Palácio de Buckingham: inspire-se na arquitetura e decoração real
Para entender o que há de tão impressionante no Palácio de Buckingham, é interessante lançar um olhar à ficção. A série da Netflix The Crown conta a história da família real britânica desde o casamento da Rainha Elizabeth II, em 1947, quando ela ainda era somente Elizabeth Alexandra Mary.
Embora a série não seja um documentário, a intenção da equipe por trás dela é tornar as locações o mais parecidas possível com os lugares em que aconteceram as histórias contadas. Um dos principais deles, é claro, é a residência oficial da rainha, o Palácio de Buckingham.
Quando aceitou participar da equipe, o designer de produção vencedor do Oscar, Martin Childs, tinha um desafio: ele precisava recriar a estrutura e os detalhes do palácio, especialmente do interior dele, já que a série não tem permissão para filmar nos aposentos do Buckingham de fato — mesmo sendo uma das mais caras produções para TV já realizadas.
Para driblar essa dificuldade, Childs procurou casas de campo pela Inglaterra que conseguissem se aproximar do visual neoclássico do palácio e construiu, alugou e comprou peças majestosas para a decoração.
Em entrevista para a Traditional Home, ele conta: “Uma única casa não tem todas as respostas, por isso o Palácio de Buckingham na série é feito de seis locações e dois sets construídos, um interior e outro exterior”.
Vamos fazer um exercício de imaginação: se você tivesse que escolher locações para simular o Palácio de Buckingham, precisaria ficar atento a algumas características essenciais dessa obra britânica. Veja a seguir quais são elas.
O estilo neoclássico
O estilo neoclássico (do qual falamos um pouco neste post) é uma reação ao Barroco e ao Rococó, manifestações arquitetônicas que imperaram na Europa durante o século XVIII e que, no final desse período, já eram vistas como “exageradas” pelos maiores arquitetos do continente.
O neoclássico, como o nome sugere, é uma reinterpretação da arquitetura clássica — tipicamente relacionada à Roma e à Grécia Antigas. Saem de cena as curvas elaboradas do Rococó na estrutura das obras e entram as colunas e a simetria do neoclassicismo, inspiradas em obras como o Partenon grego.
A Inglaterra investiu fortemente no neoclassicismo. A Enciclopédia Britânica aponta que “por volta de 1800, quase toda a arquitetura britânica refletia o espírito neoclássico”. No Palácio de Buckingham, que ganhou no século XIX o aspecto que tem hoje, não foi diferente.
As próprias dimensões do prédio estão alinhadas à monumentalidade típica do neoclássico: ele ocupa 77 mil metros quadrados. Mas, ainda que seja tão grandioso, mantém um aspecto simples, ornado apenas pelas colunas expostas e detalhes triangulares sobre as janelas.
A decoração suntuosa
A decoração do interior do palácio preserva muitos móveis e tecidos coloridos do século XIX, e uma reformulação do design de interior proposta pelo Rei Eduardo VII traz elementos da Belle Époque, em especial os revestimentos internos com uma paleta entre dourado e creme.
Um destaque são as pequenas salas de recepção decoradas ao estilo chinoiserie, que traz elementos de culturas orientais, especialmente chinesa, como o gosto pela porcelana e pela seda.
Também vale lembrar os jardins, que ficam floridos o ano inteiro. Eles incluem um extenso lago artificial criado no século XIX e são o cenário para as famosas Garden Parties da rainha, que reúnem nobres e outros cidadãos ilustres pelo serviço à comunidade.
Os símbolos reais
O Palácio de Buckingham não deslumbra somente pela arquitetura — trata-se, afinal, da casa de reis e rainhas, e alguns símbolos reais deixam claro que é um lugar especial para a monarquia.
Os portões do palácio são ornados com o brasão do Reino Unido, que traz um leão junto a um unicórnio. O leão coroado representa a própria Inglaterra, enquanto o unicórnio simboliza a Escócia. Ele está acorrentado porque, segundo a mitologia, seria um animal indomável.
