Projetos premiados do ES Arquitetura visibilizam questões ecoeficientes
A construção civil é um dos setores que mais impacta o meio ambiente. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis (CBCS), as construções consomem de 50% a 75% dos recursos naturais do mundo, considerando todo o seu ciclo de vida. O campo da arquitetura integra esta cadeia e tem responsabilidade neste complexo contexto, que envolve tantos desejos e interesses.
O arquiteto Diego Espírito Santo tem navegado com competência e responsabilidade, visibilizando as questões ecoeficientes e fazendo do tema fonte de pesquisa e estudos. Não à toa, o escritório acumula diversos prêmios no setor e foi "Destaque Sustentabilidade", na premiação da Portobello - indicado pela Portobello Shop de Criciúma -, que aconteceu na Trend Week, evento anual paralelo à Revestir 2020.
“Esses prêmios são uma afirmação do nosso trabalho a partir do que acreditamos, dos conceitos que aplicamos na arquitetura nesses 18 anos de profissão. Participar de concursos é quase como se colocar à prova e como os projetos ganharam destaque, é um atestado que estamos indo no caminho certo”, afirma Espírito Santo.
MORAR COMO GESTO CONSCIENTE
“A gente aprende na faculdade sobre conforto ambiental, eficiência, qualidade do ambiente e sempre trago essas premissas para os projetos, parece que hoje não estão ensinando muito bem”, dispara. Nos projetos do escritório são aplicados princípios da arquitetura como ventilação cruzada, iluminação natural, soluções inteligentes para tratamento de água, eficiência energética, e outros. Além disso, especificação de materiais com critério, menos poluentes, desde a concepção da obra até o final.
O resultado são construções com menos impactos ao meio ambiente, pensadas com responsabilidade desde o começo para consumirem menos recursos hídricos e energéticos, transformando o morar em um gesto consciente de mudança de hábitos no uso da residência. O ES Arquitetura, que atua com equipe multidisciplinar e sistema de cooperação, acumula prêmios que consideram as questões sustentáveis.
“A gente faz o nosso melhor em parceria com o cliente. Projetos mais qualificados atribuo ao cliente, que assimilou os conceitos com os quais a gente trabalha”, diz o inquieto arquiteto. E completa: “toda vez que a gente faz algo diferente tem que batalhar pra sair do papel e estudar muito, pesquisar. Agora estamos fazendo uma casa de bonecas ecológica, contratado por um arquiteto, isso é muito legal”, conclui.
HOPE DENTAL CENTER
No dia em que estava escrevendo esta matéria saiu a notícia do resultado de mais um concurso internacional de arquitetura. “Este projeto é orgulho do escritório, ganhamos menção honrosa, mas é quase como se fosse o primeiro lugar porque concorremos com profissionais do mundo inteiro”, conta entusiasmado. Trata-se de uma clínica odontológica com alojamento, de 6 mil m², na cidade de Kigali, capital de Ruanda, na África, cujo projeto alia estratégias ecoeficientes com a mão de obra e materiais locais.
A competição é promovida pela Archstorming como mecanismo de mudanças positivas na comunidade e melhora do bem-estar das pessoas para a ONG His Hands on Africa. O objetivo é melhorar o sistema de saúde bucal em Ruanda.
CASA 01
Vencedora do Prêmio Saint Gobain de Arquitetura Sustentável, nas categorias residencial, em primeiro lugar, e destaque sustentabilidade, em 2017, a Casa 01 também participou do Prêmio Mundial Re-Thinking The Future e menção honrosa no The American Architecture Prize, ambos no mesmo ano. Em 2018, foi selecionada para concorrer ao Building of the year 18, concurso promovido pelo ArchDaily na categoria projetos residenciais.
