O Prêmio Pritzker, considerado o mais importante da arquitetura, foi criado em 1979 para reconhecer os arquitetos que se dedicam à excelência do trabalho construído e fazem contribuições significativas e consistentes para a humanidade.
Nos últimos anos, o prêmio tem mostrado a tendência de homenagear arquitetos que, além do excelente trabalho técnico, ajudam a minimizar os problemas sociais mais urgentes relacionados à construção e pensam como reproduzir essas soluções da forma mais sustentável possível.
Venha ler um pouco mais sobre a história dos profissionais que receberam o prêmio nos últimos cinco anos!
Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta – 2017
Este ano, o prêmio foi concedido à equipe RCR, formada por Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta. O escritório do trio existe há quase 30 anos, em Olot, na região da Catalunha, onde estão construídas grande parte de suas obras. A cidade é famosa pela bela paisagem e está rodeada por quatro vulcões no Parque Natural da Zona Vulcânica de Garrotxa.
A interação entre escritório e natureza teve influência no estilo e no design do time, que se destaca com projetos modernos e profundamente ligados ao ambiente local. Suas construções demonstram comprometimento com a cidade e sua narrativa, harmonizando transparência e materialidade, e buscam integrar exterior e interior.
Os arquitetos evidenciam principalmente a identidade dos planejamentos com uso criativo de materiais modernos, incluindo aço reciclado e plástico. Entre seus edifícios mais famosos está o La Lira Theatre, na Espanha. Suas obras são sempre fruto de colaboração e serviço à comunidade, entrelaçando arquitetura e seus arredores.
Alejandro Aravena – 2016
No ano passado, o Prêmio Pritzker foi concedido ao arquiteto chileno Alejandro Aravena, primeiro em seu país a receber as honras. Diretor executivo do escritório Elemental, ele é reconhecido por seus projetos socialmente engajados, especialmente as habitações para pessoas em situação de risco.
O júri escolheu Aravena justamente pela sua capacidade de intervir e melhorar contextos urbanos, ajudando a reduzir a crise habitacional em países subdesenvolvidos — onde o aumento da população gera ocupações indevidas que oferecem perigo aos moradores.
O vencedor do Pritzker de 2016 tenta provar que o arquiteto não é o que encarece a obra, mas alguém que consegue usar os recursos disponíveis do melhor jeito, entregando um projeto alinhado com o contexto social em que está inserido.
O júri do prêmio escolheu o chileno de 49 anos para encorajar outros arquitetos a pensar a profissão de modo mais humano, a fim de solucionar problemas que a sociedade enfrenta, e não enfatizar a beleza. O objetivo era nomear um profissional que tem propósitos e desafios pela frente, não apenas um trabalho esteticamente apurado.
Frei Otto – 2015
Em 2015, o prêmio foi concedido ao alemão Frei Otto principalmente pelo seu esforço constante em experimentar e inovar em estruturas leves e tensionadas. Nesse ano, o anúncio foi feito algumas semanas antes do usual porque o arquiteto e engenheiro faleceu a poucos dias da premiação.
Ciente da condição delicada de Otto, a diretora executiva do prêmio, Martha Thorne, visitou-o para anunciar que ele receberia o prêmio naquele ano. Em resposta, Frei disse que nunca fez nada para ganhar prêmios, apenas tentou ajudar pessoas, mas estava feliz.
Geralmente entregue para arquitetos vivos, o prêmio abriu uma exceção em 2015 e Otto foi o primeiro a recebê-lo postumamente. Seus projetos, inspirados no design orgânico, prezavam o uso mínimo de material e a sustentabilidade — antes mesmo de o termo ter o peso que tem hoje. Ele sempre se inspirou nos fenômenos naturais para desenvolver a estética de seus projetos.
Otto contribuiu generosamente para a arquitetura sempre valorizando o trabalho em equipe e a difusão de conhecimento. A maioria das suas obras tinha o objetivo de contrapor o estilo nazista de estruturas pesadas e austeras, usando formas fluidas com materiais econômicos e maleáveis.
Depois da Segunda Guerra Mundial, focou mais em construir abrigos confortáveis que serviam de lar às pessoas que tiveram suas casas bombardeadas durante os conflitos. Assim, ele trouxe dignidade para a população de seu país e mudou a vida de muita gente.
Shigeru Ban – 2014
Ban é japonês e o sétimo arquiteto de seu país a receber o Pritzker. Abriu seu primeiro escritório em Tóquio em 1985 para logo em seguida expandir para Paris e Nova York — cidade onde iniciou sua formação em arquitetura e à qual retornou para trabalhar.
O Prêmio reconhece arquitetos que têm uma boa produção, mas que também fazem uma contribuição significativa para a humanidade, principalmente a população carente.
Ban apresenta as características esperadas de um ganhador do Prêmio Pritzker: se destaca na utilização de materiais recicláveis e reaproveitados na construção de casas, centros comunitários e espaços religiosos para pessoas que sofreram com desastres naturais ou guerras.
Ele esteve presente em Ruanda, Turquia, Índia, China, Itália, Haiti e, é claro, no Japão, enxergando as tragédias como uma oportunidade de trazer soluções criativas e acessíveis para a vida dos atingidos. Ele leva para esses lugares uma visão otimista focada em resolver problemas de estrutura básica.
O arquiteto é reconhecidamente um entusiasta da construção e se vale de materiais diferenciados, da elegância minimalista e da integração entre os espaços internos e externos. Investe em planejamentos com poucas divisões internas, que se integram sem perder a privacidade.
Materiais que tragam transparência e leveza são os seus preferidos e ajudam a dar vida aos projetos. Mas o uso de matérias-primas diferentes pedem um meio apropriado de construir.
Para fazer um telhado de madeira, por exemplo, ele não usou nenhuma cola ou estrutura metálica: apenas o trançado do material serviu como ligação e sustentação. Experiências como esta são as que diferenciam Ban de outros arquitetos. A criatividade é sempre um ponto fortemente explorado por ele para trazer soluções aos projetos.
Toyo Ito – 2013
Toyo Ito é sul-coreano e se mudou para o Japão aos dois anos de idade. Estudou arquitetura na Universidade de Tóquio, onde se destacou na apresentação do seu trabalho de conclusão de curso, que propunha a reformulação do Ueno Park. A tese foi responsável por garantir seu primeiro emprego.
A construção do Taichung Metropolitan Opera House foi, segundo Ito, o auge da primeira parte de sua carreira. O prédio tem uma arquitetura muito particular e levou dez anos para ser planejado e construído. É um excelente exemplo do apreço que o arquiteto e todos os seus colaboradores têm pela estética: as paredes de concreto são curvadas biomorficamente.
Seu interior é feito de formas cavernosas e curvas, proporcionando à plateia uma experiência acústica incrível. O prédio é bastante incomum para o mundo das artes, cujo interior rebuscado é compensado pelo exterior minimalista.
Depois de ter executado esse projeto, Ito decidiu que precisava de um novo rumo para sua carreira e resolveu trabalhar com os atingidos pelo tsunami no norte do Japão em 2010.
Criou um programa chamado “Homes for all”, em que desenvolveu, junto com a comunidade, pequenas construções de três andares que servissem de casas, sede de pequenas empresas e centro de convenções. Diferentes espaços que trazem esperança para as pessoas atingidas pelos desastres naturais e meios para que continuem suas vidas apesar das perdas. Ito também recebeu a medalha de ouro da UIA (União Internacional de Arquitetos) em 2017 pelo conjunto da obra e seu impacto em diversos setores da arquitetura mundial.
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