E quer saber se a rainha está em casa? Basta checar qual bandeira está erguida no palácio. Se for a bandeira nacional (a Union Jack), ela está ausente; mas, com certeza, está em casa se for o Estandarte Real que estiver erguido.
A história do Palácio de Buckingham
A história do Palácio de Buckingham começa com uma plantação fracassada de amendoins. O Rei James I começou a plantação onde hoje são os jardins reais na esperança de criar bichos-da-seda com ela. Mas ele escolheu a variedade errada de planta e o empreendimento terminou.
O local foi posse de alguns nobres durante o século XVII até chegar às mãos de John Sheffield, que mais tarde se tornaria o Duque de Buckingham. Já havia uma construção no terreno, mas ele preferiu substituí-la por outra, pois considerava aquela antiquada demais.
Uma história de reformas
Essa história de reformas sucessivas acompanha toda a trajetória do que é hoje o Palácio de Buckingham. Em 1761, o Rei George III comprou a propriedade como residência particular da família real (que oficialmente vivia no Palácio de St. James) e a batizou de Casa da Rainha.
Quando o filho mais velho do casal subiu ao trono como George IV, em 1820, desejou transformar a Casa da Rainha em um verdadeiro palácio e incumbiu a tarefa ao arquiteto John Nash.
Foi ele quem anexou duas construções ao lado do prédio principal, formando um U na estrutura, e emprestou as características marcadamente neoclássicas ao palácio, revestido com Bath stone no exterior. O problema foram os custos da grande reforma, que chegaram quase ao triplo do previsto e levaram ao afastamento do arquiteto. Outro profissional, Edward Blore, assumiu as rédeas da construção até 1834.
Foi apenas com a ascensão da Rainha Victoria ao trono, três anos depois, que o Palácio de Buckingham se tornou a residência oficial da realeza. Blore foi requisitado novamente para ampliar as dependências do lugar, que então ganhou os contornos que preserva até hoje, além da famosa bancada em que, durante séculos, reis e rainhas fazem aparições públicas para o povo inglês.
A poluição do século XX exigiu uma troca do revestimento externo, que passou a ser de Portland stone, como permanece até hoje.
Mais reformas à vista
No final de 2016, foi anunciada uma reforma com valor aproximado de R$ 1,5 bilhão no Palácio de Buckingham. O motivo? A segurança da família real. A última reforma estrutural do prédio data de quase sete décadas, e instalações elétricas e hidráulicas da construção do século XVII oferecem risco de incêndio.
O trabalho pela frente é grande — e longo, já que a obra deve demorar dez anos para ser concluída. A Rainha vai trocar de aposentos temporariamente. Neste vídeo, divulgado no começo de 2018, você pode dar uma espiada no progresso que está sendo feito.
Inspirações para você
O Palácio de Buckingham tem 775 quartos, 78 banheiros e 760 portas. Mas mesmo obras tão grandiosas como essa podem servir de inspiração para os seus projetos.
Veja alguns aspectos que você pode adotar para dar um toque de realeza britânica às suas obras:
- tons de vermelho — vale estampá-lo nas almofadas, tapetes ou cortinas. A cor traduz nobreza, vitalidade e, em tonalidades mais escuras, aumenta o aconchego;
- cortinas longas. Antigamente, eram necessárias para proteger do frio. Mas, com tecidos leves, você pode trazer o charme delas até para ambientes mais aquecidos;
- revestimento de Portland Stone, porcelanato ideal para um efeito similar ao do exterior do palácio;
- móveis inspirados pelo mobiliário francês do final dos séculos XVII ao XIX, cheios de curvas e com o aspecto detalhado. Era o estilo favorito do Rei George IV, que repaginou o mobiliário real durante o tempo em que ocupou o trono, no começo dos anos 1800;
- móveis revestidos com veludo. Como detalhamos em um post sobre o assunto, a moda voltou com tudo, e só tem a acrescentar, se for utilizada com elegância.
Gostou de saber mais sobre a história e a arquitetura do Palácio de Buckingham? Compartilhe este post e divida com os amigos o encanto por esse marco da arquitetura inglesa!