“Música, sentimento, madeira, ar, fogo, água, luz, caminho, busca. E que também fosse um ícone que representasse algo inovador.” Essas foram as palavras expressas pelo proprietário ao arquiteto para o projeto da casa, que teve a participação da arquiteta Vânia Burigo nos interiores e Benedito Abbud, no paisagismo. “Desde a concepção, o trabalho conjunto tinha como premissa a sustentabilidade, tentando provar que é possível construir de maneira racional”, diz Espírito Santo.
Outro destaque deste projeto foi a inovação com o uso de dióxido de titânio no concreto, que tem como função limpar o ar, eliminando o CO2 de 12 carros por dia, segundo os arquitetos. A incidência dos raios ultravioleta em contato com as paredes de concreto da casa faz com que libere radicais livres. Estes decompõem agentes poluentes atuando como um purificador natural do ar.
CASA BLOCO
A Casa Bloco é outro projeto do escritório que participou do 7° Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura, na categoria profissional edificação residencial, cujo resultado ainda não foi divulgado. A obra também foi incluída no concurso internacional Urban Design & Architecture Designer Award 2019 (UDAD), e levou o primeiro lugar na categoria residencial.
O reconhecimento ao projeto pensado para ser de baixo custo, mas com ambientes e conceitos apurados quanto à distribuição das funções espaciais e ao aspecto visual levou à indicação ao prêmio Building of the Year 2020, concurso mundial que encarrega os leitores do portal ArchDaily da responsabilidade de contemplar os projetos que estão causando impacto na profissão.
INTENÇÃO COMPOSITIVA
O uso de blocos de concreto e madeira, sem revestimentos externos, faz parte da intenção compositiva da casa. “Todo o projeto foi pensado com soluções sofisticadas e ao mesmo tempo simples, de fácil execução e acompanhamento no canteiro de obra”, explica o arquiteto.
As técnicas de aproveitamento de água e energia solar aplicadas no projeto incluem o método e o controle dos processos construtivos para a economia no canteiro de obra; o posicionamento solar para melhor aproveitamento da luz e da temperatura interna; esquadrias com aproveitamento total do vão para a iluminação; estudo dos ventos dominantes e a argila expandida (cinasita) na cobertura para isolamento térmico.
ESTALEIRO PIO CORREIA
Com o edifício comercial de 1.065 m2, o arquiteto Diego Espírito Santo empreende pela primeira vez e aguça ainda mais sua verve criativa apostando em um projeto que tem a madeira como protagonista. Localizado em uma antiga zona de mineração, em Criciúma, a edificação tem fundação tipo Radier (distribuir o peso de maneira uniforme), estrutura de madeira laminada, paredes de steel frame e contêineres para aliviar cargas sobre o terreno.
Com escadas e elevadores permeando todos os andares e um hall para cada ambiente, o prédio é acessado pelo térreo com garagem e conta com três pavimentos de salas comerciais, além do ático, dotado de mais um espaço comercial e um deck. O projeto propõe a aplicação de elementos simples, mas que atendem a estética, as questões sustentáveis e inovação no canteiro de obras.
Por este projeto, o escritório levou o primeiro lugar no 6º Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura, na categoria profissional projeto comercial, em 2019.
Integram a equipe do estaleiro Pio Correa Diego Espírito Santo, Dineu Resende Borba Neto, Rodrigo Estrella e Valério Montes D’oca.
BIENAL DE ARQUITETURA
A visibilidade aos projetos do escritório por meio de premiações e publicações levou a Casa Bloco a ser selecionada para integrar o Best International Houses Design, exposição paralela à 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza. A mostra irá acontecer na Scuola Grande di Ns Signora Misericordia, em data ainda a ser confirmada já que todos os eventos foram adiados por conta do COVID-19.
“A expectativa para Bienal é grande, mesmo tendo sido adiada, pra nós é algo grande, nos lança em nível mundial. Já vieram nos procurar lá da Coréia do Sul para participar de publicações”, conta Espírito Santo, que atualmente trabalha em home office e participa de grupos solidários para mitigar as consequências do Coronavírus.