí uma ótima dica para reproduzir em seu projeto: invista nos jardins. Mesmo quando não há muito espaço, existem opções como o jardim de inverno ou jardim vertical. Em um mundo cada vez mais industrializado e, consequentemente, responsável por muita poluição, realize pequenas mudanças que fazem a diferença.
5. A Casa Sem Tijolos, em Curitiba
Já pensou em uma casa sem tijolos? Ela existe!
A ideia surgiu de um grupo de jovens engenheiros e arquitetos do sul do país. Com sede em Curitiba, a empresa vem construindo casas sustentáveis que levam menos tempo para ficar prontas e prometem ajudar muito o meio ambiente.
Não existe tijolo nenhum na estrutura. Ela é feita com madeira autoclavada de reflorestamento e isolamento térmico de lã de vidro ou garrafas PET.
De acordo com os idealizadores do projeto, a obra é realizada em um quarto de tempo de uma obra convencional. Além disso, existe uma economia de 80% de resíduos, o que faz com que a emissão de carbono se reduza também.
Para que o projeto tomasse forma em terras brasileiras, o grupo fez inúmeras pesquisas de tecnologia em diversos lugares do mundo. Foi só na Alemanha, porém, que encontraram inspiração. Após todo o processo de estudo, veio outro desafio: adaptar os recursos à realidade do Brasil.
A questão do preço, por exemplo, foi importante. Ao visualizar uma construção tão inovadora, moderna e com referência direta à arquitetura europeia, é fácil imaginar que os custos seriam maiores, certo?
Errado! O valor da construção sustentável é de aproximadamente R$ 360 mil, quantia que, de acordo com os engenheiros idealizadores, é igual à de uma construção convencional que siga o mesmo padrão.
O projeto, inclusive, está vinculado ao programa "Minha Casa, Minha Vida" do governo. Foram construídas 300 casas a partir da tecnologia eco-friendly, e vem ganhando diversos prêmios ao redor de todo o mundo pela inovação e pelos esforços de ajudar o planeta.
Os benefícios trazidos por projetos sustentáveis
Após visualizar um panorama completo a respeito da arquitetura sustentável e de alguns projetos notáveis, é ainda mais fácil perceber a importância e a responsabilidade dos arquitetos na busca por um mundo melhor e mais integrado com a natureza.
Projetos sustentáveis de arquitetura apresentam inúmeros proveitos para a sociedade como um todo. É importante destacar também que, além de ajudar o meio ambiente, a arquitetura sustentável é um modelo de negócio que vem crescendo e apresenta uma perspectiva muito positiva no mercado.
Pensando nisso, listamos os principais benefícios trazidos por projetos sustentáveis tanto para o meio ambiente quanto para a sua carreira.
Veja quais são eles:
- preservação do meio ambiente;
- redução dos impactos que a poluição provoca;
- aumento na qualidade de vida;
- diferencial de negócio e oportunidade de crescer em um mercado ainda não tão explorado;
- maior satisfação dos clientes;
- valorização imobiliária;
- desenvolvimento e promoção de uma consciência ambiental coletiva.
Diante de tantas vantagens, é essencial difundir cada vez mais o conceito. Nosso planeta vem passando por modificações climáticas sérias que merecem atenção e estudo. Uma forma de fazer isso é desmistificar algumas concepções. Por exemplo: já pensou em tirar da mente do seu cliente que projetos sustentáveis são muito mais caros?
As pessoas podem acabar nem considerando a aplicação de soluções eco-friendly por acharem que são pouco acessíveis. Foque em apresentar fatos que comprovem o contrário. Que tal usar alguns dos que mostramos aqui no nosso post?